Nada justifica o café rondôniense sem reajuste de preço mínimo

O fato de Rondônia ter ficado fora da tabela nacional de preço mínimo do café Conilon está sendo tratado como ‘equivoco’ de dados do Ministério da Agricultura, mas pode ser muito além disso. O estado tem despontado com a produção cafeeira, com precocidade na colheita, e alto volume de produção. A qualidade do café rondoniense também tem sido destaque nacional e, somente nesses pontos, já valeria a inclusão de um preço melhor do produto.
Os gestores que cuidam dessa demanda no estado precisam ligar o alerta e verificar de perto o comportamento do Ministério da Agricultura. O que levaria apenas um estado a ficar fora de uma tabela nacional de preço mínimo? Apenas um ‘equívoco’? Rondônia figura entre os grandes produtores nacionais e não seria justificável um ‘equivoco’ para não conceder reajuste na saca de café. Esse ‘equivoco’ até ser corrigido estará gerando altas cifras de prejuízos para os produtores e perdas de receita para o estado e municípios.
Para o café Conilon, a estimativa do IBGE é de produção de 14,2 milhões de sacas, ou 852 mil toneladas, neste ano de 2020. No Espírito Santo, maior produtor brasileiro com participação de 66,3% do total, a produção estimada é de 9,4 milhões de sacas, ou 564,5 mil toneladas, retração de 11,4%. Em Rondônia, a produção estimada é de 2,5 milhões de sacas, ou 150,9 mil toneladas, aumento de 4,1%. Na Bahia, outro importante produtor desse tipo de café, a estimativa da produção encontra-se em 106,6 mil toneladas, ou 1,8 milhão de sacas de 60 kg.
O café produzido no Brasil tem amplo mercado internacional, sendo importante produto no superávit. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em seu primeiro levantamento da safa deste ano, estima crescimento de 25,8% se comparando ao ano anterior, e Rondônia terá grande contribuição nessa soma. Por isso não se justifica um ‘equivoco’ que pode ser, nas entrelinhas, um boicote sistemático.