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Melatonina ganha terreno no Brasil com promessa de benefícios

O que ainda não está padronizado pela comunidade médica é o uso terapêutico do hormônio.

Publicado: 27/05/2019 às 11h48

A melatonina foi isolada em laboratório há mais de meio século, e desde então, milhares de pesquisas foram realizadas e divulgadas, demonstrando que o chamado “hormônio do sono” pode ser importante para a saúde humana em diversas situações. Produzida pela glândula pineal, presente no cérebro, a melatonina pode ser uma importante aliada no combate à insônia, à hipertensão e à obesidade. O que ainda não está padronizado pela comunidade médica é o uso terapêutico do hormônio.

Ligada primariamente aos tratamentos contra problemas do sono, a melatonina tem ganhado espaço na comunidade médica em níveis surpreendentes. O hormônio, que é produzido pelo corpo humano exclusivamente à noite, serve para preparar as funções biológicas do corpo humano após o período necessário de descanso, como processar vitaminas vindas dos alimentos e auxiliar em sinapses cerebrais.

Qualquer limitador da produção de melatonina pode acarretar em sérios problemas, se forem recorrentes. O mais comum deles hoje em dia é o bloqueio originado pela iluminação de telas, como de smartphones e notebooks. O tipo de luz produzido por esses aparelhos faz com que a glândula pineal seja “ludibriada” e pare de produzir o hormônio, como se estivesse em funcionamento diurno. Esse bloqueio pode trazer muitos problemas físicos, como distúrbios metabólicos, obesidade e diabetes, sem falar nos supracitados males do sono.

Considerando o ritmo da vida moderna, suas necessidades e responsabilidades, reconhece-se a dificuldade da plena produção de melatonina nos cidadãos, especialmente de áreas urbanas. Para sanar essa questão, o hormônio pode ser consumido de modo suplementar, por meio de cápsulas, por exemplo. Pesquisas recentes vêm apontando diversos fins para os quais o suplemento de melatoninapode ser indicado. Conheça alguns deles.

Autismo

A melatonina passou a ser indicada recentemente para crianças com Transtorno de Espectro Autista (TEA), já que estimula o sono e diminui consideravelmente a dificuldade em dormir. O hormônio também auxilia amenizando sintomas como ansiedade e irritabilidade. Isso influi diretamente no comportamento social da criança de modo bastante positivo.

Câncer

Os estudos ainda são preliminares e inconclusivos sob alguns aspectos, mas já existem indicativos fortes de que a melatonina pode ser uma importante aliada na luta contra diversos tipos de cânceres. De acordo com uma pesquisa conduzida recentemente pela revista científica Pub Med, amelatonina pode estimular a morte de células cancerígenas em tumores como os de cânceres gastrointestinais, hematológicos, além do câncer de mama, de próstata e de rim.

Outra pesquisa científica relevante sobre os efeitos da melatonina publicada na revista PLoS ONE, há mais ou menos 5 anos, indicou que a melatonina tem o poder de inibir o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos das células cancerosas, mesmo em tumores de alta gravidade, atrapalhando o desenvolvimento e a reprodução de tumores no organismo.

Transplante de medula

Resultado de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP, um estudo feito por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), em colaboração com colegas do Instituto Weizmann de Ciências, de Israel, e de outras instituições do exterior foi publicado na revista Cell Stem Cell.

Ele aponta que a liberação de células-tronco é menor durante o dia, se comparada com o volume produzido durante a noite, quando essas células ficam estocadas na medula óssea. Tudo indica que a melatonina produzida pelo organismo à noite é a responsável direta por essa diferença na produção das células. Portanto, a melatonina é também a responsável pela regulagem da disponibilidade de células-tronco na medula óssea.

Alzeheimer

A ciência já vinha demonstrando que a melatonina é uma boa guardiã do cérebro humano. Recentemente, pesquisadores da universidade australiana de Deakin, em conjunto com cientistas do Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona, na Espanha, puderam entender mais profundamente como acontece essa ação protetora contra o avanço do mal de Alzheimer.

As equipes administraram uma quantidade de melatonina em animais saudáveis e também para os que portavam alterações genéticas características do Alzheimer durante um período de seis meses. Após a intervenção, ambos os grupos de cobaias apresentaram uma redução considerável nos sintomas de ansiedade e uma melhora da memória, quando comparados aos animais que não receberam nenhuma dose da melatonina. Analisando detalhadamente o tecido cerebral, os cientistas perceberam que o tratamento com o hormônio do sono se associava à diminuição do processo inflamatório cerebral e ao aumento da capacidade de eliminar proteínas que já não funcionam adequadamente no cérebro. Já que uma das características cruciais do Alzheimer é o acúmulo de proteínas disfuncionais que passam a causar dano cerebral, a descoberta trouxe otimismo para o futuro das pesquisas sobre a doença.

Sobredose de melatonina e seus efeitos colaterais

A melatonina suplementar normalmente é fabricada em doses de até 10 miligramas. A oferta de quantidade varia. É possível encontrar cápsulas de 1 mg, 2 mg, 3 mg, 5 mg ou 10 mg. A quantidade de melatonina aceitável para reativar o desenvolvimento natural do hormônio no cérebro vai de 0,3 a 0,5 mg por dia. Em casos mais graves, onde o cérebro resiste em responder ao tratamento, amelatonina 3mg é a dose recomendada por dia, podendo chegar até 5mg.

O uso do suplemento não costuma apresentar efeitos colaterais, mas quando há sobredose do hormônio dores de cabeça, sono fragmentado, aumento da incidência de pesadelos, tontura, náuseas e sonolência durante o dia são alguns dos sintomas que podem aparecer. Existem relatos de casos de convulsões em crianças que receberam altas doses de melatonina. Portanto, o uso responsável do hormônio é o melhor caminho para evitar problemas.

Por Agência Emarket

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