Contrariando as manifestações populares e os dados que apontam não haver déficit na previdência, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), em viagem oficial a Nova York, anunciou que vai procurar governadores para convencê-los a apoiar a reforma previdenciária. Maia admitiu que o governo precisa ainda de 70 a 80 votos para que a proposta seja colocada em votação com chances de ser aprovada.
Em dezembro, ao constatar que ainda não tinha os 308 votos necessários para aprovação da proposta, o governo decidiu adiar para fevereiro a votação e o presidente da Câmara definiu cronograma que começa com a discussão da proposta em Plenário, a partir de 5 de fevereiro, e votação em primeiro turno em 19 de fevereiro.
Rodrigo Maia disse acreditar na possibilidade de aprovação, mas admitiu a necessidade de recomposição da base do governo, reduzida em razão das votações das denúncias contra o presidente Michel Temer e pelo fato de 2018 ser um ano eleitoral.
“O governo terminou 2016 com uma base de 360 deputados e acabou com 250 depois da segunda denúncia. É preciso mais 80 deputados parar ter o conforto de ir a plenário. E em ano eleitoral, se não houver clareza de que há uma base sólida para votar, muitos acabam nem comparecendo”, explicou.
Maia ressaltou a importância de engajar os governadores em torno da reforma. Em dezembro, ele já tinha conversado sobre o tema com os governadores Fernando Pimentel, de Minas Gerais, e Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro.
“Vamos precisar de diálogo e envolvimento de governadores, que serão beneficiados. Este ano cinco Estados não pagaram o 13º salário do funcionalismo público e não existe solução a curto prazo se não reestruturarmos as contas públicas”, disse.
Rodrigo Maia participa, até quinta-feira de uma série de encontros oficiais com autoridades, políticos e empresários nos Estados Unidos e México. Ontem ele se reuniu com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para discutir a questão dos refugiados venezuelanos na região Norte do País. A agenda dele também prevê encontro com empresários americanos e com lideranças políticas. Na quinta-feira, Maia participa da Conferência Latino-Americana do Banco Santander, em Cancún, no México.