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Diário da Amazônia

Festejo à De Bubuia: A história musical do jornalista Joel Elias

Pesquisa essas músicas e depois me conta se o Joel é ou não é o jornalista mais musical dessa nossa região.

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Publicado: 30/09/2019 às 10h37min

Quer mesmo saber sobre a obra musical do jornalista Joel Elias do Diário da Amazônia, acesse o youtube e procura a pagina do cantor Amadeu Cavalcante e a música De Bubuia, ou então procura “Banda Negro de Nós” e a música “Festejo”. Aí você vai ver o potencial musical do nosso jornalista, que ainda não foi descoberto pelo mundo musical de Porto Velho. Recentemente Joel foi homenageado como um dos mais importantes compositores amapaenses.

Descubra assim como eu que o cara é fera e que já teve musica fazendo sucesso na Europa e Japão com a “Banda Negro de Nós” porém,  a música que mais me encanta, é a “De Bubuia” gravada pelo Amadeu Cavalcante.

Pesquisa essas músicas e depois me conta se o Joel é ou não é o jornalista mais musical dessa nossa região!

ENTREVISTA

Zk – Por favor, sua identificação?

Joel Elias – Meu nome é Joel Elias dos Santos, nasci em Macapá, à beira do rio Amazonas no mês de julho de 1963. Meu nome foi escolhido pelo meu irmão mais velho que era Botafoguense para homenagear um jogador do Botafogo Joel, só que a estratégia dele deu errada porque sou Vascaíno. Minha infância foi jogando bola com os colegas da minha idade no bairro do Trem.

Zk – Como foi que você entrou para o jornalismo?

Joel Elias – Meu irmão trabalhava no rádio e quem produzia o programa dele era eu escrevendo os textos e selecionando as músicas. Devido à dinâmica do programa o pessoal da TV Amapá o contratou como repórter e por meio dele, entrei para o jornalismo trabalhando no jornal (impresso) Nova Fronteira depois veio o Diário do Amapá do qual fiz parte da equipe da sua criação. Como a equipe era pequena eu fazia quase de tudo polícia, cidade, esporte e até coluna social. Quando o jornal se estruturou, cheguei à editoria geral  onde fiquei por aproximadamente oito anos. Saí do jornal para assumir uma assessoria institucional, no caso, no governo do Amapá. Do governo fui pra Câmara Municipal de Macapá, Assembleia Legislativa e então vim para Porto Velho.

Zk – Vamos dar um tempo na chegada a Porto Velho e voltar a Macapá. Como era ou é a vida noturna por lá. Você era boêmio?

Joel Elias – Desde criança convivi com os boêmios de Macapá, minha casa era frequentada pelo pessoal da música, poesia, artes plásticas etc. Final de semana lá em casa era movimentado, graças ao meu irmão que hoje mora em Brasília o José Edson que é poeta e o outro Júlio Edmilson que me ensinou os primeiros acordes no violão. Por ser muito movimentada aos finais de semana a casa era muito visada também.

Zk – Visada por quem?

Joel Elias – Praticamente todo final de semana a polícia estava lá na frente. Como era tempo do Regime Militar, eles diziam que lá em casa acontecia reunião de comunistas Inclusive, certa vez, eles invadiram a casa e destruíram nossa biblioteca, queimaram os livros, fizeram o maior escarcéu.

Zk – Você primeiro foi músico ou poeta (letrista)?

Joel Elias – Acho que não sou nenhum dos dois. Na realidade, sou mais pro lado da música. Gosto de musicar letras dos outros. Com o passar do tempo fui me enturmando com o pessoal e comecei a participar de Festivais, ganhei alguns. Sempre trabalhava com o parceiro ao meu lado, ele fazendo a letra e eu a melodia ao mesmo tempo, depois ganhei experiência e passei a musicar as letras. Participamos da criação do Movimento Costa Norte que tinha como objetivo fortalecer a música amapaense ou macapaense. Hoje em dia, o artista amapaense quando faz show é casa cheia, graças ao trabalho que fizemos lá atrás.

Zk – Tirando o Marabaixo, existe a música cujo ritmo pode ser considerado do Amapá?

Joel Elias – Nesse Movimento Costa Norte o que, que nós fizemos: Usamos essa questão do Marabaixo pra criar nossa identidade dentro da música regional. E de que forma fizemos isso, usando a percussão que antes não se tinha; o pessoal usava bateria e a partir do Movimento Costa Norte passou-se a usar Caixa de Marabaixo.

Zk – Recentemente você foi homenageado pela sua produção musical em Macapá. Fala sobre essa homenagem?

Joel Elias – A prefeitura lançou um livro com a história de 40 autores amapaenses e eu tive a felicidade de estar inserido entre esses 40. Uma música que fiz com o Rambolde Campo, em 1986 e foi a primeira Marabaixo estilizado, o nome é FESTEJO que conta como era o Marabaixo dançado na casa da Tia Venina. A prefeitura reconheceu esse trabalho como algo relevante pra cultura de Macapá. O livro foi lançado no dia 23 de agosto passado.

Zk – Tem até gravação na Alemanha?

Joel Elias – Pois é. Essa música Festejo foi gravada por vários artistas lá de Macapá entre eles a “Banda Negro de Nós” que teve o primeiro trabalho fonográfico editado pela gravadora alemã Ganzer & Hanke. Esse contrato fez com que o CD denominado “Festejo” (remake do 1º CD da banda) fosse distribuído por todo continente europeu, no Japão e nos Estados Unidos.

Zk – Como você é conhecido no meio cultural de Macapá?

Joel Elias – Lá eles me chamam de “De Bubuia” em referencia a uma música minha para um poema do poeta amazonense já falecido, Anízio Melo. Com essa música ganhamos tudo quanto foi festival, aí a galera passou a me chamar como gozação “De Bubuia”. O Anízio trabalhou a letra com intensão de desmistificar a lenda do Boto. Essa história do Boto namorador na letra ele diz: “Boto molhado não conquista ninguém”

Zk – Fala mais sobre essa música “De Bubuia”?

Joel Elias – De Bubuia foi gravada pelo Amadeu Cavalcante no Rio de Janeiro com produção de Nilson Chaves. Ela tem no arranjo, um solo de Violoncelo na introdução (O arranjo eu fiz de boca, pois na época eu ainda não escrevia partitura), tocado pelo Jaques Morelenbaum que era músico da banda do Tom Jobim e era o maestro do Caetano Veloso, também participa da gravação o Fernando Merlino (tecladista) e o Leandro Braga ambos da banda da Gal Costa (violão).

Zk – Voltando a história da sua vinda para Porto Velho ou Candeias?

Joel Elias – Vim passar o final de ano, aí minha ex-esposa como a família dela é daqui, achou de querer ficar, então fizemos um pacto: É o seguinte, se conseguir emprego a gente fica! Depois da virada do ano em 2009, no primeiro dia que sai atrás de emprego deixei currículo no Estadão, no Diário da Amazônia e fui à prefeitura. Na prefeitura a coordenadora era a jornalista Nara Vargas que ao ver meu currículo disse: Tem vaga pra ti, quer? Ora, é claro que fiquei, trabalhei na comunicação municipal do governo de Roberto Sobrinho até o inicio do prefeito atual.

Zk – Para encerrar?

Joel Elias – Faz algum tempo que faço parte do quadro de jornalistas do Diário da Amazônia. Sou muito grato a Porto Velho por ter me recebido com muito carinho. Obrigado!



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