A deflagração ontem da terceira operação policial no Ministério do Trabalho mostrou o total desrespeito com a pasta nessa reta final do governo do MDB. Criada para proteger o trabalhador, o ministério serviu nos últimos meses de escândalos de fraudes envolvendo a participação de sindicatos.
Até recentemente, o Ministério do Trabalho era visto pela sociedade como um órgão de pouco relevância dentro do contexto político e existia apenas para indicações políticas de partidos que integram a base de sustentação de um governo. A situação da pasta complicou no governo do presidente Michel Temer e tudo começou quando a pasta foi cair na mão do PTB, partido controlado pelo mensaleiro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Relatório em poder da Polícia Federal revela que os interesses políticos norteiam os trabalhos da Secretaria das Relações do Trabalho, contaminando todo o processo de concessão de registros sindicais, com fins de recebimento de vantagens, sejam elas políticas ou econômicas. Além de contaminar todo o processo, os fortes indícios de fraudes enfraquecem os sindicatos, que foram constituídos com a missão de garantir a proteção aos trabalhadores perante as classes patronais.
As fraudes, segundo investigadores da Polícia Federal, consistiam em fraude na tramitação de registros sindicais atendendo demandas de políticos ligados ao PTB e ao Solidariedade, confecção de notas fraudulentas e pagamento de propinas. A ação policial resultou no afastamento da alta cúpula do Ministério do Trabalho e, mais uma vez, denegriu a imagem do Brasil junto às organizações internacionais.
Até sindicatos de Rondônia foram inseridos no mapa nacional dos escândalos e tiveram o registros suspensos até o final das investigações. Entre os sindicatos proibidos de emitirem certidões sindicais e alvos de investigação, segundo apurou matéria recentemente publicada no Diário, estão o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Rondônia (Sinderon); Sindicato dos Professores de Instituições de Ensino Superior Privadas do Estado de Rondônia (Sinporoesron); Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais de Machadinho (Simtran) Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Rondônia (Sindhotel) e Sindicato dos servidores municipais do Cone Sul (Sindsul).
Nesse momento preliminar de investigação, é preciso ter muita cautela e não significa dizer que todos são culpados. O caso ainda é motivo de uma longa apuração e requer muito tempo e paciência. Sem dúvida os culpados devem ser punidos e afastados imediatamente de suas funções. Não merecem representar a classe trabalhadora e estão longe do objetivo de atuar em defesa dos operários.
