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Diário da Amazônia

Focos de incêndios aumentam 70% em Rondônia

Inpe apurou que na primeira semana de setembro houve a ocorrência de mais de mil focos de incêndios

Por Redação / Diário da Amazônia
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Publicado: 10/09/2020 às 12h00min

          Na primeira semana de setembro houve ocorrência de mais de mil focos de incêndios no estado / Foto: Roni Carvalho

Nos sete primeiros dias de setembro o Estado de Rondônia registrou um aumento de 70,1% no número de incêndios florestais, comparado ao mesmo período do ano passado. Os números foram apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base nas informações do Aqua do Programa Queimadas, satélite usado pelo Inpe.

O levantamento feito pelo instituto, mostra que do dia 1º até o feriado de 7 de setembro, foram detectados pelo satélite 1.021 focos de queimadas no Estado. Em 2019, no mesmo período, as ocorrências registradas ficaram abaixo de 600, fechando o período com 598 pontos de fogo.

Esse índice coloca Rondônia em quarto lugar no ranking nacional dos estados com maior número de queimadas. À frente, aparecem o Pará, com 2.80 focos, Mato Grosso (2.999) e o Amazonas, com   1.558 ocorrências no mesmo período.

Liderança

Outro dado levantado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e que também chama a atenção, é que 67,30% dos municípios do Estado registraram focos de incêndios na primeira semana de setembro. Dos 52 municípios, apenas 17 ficaram fora da estatística.

Porto Velho continua na liderança com os maiores registros de queimadas, de acordo com o que foi apurado pelo Inpe.  Na primeira semana de setembro, a capital de Rondônia registrou um aumento de 22,9% nos focos de queimadas.

Há um ano, o satélite do instituto captou 134 pontos de queimadas na capital. Em setembro de 2020 esse número subiu para 234 focos.  Além de Porto Velho, os municípios de Cujubim, com 100 registros, Machadinho D’Oeste (88 focos), Candeias do Jamari (80) Nova Mamoré (64) também tiveram aumento nos casos de queimadas no período pesquisado.

Na comparação com outras cidades, a capital de Rondônia ocupa a sétima colocação, atrás de São Félix do Xingu (PA), com 600 focos; Altamira (PA), com 581; Colniza (MT), 270; Novo Progresso (PA), 266. Aripuanã (MT), 255; e Apuí, no Amazonas, que registrou 243 focos de incêndios no período pesquisado.

                        Porto Velho continua na liderança com os maiores registros de queimadas / Foto: Roni Carvalho

TIs e UCs

Outro dado preocupante é que os focos de incêndios florestais têm aumentado também dentro nas Terras Indígenas e nas unidades de conservação do Estado. Na apuração feita pelo Inpe, dos 1.021 focos de queimadas 7,24% foram ocorrências registradas em áreas indígenas. A mais atingida foi a Reserva Roosevelt com 15 focos de incêndio. Na sequência vem as TIs Rio Branco (15), Pacaaás Novas (7), Aripuanã (7), Uru-Eu-Wau-Wau (6), 7 de Setembro (5) e Karipuna (3).

Já os incêndios dentro das unidades de conservação, representaram 8,91% do total dos focos de queimadas no período. As mais impactadas foram a Resex Jaci-Paraná (76 focos), Resex Rio Preto-Jacundá (5), Parque Estadual Guajará-Mirim (3), Resex Angelim (3), Resex Pedras Negras (2) e Resex Pacaás Novas (2).

Monitoramento

O Programa Queimadas surgiu oficialmente em 1998, ampliando o monitoramento da Amazônia brasileira que o Inpe começou a realizar em 1988, porém com olhar atento apenas ao desflorestamento da região. Com o programa se passou a identificar também ações de queima na floresta, bem como incêndios em qualquer parte do país. Com a melhoria das tecnologias, satélites mais precisos e acesso a dados em tempo real, o programa vem sendo constantemente aprimorado.

Na década de 1980 as informações eram difundidas por meio do telex, com a internet hoje se tem o acesso a dados em tempo real. O Programa Queimadas trouxe consigo a possibilidade de pôr em evidência a relação entre as queimadas e as mudanças climáticas. Com ele se mostrou a dimensão das queimadas, do desmatamento no Brasil já décadas atrás, com impactos extremamente relevantes dos pontos de vista ambiental, climático e científico.

Para os pesquisadores do instituto, o monitoramento de queimadas através de imagens de satélites é indispensável em um país como o Brasil, com dimensões continentais e muitas regiões remotas, sem meios intensivos de acompanhamento.

O Programa Queimadas do Inpe atualiza informações sobre focos de fogo a cada três horas diariamente / Foto: Roni Carvalho

O Programa Queimadas atualiza informações a cada três horas, diariamente. No total, são processadas cerca de 250 imagens por dia, produzidas por dez satélites distintos. O programa consolida todas as informações em um relatório diário automático, com tabelas e gráficos que permitem o uso inteligente das informações para trabalhos de combate aos incêndios, especialmente por grupos de brigadas de bombeiros e por secretarias de meio ambiente.

No contexto do Projeto Monitoramento Ambiental por Satélites no Bioma Amazônia (MSA), financiado pelo Fundo Amazônia e executado pelo Inpe em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o instituto aperfeiçoou o monitoramento de focos de queimadas e incêndios florestais na Amazônia, Cerrado e países vizinhos, com a inclusão de novos satélites no sistema e da reconfiguração da maioria das dezenas de seus produtos.

Como parte da execução do trabalho, o website do Programa Queimadas foi inteiramente atualizado para melhor oferecer toda e qualquer informação desde focos de calor, incluindo área queimada e risco de fogo. Foi reestruturado também para atender demandas específicas de usuários, como o Cima Virtual, sistema de monitoramento e apoio ao Centro Integrado Multiagências, de Coordenação Operacional e Federal em Brasília e que integra dados derivados de satélites com informações, fotos e detalhes das equipes que estão em campo combatendo o fogo, em tempo real.



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