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Diário da Amazônia

Menina de oito anos luta para andar

De acordo com o dicionário, a palavra “determinação” significa o ato de permanecer firme num objetivo. A não desistência daquilo..

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Publicado: 13/10/2014 às 14h01min | Atualizado 29/04/2015 às 08h09min

Lorraine de Oliveira luta contra uma doença que deixa lado direito do corpo paralisado

Lorraine de Oliveira luta contra uma doença que deixa lado direito do corpo paralisado

De acordo com o dicionário, a palavra “determinação” significa o ato de permanecer firme num objetivo. A não desistência daquilo que se deseja é uma atitude de coragem e bravura. Com apenas oito anos de idade, Lorraine de Oliveira luta contra uma doença que deixa todo o lado direito do seu corpo paralisado. A determinação para conseguir andar é motivo de orgulho para a família, amigos e para os fisioterapeutas que a acompanham há dois meses.

Ainda quando estava na barriga da mãe, a menina precisou lutar. Irene de Oliveira Carvalho, de 42 anos, teve malária quando estava grávida de Lorraine, que nasceu prematuramente aos oito meses. “Dona Irene, nós vamos ter que retirar a sua filha. A senhora está com pouco líquido amniótico e a criança está com o pulmão fraco”, relembra a mãe. Quando tinha 22 dias, morando em Cacoal, Lorraine teve uma crise respiratória e precisou ser transferida para um hospital em Porto Velho, onde ficou em uma incubadora por dez dias. De acordo com os médicos, Lorraine teve coqueluche, também conhecida como tosse comprida.

Já morando em Ariquemes, aos cinco meses de idade, dona Irene percebeu que a criança não conseguia sentar e que os movimentos do lado direito do corpo estavam comprometidos. Além disso, Lorraine teve duas crises epilépticas, o que preocupou a mãe. “Eu fui indicada a consultar um neurologista, que não detectou o motivo da minha filha não conseguir se mexer normalmente, mas que prescreveu um remédio controlado para evitar novas crises”, disse.

O remédio foi ministrado para Lorraine até os quatro anos, quando a mãe decidiu por conta própria interromper o medicamento. Nesse período, sessões de fisioterapia foram realizadas em diversos centros de apoio a pessoas com deficiência.

Após anos se locomovendo com uma cadeira de rodas, Lorraine começou a dar os primeiros sinais de que queria começar a andar. “No ano passado, eu via que ela tentava se levantar sozinha, quando ninguém estava por perto. Mesmo caindo, ela levantava e tentava de novo, mas os próximos tombos a deixavam muito irritada”, relembra a mãe, que ajudava a filha a fazer os exercícios em casa. Após conhecer o trabalho da Associação dos Deficientes Físicos de Ariquemes (Asdefari), Lorraine iniciou uma série de atendimentos com novos fisioterapeutas, que a estão ajudando a andar. “A força de vontade, além da fisioterapia e do apoio constante da família é que o tem feito a Lorraine andar. Mesmo com todas as dificuldades, ela luta diariamente para conseguir aquilo que quer”, diz Lindineia Santos, fisioterapeuta da Asdefal.

A associação hoje atende cerca de 440 sócios, que são os deficientes físicos permanentes, além de atender os deficientes temporários, pessoas que poderão se recuperar com o tempo através do tratamento adequado. Além da fisioterapia, a Asdefal também auxilia seus sócios com o passe-livre para transporte público e com o acompanhamento familiar, essencial para compreender o problema e, juntos, conseguirem enfrentar as dificuldades e superar os problemas. O Dia do Deficiente Físico foi comemorado neste sábado, dia 11.

Dona Irene só espera que a filha continue na sua luta para andar e se desenvolver motoramente. Lorraine, mesmo com todas as dificuldades, diz que quer ser fisioterapeuta quando crescer e que hoje, como criança, tem só alguns desejos. “Eu quero sim andar, pra sair com as minhas amigas, pra pode brincar no pula-pula, carregar minha mochila sozinha… mas quero mesmo é ganhar uma boneca”, diz, sorridente.



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