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Plantão de Polícia

Dois vereadores são implicados na Operação Assepsia

Além dos dois vereadores, outro candidato, que não foi eleito, recebiam repasses de combustível do Sindicato

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Publicado: 05/06/2017 às 11h54min | Atualizado 05/06/2017 às 17h29min

As prisões de Joseph Newton e Geraldo Martins, ex-presidentes do Sindicato dos Servidores Municipais de Ji-Paraná, na operação Assepsia, ocorrida em 14 de fevereiro deste ano, foi apenas mais um passo no que deve ser o desvendamento de um esquema criminoso que envolve políticos em atividade na cidade de Ji-Paraná.

A equipe do programam “Plantão de Polícia” da RedeTV de Ji-Paraná teve acesso a trechos dos depoimentos de  Joseph e Geraldo dado aos delegados responsáveis pela investigação, nos quais os acusados apontam repasse de recursos do Sindicato para efetuar a compra de combustíveis para ajudar nas campanhas dos vereadores eleitos Marcelo de Lemos e Josiel Carlos de Brito, assim como para o candidato não eleito, Aureo Guimarães, popularmente conhecido como “boto”.

Repasses

Geraldo Martins, ex-presidente do Sindicato, durante depoimento. (Imagem: Reprodução)

Perguntado sobre como funcionava o esquema para fazer o repasse do combustível para o vereador Josiel, o ex-presidente Geraldo disse: “A menina [frentista do posto de gasolina] me dava uma requisição de quatrocentos litros de gasolina. Aí eu entregava paro o Joseph, que dizia: deixa que vou resolver. Eu não sabia que era para o Josiel. Um dia, né, numa segunda, eu falei para o Joseph: ‘você resolveu?’ Ele disse: ‘tá, tá resolvido’. Então venha aqui para você pegar a requisição.  Ele falou: ‘não, vai lá na casa do Josiel e entrega para ele'”, contou Geraldo.

Perguntado sobre como funcionava o esquema de repasse para  “boto’, Geraldo explicou da seguinte maneira: “Como ele era servidor [público], né, aí o Joseph falou: ‘não, nós temos que ajudar o servidor e tal…’. Ele contava que o boto já estava eleito também. Ou seja, se o boto ganhar a eleição, vai dar uma força para nós.

Geraldo contou que só repassou a requisição para o vereador Marcelo, na época da campanha. “Foi comprado gasolina para ele também. Depois o Joseph conseguiu gasolina para ele com um empresário. Eu entreguei a requisição pro Marcelo. O Marcelo mandou o cara ir lá no posto e pediu para colocar a gasolina nos galões. Foi uma média de uns 500 a 400 litros de gasolina (…) Ele [Marcelo] falou eu ‘entreguei a requisição para os índios e mandei eles pegar lá’. Só falou assim para mim, que eu lembro agora”, contou.

Investigado (mais…)

Joseph Newton, articulador do esquema de desvio no Sindicato, durante depoimento. (Imagem: Reprodução).

O vereador Marcelo de Lemos já está respondendo a um processo na Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em função de acusações de compra de voto e também pelo uso de combustível doado pelo Sindicato. No último dia 26 do mês passado, Joseph foi ouvido em uma audiência realizada no TRE e voltou a afirmar que o vereador, de fato, foi beneficiado com combustível bancado pelos cofres do Sindicato. “O candidato Marcelo, eu tenho certeza, foram mais de mil litros. E tem um percentual repassado através de uma empresa (que vinha sendo feito o repasse, segundo ele, desde o mês de janeiro de 2016 até os dias da campanha) para a campanha do Marcelo. O objetivo era ele ser eleito presidente ou como líder do prefeito na Câmara”.

Sobre o valor que a empresa repassava à Marcelo, Joseph disse: “Era 10% do valor que era pago para uma empresa, a Pró-Dente. Eu sei, porque vários desses cheques eu troquei. O Geraldo pegava o cheque, tinha que descontar o cheque para o pagamento de várias pessoas, ele levava para mim. O banco tava fechado. E, como eu troco cheque na cidade, eu os trocava a 0,33% (juros) ao dia”, acrescentou.

Projeto

Marcelo e Josiel eram apoiados para também tentar eleição à presidência da Casa de Leis, segundo Joseph. (Foto: divulgação).

Ainda no depoimento, Joseph voltou a lembrar a razão do porquê estavam apoiando os candidatos com os repasses de combustível.  “Já tinha sido pré-definido que dois candidatos iriam ser apoiados, e um desses dois tinha que ser presidente da Câmara”, contou.

Josiel

Sobre o vereador Josiel, Joseph disse que os repasses de combustível ocorriam desde abril do ano da campanha (2016). “Foi passado, desde abril, 400 litros de gasolina para ele (mensal)”, afirmou.



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