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“Não existe reserva há muito tempo”

“Isso tudo é uma grande mentira de quem quer nos tirar desse lugar. Não existe, na prática, nenhuma reserva nessa área faz muito..

Publicado: 07/01/2015 às 14h30
Atualizado: 17/11/2018 às 23h46

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Moradores reclamam que o desmatamento na Reserva Extrativista Jacy-Paraná aconteceu antes mesmo de sua criação Roni Carvalho/Diário da Amazônia

“Isso tudo é uma grande mentira de quem quer nos tirar desse lugar. Não existe, na prática, nenhuma reserva nessa área faz muito tempo. Moro há doze anos nesta terra e quando cheguei aqui já estava desmatada. Meu pai diz que isso já era assim antes de virar reserva”. O argumento do agricultor Claudemir Silva Barbosa, 32 anos, confere com as fotos aéreas tiradas durante o final de semana último, pela equipe de reportagem do Diário da Amazônia, e contradiz a informação do decreto de criação da própria reserva, Nº 7335, de 17 de janeiro de 1996.

A reserva extrativista Jacy-Paraná foi criada na gestão do então governador Valdir Raupp e situava-se em terras dos municípios de Porto Velho, Campo Novo de Rondônia e Nova Mamoré. Sua extenção é de 205 mil hectares e, dentre algumas propriedades, comportava os antigos seringais Pedras, São Domingues, Nazareth, Estrela, Conceição, Consuelo e Progresso. Tratavam-se de títulos definitivos pertencentes a Issac Benayon Sabbá. Estes últimos foram desapropriados através do decreto e seriam destinados à exploração autossustentável e conservação dos recursos naturais renováveis através de extrativismo. Se “no papel” estava sendo criada a reserva, de acordo com os moradores, já não havia, na prática, esta floresta. O desmatamento já ocupava, quando da criação, mais de 80% da área.

O projeto de criação da reserva também previa a realização de benfeitorias locais para atender aos moradores. Estruturas nas áreas de saúde, educação e infraestrutura mínima para a comercialização dos produtos “dessa gente deveriam ser realizados pelo governo”. Mas, isso não aconteceu. “Moramos aqui por não ter outro lugar. Precisamos da terra. Mas, estamos abandonados”, explica Claudemir Silva.

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Além da falta de condições, tais como escola, posto de saúde e mobilidade para o escoamento da produção, quais são as demais dificuldades de quem reside dentro da Reserva Extrativista Jacy-Paraná?

 

Produtor diz que sonho pela terra persiste diante das incertezas

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O agricultor Weliton Gava, 60 anos de idade, chegou com o sonho de melhorar de vida Roni Carvalho/Diário da Amazônia

O agricultor Weliton Antônio Gava, 60 anos de idade, conta que chegou à região da Reserva Extrativista Jacy-Paraná tinha o propósito de plantar 20 mil pés de café. Mas, em função das dificuldades o sonho não pôde ser realizado. “Essa situação, da área de reserva, deixou todos nós sempre na situação de incerteza. O povo fala por aí que podemos sair a qualquer momento desse lugar. Dizem que vamos ser expulsos pelo governo. Eu não acredito que isso aconteça. Mas, também não posso arriscar a ampliar nosso trabalho. Pois, a qualquer momento podemos perder tudo. Isso torna a vida aqui ainda mais difícil”, explica o agricultor.

Weliton Gava explica, à reportagem, que as pessoas que moram na reserva não podem ter paz com a situção de incerteza. Segundo ele, atualmente planta algumas coisas para o próprio consumo, tem umas poucas cabeças de gado, de onde retira o leito para o consumo, e o restante não pode desenvolver em função das dificuldades. “Esse é o café conilon. Nasce fácil, pois a terra é muito boa. Vendo ele em Ariquemes, Cacoal. o problema é que para levar ele até essas cidades não temos apoio. Perdemos muito.

A situação do agricultor Weliton Gava é semelhante a outras centenas de famílias que vivem na reserva. Para o presidente da Associação de Pecuaristas, Roberto Mauro, muitos moradores da reserva não têm outra opção e trabalham com a agricultura de subsistência. Em sua maioria, são pessoas que chegaram à terra investindo suas últimas economias.

Solução

O imbróglio que vem comprometendo a rotina dos moradores da reserva ultrapassa os limites da zona rural. Também em Buritis, em função da situação de instabilidade, o clima é de incerteza com o comércio de pequeno e grande porte sofrendo perdas. Em função disso, um comissão foi criada, no mês de novembro último, e tem visitado autoridades políticas na tentativa de sinsibilização e reversão da situação. A ideia, de acordo com as informações, é solucionar o problema o mais rápido possível.

Acir gurgacz pediu cautela ao governo

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO), durante pronunciamento no Senado, pediu ao governo de seu Estado que encontre uma solução pacífica para evitar um sério conflito na reserva extrativista Jacy-Paraná, em Buritis, interior do Estado, região onde são comuns os conflitos agrários. Ele explicou que o conflito poderá ser deflagrado em virtude de uma ação de reintegração de posse que pode deixar 1,5 mil famílias sem terras e sem tudo o que construíram ao longo de anos. Segundo Acir Gurgacz, a reintegração é em favor do próprio estado de Rondônia, porque, de acordo com o zoneamento ecológico-econômico atualizado, a área do assentamento Minas Nova está dentro de uma área de proteção integral.

 

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