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RONDÔNIA

Moradores se reúnem contra derrubada de Ipês

“A pauta civilizada do planejamento urbano é arborizar cada vez mais as cidades. Não se pode organizar as vias de acesso sem preservar..

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Publicado: 04/08/2014 às 15h44min | Atualizado 29/04/2015 às 03h19min

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Moradores se revoltam por derrubadas de árvores tipo Ipê, no bairro Nova Porto Velho(Foto: Jota Gomes/Diário da Amazônia)

“A pauta civilizada do planejamento urbano é arborizar cada vez mais as cidades. Não se pode organizar as vias de acesso sem preservar a natureza e, por conseguinte, colocar em risco a qualidade de vida da população”! Esta declaração é do profissional liberal e engenheiro, Túlio Souza, que convocou a reportagem do Diário para fazer uma denúncia e ao mesmo tempo um apelo às autoridades constituídas, quanto à derrubada de 30 ipês e de outras espécies de árvores, na rua Sardinha, localizada no bairro Nova Porto Velho. A ação foi iniciada pela Secretaria Municipal de Serviços Básicos, na última quinta feira (31).

De acordo com as informações prestadas por Souza – que também é professor de engenharia em uma das faculdades da Capital – há oito anos ele começou um trabalho voluntário de resgate e arborização da rua Sardinha, onde adquiriu uma propriedade. Relata que “aos poucos consegui transformar um lixão numa alameda; esta rua era esquecida pela prefeitura. Além de muito lixo, havia aqui uma boca de fumo e agora temos uma rua florida, transitável”. O professor informa que existe uma ação judicial entre os condomínios Rio de Janeiro 1 e 3 e que – este último – ao ser construído invadiu alguns metros da via. Ele considera que, se há uma determinação judicial para a desobstrução desta rua, a prefeitura deve agir dentro da legalidade, “mas não justifica retirar as árvores; haja vista que moramos numa cidade onde a temperatura constante é de 40 graus. Precisamos plantar mais para termos saúde e viver com mais qualidade”, argumenta.

SENTIMENTO DE INDIGNAÇÃO DA POPULAÇÃO

Com a ação da Semusb, um ipê foi derrubado e isto contribuiu para que fossem iniciados protestos de alguns moradores pelas redes sociais. “Peço que haja bom senso das autoridades, para que analisem não o espaço geográfico, apenas, mas a preservação da vida. Não precisa derrubar as árvores; elas foram plantadas à margem da rua e aqui não há muito fluxo de veículo, declara o professor.
Para Ivani – ex-moradora que estava no local – “o sentimento que se pode registrar é de indignação. Se retirarem as árvores que nos oferecem beleza e também segurança, ninguém vai querer morar mais aqui. Creio que a prefeitura deveria se ocupar com outras prioridades”, comenta.
O diretor de Monitoração e Fiscalização Ambiental da Secretaria municipal de Meio Ambiente (Sema), Sílvio Luiz Lins, consultado sobre a denúncia, informou que de fato há uma determinação judicial, autorizando a Semusb a agir naquela região, para promover a desobstrução da via. Lins confirmou que a Sema vai analisar e acompanhar todo o processo. Porém, até o fechamento dessa matéria, ele não pôde nos repassar mais informações sobre a determinação judicial, nem tão pouco sobre a possível invasão da rua pelos condomínios, residências e empresas que funcionam naquela localidade. “Estamos aguardando os mapas da Semur – Secretaria Municipal de Regularização Fundiária e Habitação – para fazer um estudo mais adequado”, esclarece o diretor.

A propriedade do professor Túlio Souza, com 20 por 40 metros, mais parece um oásis no coração da pequena rua Sardinha. “Estou há 30 anos nesta cidade: contribuindo com a minha profissão e como cidadão: plantando e preservando a natureza. Comprei esta propriedade, mantive o que a natureza já tinha formado e, hoje, desfruto desse paraíso. São mais de 40 espécies frutíferas: jatobá, cajá, açaí, manga, graviola, cupuaçu, banana, acerola, pitança, café e muito mais. Planto mamoeiros para alimentar os pássaros que vêm aqui todas as manhãs. Isso é para mim qualidade de vida”. O professor faz um apelo às autoridades locais, para que dentro do planejamento urbano, do plano diretor da cidade de Porto Velho, “sejam viabilizadas a construção de mais alamedas, ruas para pedestres – mobilidade para quem não tem veículo -, calçadas devidamente sinalizadas e mais arborização”, conclui o professor. Segundo informações da prefeitura municipal, na próxima segunda-feira (04), a Semusb dará continuidade à terminação judicial, para a desobstrução da rua sardinha. A questão para o momento, portanto, é: os ipês e as demais árvores que transformaram aquela rua em uma florida alameda vão ser preservadas?

Por, Edilene Santiago



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