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Diário da Amazônia

Livro: Porto, Velho Porto – Histórias da cidade onde nasci e vivo

Nesta edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro de minha autoria, que está prontinho para ser publicado,..

Por Silvio Santos
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Publicado: 08/05/2019 às 16h53min | Atualizado 08/05/2019 às 17h14min

Nesta edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro de minha autoria, que está prontinho para ser publicado, “PORTO, VELHO PORTO – HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI E VIVO”.

São histórias que pesquisei em publicações de vários autores que se preocuparam com a nossa história como Esron Menezes, Amizael Silva, Abnael Machado de Lima, Yedda Bozarcov, Manoel Rodrigues, Hugo Ferreira e em especial do meu amigo professor Francisco Matias, porém, a maioria das histórias relatam fatos vividos por mim, já que apesar de ter nascido no Distrito de São Carlos, vivi minha infância, adolescência e vivo até hoje, em Porto Velho.

Muitas das histórias que os amigos tomarão conhecimento a partir de hoje, são exclusivas, pois foram vividas por mim, como é o caso do “Trem da Feira” e muitas outras. Infelizmente pelas normas acadêmicas, meu livro não pode ser considerado como de História, porém, as histórias nele contidas podemos garantir, a maioria. foram vividas por mim e as demais, fruto de dias e dias de pesquisas.

Nesse local funciounou a Feira Modelo que recebia os produtos trazidos no Trem da Feira da EFMM

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O TREM DA FEIRA

 

A Estrada de Ferro Madeira Mamoré apesar dos ingleses a abandonarem em 1931, alegando que a mesma era deficitária, após passar a ser administrada pelo governo brasileiro passou a exercer realmente, o papel social motivo de sua construção, que era promover o escoamento dos produtos produzidos na Bolívia e dar assistência às várias vilas que se formaram ao longo de sua linha férrea como Santo Antônio, Teotônio, Jacy Paraná, Mutum, Abunã, Vila Murtinho, Colônia do Iata e tantas outras.

Porto Velho cidade que nasceu graças à construção da ferrovia, tão logo passou a categoria de município em 1914, foi agraciada com a construção do Mercado Municipal e também passou a contar com as famosas feiras livres.

A primeira feira livre de Porto Velho foi montada justamente onde hoje é a Praça Getúlio Vargas em frente ao prédio onde até bem pouco tempo funcionava como Palácio Presidente Vargas sede do governo de Rondônia e hoje abriga o Museu da Memória Rondoniense.

Foi nessa feira, que juntamente com minha mãe, passamos a trabalhar como vendedor de SACO que era feito com as folhas de saco de cimento enquanto minha mãe dona Inez Macêdo mantinha uma “BANCA” de venda de comida isso no ano de1951.

Assim que o Palácio Presidente Vargas foi inaugurado, a feira foi transferida para o local onde hoje fica a Rua Euclides da Cunha (na época Rua do Coqueiro) no espaço entre o Clube Ferroviário (na época era o Clube Internacional) e a Ceron (na época Usina do Salft). Em 1958 o governador Ênio dos Santos Pinheiro inaugurou a Feira Livre com o nome de “Feira Modelo” num galpão construído onde hoje é o Mercado Central na Rua Fraquear.

Nossa casa ficava exatamente ali, onde existe uma parada de ônibus em frente ao Mercado Central. Por detrás do nosso quintal, toda quinta feira, estacionava o TREM da FEIRA. O Trem da Feira trazia produtos dos agricultores que moravam do KM 25 – Teotônio, até Porto Velho, os produtos eram Farinha, Feijão, Arroz, Banana, Carvão, frutas de um modo geral, Milho e muitos outros.

O Trem da Feira era fonte de renda não só para os ferroviários e agricultores, mas, para uma gama considerável da sociedade como carroceiros, carregadores, atravessadores, vendedores ambulantes, além é claro, de beneficiar o comércio, já que os agricultores com o apurado com a venda de seus produtos, compravam no comercio de Porto Velho.

O Trem da Feira fazia a viagem de volta no sábado pela manhã. Com a desativação da Madeira Mamoré as colônias que existiam ao longo da ferrovia de Porto Velho a Teotônio deixaram de existir. Vale salientar que Teotônio era o maior produtor de farinha de mandioca de Rondônia. Quem viveu aquele tempo, com certeza lembra da Farinha do “seu” Jorge Alagoas.

A LANCHA DO BERADÃO

A Lancha do Beradão trazia os produtos dos ribeirinhos que residiam entre São Carlos e Porto Velho

Assim como a Madeira Mamoré mantinha Trem da Feira, o governo do Território Federal do Guaporé/Rondônia colocava a disposição dos ribeirinhos que mantinham propriedades entre Porto Velho e São Carlos, a famosa “Lancha do Beradão” administrada pelo Serviço de Navegação do Madeira – SNM.

A Lancha do Beradão saia do Porto do SNM que depois passou a ser denominado de ENARO, quinta feira a tarde e na Sexta Feira, carregada com os produtos dos agricultores do Baixo Madeira (de São Carlos a Porto Velho), atracava por volta do meio dia em Porto Velho e os produtos como Macaxeira, Banana, Açaí, Bacaba, Peixe Salgado, caça como paca etc. além de farinha, milho e feijão verde.

