O desmatamento caiu 18% na Amazônia Legal no período entre agosto de 2013 e julho de 2014, em relação ao período anterior – agosto/2012 a julho/2013. Os dados estimados foram divulgados ontem (26) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O resultado do mapeamento de 2014 apresentou taxa de 4.848 quilômetros quadrados (km²) desmatados, comparados a 5.891 km² do período anterior.
O desmatamento na Amazônia Legal caiu 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014.O desmatamento na Amazônia Legal caiu 18% entre agosto de 2013 e julho de 2014. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), do Inpe, computa como desmatamento as áreas maiores que 6,25 hectares onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – o corte raso. O cálculo da taxa de desmatamento foi obtida após o mapeamento de 89 imagens de satélite.
A avaliação do Inpe mostra que essa é a segunda menor taxa de desmatamento na Amazônia Legal desde que o instituto começou a medi-la, em 1988, no âmbito do Prodes. De 2004 a 2014, a redução na taxa de desmatamento foi 83%. Naquele ano, o desmatamento foi 27.772 km² de florestas, quando foi criado o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. A menor taxa foi registrada em 2012, quando foram desmatados 4.571 km².
Os Estados que mais desmataram no último período foram o Pará, com 1.829 km² desmatados; o Mato Grosso, 1.048 km²; e Rondônia, com 668 km². Entre 2013 e 2014, o Acre desmatou 312 km²; Amazonas, 464 km²; Maranhão, 246 km²; Roraima, 233 km²; e Tocantins, 48 km². “Apenas os estados do Acre e Roraima apresentaram taxa de crescimento do desmatamento, em relação ao período 2012/2013, de 41% e 37%,respectivamente. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o trabalho agora será de detectar os locais de pressão de desmatamento nesses Estados. “Vamos conversar com os governos estaduais e olhar a fiscalização. Embora do ponto de vista de magnitude, [o desmatamento nesses estados] não seja expressivo, como temos no Pará, em Mato Grosso e Rondônia, tradicionalmente estados mais representativos da pressão de desmatamento, e eles tiveram redução”, disse.
O estado do Maranhão reduziu o desmatamento em 39%, comparado a 2012/2013; Tocantins, 35%; Rondônia, 28%; Pará, 22%; Amazonas, 20%; e Mato Grosso, 8%.
Após anunciar aumento de 29% do desmatamento em 2012/2013, a ministra disse que a redução de 18%, neste ano, deve-se ao trabalho de inteligência na fiscalização e da busca pela regularização ambiental.
“Mudamos o patamar da fiscalização para uma fiscalização preventiva. É um reconhecimento ao trabalho dos fiscais do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], do ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], da Força Nacional e dos sistemas criados para fortalecer a fiscalização ambiental, que estão trazendo resultados”, ressaltou a ministra Izabella Teixeira.
Pouco mais de 172 mil quilômetros quadrados de área desmatada na Amazônia Legal estão em processo de regeneração. Os dados fazem parte do TerraClass 2012.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ressaltou que, desse total, 113 mil km² se mantiveram em regeneração no período de 2008 a 2012. “Isso significa que temos mais floresta em regeneração do que está sendo retirado”, disse ela, explicando que no mesmo período foram desmatados Cerca de 44,2 mil km² na Amazônia Legal, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes).
A pesquisa do TerraClass leva em conta 12 critérios temáticos. Em 2012, além da área em regeneração, que representa 22,92% da área desmatada, cerca de 345,4 mil km² (45,97%) eram de pastos limpos. Pastos sujos eram 50,4 mil km² (6,72%) e agricultura 42,3 mil km² (5,64%).
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, ressalta, entretanto, a expansão agrícola sobre as áreas de pastagens. “Temos um percentual de cultivos relativamente pequeno. Os cerca de 60% que foram transformados em pastagens agora estão alimentando outros usos ou se tornando florestas novamente”, disse ele, e ressaltou que a agricultura ocupou apenas 2% do desmatamento recente, de 2010 a 2012.
Para ele, as políticas públicas de estímulo ao uso de tecnologias da agricultura de baixa emissão de carbono (ABC), como a integração lavoura-pecuária, fizeram com que a agricultura deixasse de pressionar a floresta e ocupasse as áreas de pastagens.
Lopes informou ainda que no dia 1º de dezembro estará disponível na internet, no www.inpe.br/cra/terraclass2012, uma plataforma com a base de dados do TerraClass, com a possibilidade de fazer combinações e cruzar dados também por estados e municípios.
Segundo a ministra, também será possível comparar esses dados com os do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e “integrar as políticas públicas, aperfeiçoando aquilo que vamos recuperar pelo CAR e consolidando as tecnologias ABC, na revisão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima”.