Brincadeiras, troca de experiências e uma extensa pauta de reivindicações, assim foi a programação do Dia das Crianças para 130 meninos e meninas, entre 9 e 13 anos, que vivem em três assentamentos dos municípios de Nova União e Mirante da Serra.
Os Sem Terrinha, como se auto-intitulam as crianças que vivem em assentamentos e acampamentos de reforma agrária, ficaram alojados nos dias 10 e 11 na Escola Paulo Freire, do Assentamento Palmares, município de Nova União, e puderam vivenciar uma programação lúdica, mas recheada de conceitos de cidadania e lutas por direitos.
No dia 11, tiveram uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Nova União, para a qual foram convidados os prefeitos, vereadores, e os secretários de educação e saúde de Mirante da Serra e Nova União, pois os três assentamentos estão nas áreas de abrangência destes municípios. Na audiência participaram apenas uma vereadora, o prefeito e a secretária de educação de Nova União que ouviram as reivindicações apresentadas por três crianças.
Apesar de ter participado apenas do início da audiência, o prefeito de Nova União, José Silva, disse que eventos como este são importantes para a formação política das crianças, que aprendem desde cedo o conceito de cidadania.
Na pauta de reivindicações estavam a construção de uma escola, organização e funcionamento dos laboratórios de informática, contratação de monitores para os ônibus escolares, aquisição de imobiliário para as escolas, acesso a serviço odontológico para os alunos e funcionários, atendimento adequado a alunos especiais e seus familiares, entre outras necessidades. Também foram denunciados crimes ambientais nas reservas dos assentamentos e o repúdio ao projeto de ensino a distância para a área rural.
A aluna da escola Paulo Freire, M.S., de 9 anos, contou que gostou muito de estar com mais crianças de sua idade que vivem a mesma realidade. “Aqui posso aprender brincadeiras novas e também saber as dificuldades que meus amiguinhos passam na escola e no assentamento onde vivem”. A educadora Nair Dávila, atuante há 18 anos na Escola Paulo Freire, acredita que este encontro entre as crianças, de diferentes assentamentos, ajudam a reforçar suas raízes e a união entre elas. “Momentos como estes fazem com que estes alunos entendam sua história e aprendam a valorizá-la”, afirmou a educadora.
Depois da audiência na Câmara os Sem Terrinha realizaram uma caminhada pelas ruas principais de Nova União, onde puderam expor para a população as suas reivindicações. (AI)