A Lancha do Beradão retornava com os ribeirinhos sábado, após o meio dia. Vale salientar que o frete era grátis.

PORTO VELHO HOTEL

Prédio do Porto Velho Hotel na década de 1950. hoje funciona a reitoria da UNIR

O Prédio do Porto Velho Hotel (hoje UNIR – Centro) foi projetado pelo arquiteto Leogrin de Vasconcelos Chaves, do Rio de Janeiro que o projetou com linhas sóbrias e graciosas em estilo neocolonial.
O inicio de sua construção data de 1.948, no governo de Joaquim Araújo Lima. Seu término aconteceu em 1.953 no governo de Jesus Bulamarque Hosana. A firma Belmiro Galloti foi quem assumiu a empreitada pela construção e na época o Diretor de Obras (hoje seria secretário) era o arquiteto Leonardo R. Carvalho que supervisionou a obra, auxiliado pelo engenheiro Carlos Sales.
O historiador Antônio Cantanhede escreve: “Trata-se de edifício de grande porte que terá 30 quartos e 20 apartamentos, além de salões e diversos serviços”. E acrescenta “a área coberta, é de 1.780m2”.

O prédio foi inaugurado no dia 20 de janeiro de 1.953, ‘às 10 horas e 30 minutos, com a presença do governador do Acre, João Kubitschek, convidado especial do governador Hosana para descerrar a fita com as cores nacionais. Às 22 horas, o salão abriu-se para uma noite de gala. “Foi um baile suntuoso, com smoking e longuinho” escreve Yedda Borzacov.

Com a construção do Porto Velho Hotel o governo do Território Federal do Guaporé preencheu uma grande deficiência existente na cidade; a ausência de hotéis. Naquela época, só existia o Hotel Brasil, casarão de madeira construído pela administração da EFMM, em uma área que se localizaria hoje entre as ruas Henrique Dias e José do Patrocínio, em frente ao Memorial Jorge Teixeira e a residência do comandante do 5º BEC.

O governo do Território, proprietário do Porto Velho Hotel, para fazê-lo funcionar, arrendava-o a pessoas de sua escolha. Assim, foram arrendatários: Senhor Henrique Valente, no período de 1953 a 1961; Senhor Abelardo Townes de Castro, no período de 1962 a 1963 e Senhora Nilce Guimarães, no período de 1964 a 1969.
Não se conhecia a figura do gerente, a não ser no governo do Major José Campedelli, em que foi nomeado Carlos Augusto Halói para administrar ou gerenciar o estabelecimento.

Quando o hóspede era oficial, o governo assumia a despesa com uma porcentagem de abatimento, conforme constava no contrato de arrendamento.
Quando se falava em Porto Velho Hotel, sentia-se o sabor de elite social. Hospedava-se ali a classe média, pessoas tais como; políticos, autoridades vindas de outras unidades da Federação, empresários, engenheiros construtores da BR-29 (hoje 364); visitantes turistas, viajantes, etc.

Era uma clientela distinta. Pode-se afirmar que era um hotel com certo luxo. Ali se reuniam as personalidades da cidade.
O Porto Velho Hotel também preencheu uma lacuna grande na vida social da cidade, consternada com a demolição do Clube Internacional, situado onde hoje é o clube Ferroviário, na Av. 7 de Setembro.
Nos seus salões realizaram-se muitos bailes elegantes. Funcionava o requintado bar “Abunã” e uma boate denominada “Urucumacuã”.
No governo do Cel. João Carlos Mader, em 1965, houve a elaboração de projeto que alterava a estrutura arquitetônica do prédio, acrescentando-lhe mais um pavimento. Ao ser informado do fato, o arquiteto José Otino de Freitas protestou veementemente. Felizmente foi atendido.

O Porto Velho Hotel foi desativado no segundo governo do Cel. Carlos Marques Henrique em 1974, considerando que sua existência já não mais tinha razão de ser, pois surgira os Hotéis Vitória; Selton Hotel e Floresta Hotel.

Em 1975, durante o governo do Cel. Humberto da Silva Guedes, o prédio sofreu uma reforma para sediar o “Palácio das Secretarias” e, em 1979, no inicio do governo Jorge Teixeira – Teixeirão abrigou algumas secretarias até a inauguração do que ficou conhecido como “Esplanada das Secretarias”, no espaço onde hoje funciona o CPA – Palácio Rio Madeira.

Mais tarde acolheu a FUNDACENTRO, que se transformou na Fundação Universidade de Rondônia – UNIR, implantada por Euro Tourinho Filho, seu 1º Reitor e Raymundo Nonato Castro, seu 1º Vice-Reitor.
Na década de 1970 funcionou a famosa “Varanda Tropical do Porto Velho” e foi justamente na Varanda Tropical que o conjunto Bossa Nova integrado pelo Ricardo (bateria), Bainha, Cabeleira e Leônidas (percussão); João Henrique – Manga Rosa (sax e flauta), Paulo Santos (violão) e Dinoel (guitarra), ficou conhecido pelo público de Porto Velho.

Hoje é a sede da reitoria da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR



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