Foi divulgado nesta semana um estudo sobre reversões de proteções ambientais, afetando parques nacionais e outras áreas protegidas globalmente. O estudo, que analisou 125 anos de reversões de áreas protegidas e foi publicado hoje na revista Science, encontrou mais de 3700 reversões promulgadas em 73 países, com 78% dessas reversões ocorrendo desde 2000.
O artigo aponta também que, globalmente, 62% das reversões decretadas estão associadas com a extração de recursos e desenvolvimento em escala industrial, indicando que essas reversões podem comprometer os objetivos de conservação da biodiversidade.
O estudo chega na esteira de um relatório que revelou que quase um milhão de espécies estão em risco de extinção.
Até hoje, os governos designaram quase 15% das terras globais e 7,3% dos oceanos como áreas protegidas para conseguir a conservação da natureza no longo prazo. Apesar dos apelos para acelerar a designação de áreas protegidas para proteger a biodiversidade e reduzir a mudança climática, alguns governos já iniciaram reversões de proteções legais em grande escala. Essas reversões legais, um fenômeno conhecido como recategorização, redução e extinção de áreas protegidas podem acelerar o desmatamento e a fragmentação florestal e as emissões de carbono.
Os autores do estudo documentaram as reversões propostas e promulgadas em duas regiões que estão sofrendo com a rápida mudança da política ambiental: os Estados Unidos e os nove países da Amazônia. O estudo mostra que os Estados Unidos e o Brasil, historicamente líderes em conservação, promulgaram 269 e 86 reversões de áreas protegidas, respectivamente.
O artigo mostra que é necessário uma política estratégica em resposta às reversões para sustentar áreas protegidas efetivas.
Principais resultados da Amazônia
O estudo demonstra que a criação de áreas protegidas não garante proteções futuras. Reversões recentes efetivadas por governos de todo o mundo indicam crescente incerteza para o futuro das áreas protegidas. O estudo lembra que os números globais apresentados são estimativas conservadoras de reversões, já que os documentos legais continuam inacessíveis em muitos países.