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Diário da Amazônia

General defende investimento em educação na luta ao narcotráfico

Criador da Senad alerta para risco da supremacia da repressão com órgão no bojo do Ministério da Justiça

Por Assessoria
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Publicado: 22/12/2018 às 08h00min

O narcotráfico movimenta cerca de R$ 17 bilhões por ano, com captação extremamente lucrativa, e a dinâmica de alimentação do crime penetra em praticamente todas as camadas da sociedade. A venda local de drogas e as rotas internacionais são consideradas as maiores fontes de recursos do crime organizado.

Os dados
surpreendentes foram apresentados pelo general da Reserva Alberto Mendes Cardoso, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (Governo FHC) , fundador da Agência Brasileira de Inteligência e da Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas.

Fotos – Rafaela Gonçalves

Um dos maiores especialistas hoje no assunto, o general Cardoso ainda cita que os crimes contra empresas e a população também são alternativas de renda do esquema grandioso e transnacional, gerando o sentimento de insegurança constante vivido pela população. Os dados foram apresentados no 14º ENECOB – Encontro Nacional de
Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros, realizado nas últimas terça e quarta-feira no Brasília Palace Hotel.
De acordo com o militar, cerca de 80% a 95% dos crimes violentos registrados em 2017 no Rio de Janeiro tiveram ligação direta com o narcotráfico. O Rio é a vitrine internacional do Brasil e foco de levantamento de dados sobre criminalidade de órgãos oficiais e entidades civis.

O lucro da atividade depende da sua situação de ilegalidade. O General reforçou a importância sobre a prevenção do uso de drogas e um olhar mais atento do Estado a políticas eficientes de educação. “Eu sou a favor da liberação do uso de drogas e da legalização do comércio, desde que as instituições cumpram o dever ético de dar condições para a juventude brasileira se capacitar para discernir seus malefícios” disse.

Para ele, a chave está em municipalizar as ações preventivas: “Nos falta um pouco de mentalidade de Estado brasileiro, raciocinamos muito com aqueles segmentos de governos e por força disso há uma dificuldade muito grande dos governos que se sucedem manterem uma política que dê valor a política de Estado. Assim acontece com
a política da prevenção do uso de drogas, mesmo porque ela faz parte de uma política de educação” acrescentou.

A Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), que foi criada pela medida provisória nº 1669 de 1998, foi transferida para o Ministério da Justiça em 2011 e acabou não dando continuidade às políticas de educação e capacitação dos jovens.

“A Senad foi criada e mantida na Presidência da República por uma razão forte, que era ela ter um status supra-ministerial. Estou um pouco preocupado com o que está acontecendo, já que ela pode ser mantida no Ministério da Justiça. Quando um órgão de prevenção basicamente educativo se junta a um órgão de repressão, há uma tendência muito natural para o órgão de repressão ter supremacia.” , ressalta o General Cardoso.



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