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VARIEDADES

Freddie Mercury: Rami Malek apaga erros grotescos do filme

Falhas históricas e cronológicas são graves, mas só vai atrapalhar quem é muito fã do Queen; Atuação do protagonista é realmente incrível

Por R7
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Publicado: 05/11/2018 às 14h26min

Rami Malek interpreta Freddie Mercury durante o Live Aid

Bohemian Rhapsody, filme que mostra a trajetória de Freddie Mercury, não é nem de longe perfeito. Tem vários erros históricos e cronológicos que dão raiva em quem é um fã de verdade do Queen. E não são erros bobinhos, não. Alguns são graves, feios mesmo, além de facilmente evitáveis. Até porque foi produzido por Brian May e por Roger Taylor, até hoje integrantes da banda. Isso seria motivo para desancar a produção com milhões de críticas. Acontece que o longa tem um sujeito chamado Rami Malek, que interpreta Freddie, e ele, no momento em que entra em cena, faz você deixar todas as imperfeições de lado.

O filme começa muito cedo, antes de Freddie entrar para a banda. Já mostra que ele tinha alguns problemas de relacionamento na família, originária de Zanzibar. Farrokh Bulsara, que mais tarde adotou o nome de Freddie Mercury, era um sujeito que queria um pouco mais da vida do que a vidinha normal que seu pai, mãe e irmã levavam. A maneira que conseguiu realizar isso foi entrando para a banda Smile, que já tinha o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor e que, mais tarde, por sugestão do novo cantor, passou a se chamar Queen.

Já nesse momento do longa, Ramy Malek começa a mostrar sua grande performance. Com trejeitos, olhares, modo de falar e de andar, o ator realmente incorpora o cantor do Queen. Ajudado por uma prótese que deixou seus dentes protuberantes como os de Mercury, Malek chegou próximo da perfeição.

E, veja, interpretar Freddie não é algo muito simples. Porque não é apenas “ser” o vocalista quando ele está fora do palco. Quer dizer, Malek vive Mercury andando pelas ruas, ensaiando com a banda, conversando com a namorada, falando com a família e coisas assim. Mas, além deste, há outro grande desafio: interpretá-lo no palco, cantando, dançando, agitando o público e onde Freddie era o melhor naquilo que fazia. Ele não era um frontman qualquer, mas sim um dos maiores de todos os tempos. Já houve eleições entre críticos e público o colocando como o maior da história. Assim, dá para perceber que a missão era complicada.

O Queen em Bohemian Rhapsody

Como filme, Bohemian Rhapsody não chega a ser sensacional. Essas biografias de músicos são meio complicadas e dá para contar nos dedos de uma mão aquelas que valem realmente a pena. E é difícil reproduzir uma vida inteira em cerca de duas horas. Assim, há passagens apressadas da vida de Freddie, como sua relação com a família, que é apenas pincelada. A revelação de sua homossexualidade também não é mostrada muito bem, meio por cima, meio rápida demais, um tanto quanto chapada.

Além disso, há os erros de cronologia e históricos, que comprometem a qualidade para quem é fã de verdade do Queen. No longa, a banda tocou no Rock in Rio ainda nos anos 70, quando todos sabem que o festival aconteceu em 1985. Há músicas que a banda toca que só seriam lançadas anos mais tarde. Outro erro é quando Freddie assume seu famoso bigode nos anos 70, sendo que ele só passou a usá-lo já nos anos 80. Há outros enganos que quem conhece bem a história do grupo vai perceber.

Mas, como está escrito lá em cima, Bohemian Rhapsody tem uma coisinha louca chamada Rami Malek. Ele está presente em todos esses momentos de “erros” e vê-lo em cena faz você passar por cima das falhas. Malek dá tudo o que tem em cima do palco, no estúdio, ou como o Freddie dos anos 70 ou o dos anos 80.

O Queen na vida real

Com essa receitinha de biografia + música + astro de rock, Bohemian Rhapsody vira uma espécie de Sessão da Tarde. Não tem nada excepcionalmente pesado, apesar da história trágica de Mercury com a Aids, e é completamente para cima. Com apresentações sensacionais do Queen chegando até o Live Aid, um momento arrebatador na carreira da banda. Duvido não escorrer uma lagriminha se você tem um mínimo de sangue nas veias.

E não será surpresa ver Rami Malek concorrendo ao Oscar no ano que vem.



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