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Diário da Amazônia

Feriado relembra 24 anos do massacre de Corumbiara

Hoje, sexta-feira, 9 de agosto, é feriado em Corumbiara onde a população relembra o massacre no município. A data foi instituída para..

Por Redação e Folha do Sul
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Publicado: 08/08/2019 às 16h08min

Hoje, sexta-feira, 9 de agosto, é feriado em Corumbiara onde a população relembra o massacre no município. A data foi instituída para lembrar um dos episódios mais sangrentos no longo histórico de violência no campo em Rondônia.

Na madrugada do dia 09 de agosto de 1995, o confronto entre policiais militares e sem-terra, na Fazenda Santa Elina, explodiu de maneira surpreendente e correu o mundo.

Conflito

O conflito começou quando policiais entraram em confronto com camponeses sem-terra que estavam ocupando uma área, resultando na morte de 10 pessoas, entre elas uma criança de nove anos e dois policiais.

Cerca de 600 camponeses haviam se mobilizado para tomar a Fazenda Santa Elina, tendo construído um acampamento no latifúndio improdutivo. Na madrugada do dia 9, por volta das três horas, pistoleiros armados, recrutados nas fazendas da região, além de soldados da Polícia Militar com os rostos cobertos, iniciaram os ataques ao acampamento.

Mortos

O número oficial de mortos no massacre é de 16 pessoas e há sete desaparecidos. Para os agricultores, entretanto, o número de mortos pode ter passado de 100 pois, segundo eles, muitos mais teriam sido mortos por policiais e jagunços, e enterrados sumariamente. Depois de horas de tiroteio, os camponeses não tinham mais munições para suas espingardas. O Comando de Operações Especiais, comandado na época pelo capitão José Hélio Cysneiros Pachá, jogou bombas de gás lacrimogênio e acendeu holofotes contra as famílias. A chacina ocorreu durante o governo estadual de Valdir Raupp (PMDB), que foi posteriormente eleito Senador por Rondônia.

Mulheres foram usadas como escudo humano pelos policiais e pelos jagunços do fazendeiro Antenor Duarte. A pequenina Vanessa, de apenas seis anos, teve o corpo trespassado por uma bala “perdida”, quando corria junto com sua família. Cinquenta e cinco posseiros ficaram gravemente feridos. Os laudos tanatoscópicos provaram execuções sumárias. O bispo de Guajará Mirim, dom Geraldo Verdier, recolheu amostras de ossos calcinados em fogueiras do acampamento e enviou a Faculté de Médicine Paris-Oeste, que confirmou a cremação de corpos humanos no acampamento da fazenda.

Desde 1985 os camponeses se organizavam, tendo criado as vilas de Alto Guarajús, Verde Seringal, Rondolândia, e mais tarde o povoado de Nova Esperança – posteriormente cidade de Corumbiara. Dez anos depois, foram vítimas da chacina. E até hoje os parentes das vítimas aguardam a indenização.

Penalidades

Cinco anos após o conflito, que resultou na morte do tenente Rubens Fidélis de Miranda e do soldado Ronaldo de Souza, dois sem-terra acusado de executá-los, foram condenados há seis anos de prisão a penas que variavam de 6 a 8 anos e seis meses de prisão. Dois PMs que também participaram do tiroteio pegaram 16 e 18 anos, mas todos já estão em liberdade.

 



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