coluna
Publicado: 07/10/2020 às 06h00min | Atualizado 07/10/2020 às 08h51min
Fizeram a gente acreditar que a responsabilidade da mulher se baseia nos trabalhos domésticos e cuidados familiares. Que as nossas roupas são provocações aos olhos dos homens, que cozinhar é obrigatório, ser gentil é indispensável e viver sem casar e não ter filhos é o fracasso das nossas vidas.
Também ensinaram aos homens a serem competitivos, decididos e ao mesmo tempo nossos protetores. Junto com esse papel veio o de sustentar a casa e defender a família. E para acompanhar surgiu a ideia do líder autoritário sobre nós, mulheres. Nasce o machismo e com ele a crença na inferioridade da mulher e a ideia de que elas não podem ter acesso aos mesmos direitos que eles.
Os prejuízos do machismo são incalculáveis para a vida de uma mulher. Através dele perdemos nosso direito de escolha graças a valores tradicionais de uma sociedade patriarcal prescritos bem antes de você e eu nascer.
Explico. O machismo fortifica o assédio, desqualifica a fala, desencoraja o avanço por caminhos desconhecidos, nos obriga a permanecer em um lugar fixo e muitas vezes até mata. Sim, a violência contra a mulher ainda acontece devido a ideia de que ela é inferior ao homem, tornando assim sua posse.
É por conta do machismo que uma mulher é agredida a cada quatro minutos e morta a cada 7 horas no país. Por culpa dele só este ano 9.455 mulheres denunciaram ameaças de violência doméstica e registraram 7.721 lesões corporais em Rondônia. Por causa dele, até agosto de 2020 foram notificadas 24 tentativas de feminicídio no estado e ceifadas 4 vidas contabilizadas pela Polícia Civil. Também é o principal responsável por ganharmos menos e trabalharmos mais enquanto somos taxadas como complemento dos homens.
Ninguém merece viver nessa condição de atender o desejo masculino e a um conjunto de crenças considerados adequados a gêneros femininos.
Muitas enfrentaram o julgamento, lutaram e conquistaram o direito ao trabalho, educação e voto. Mas ainda hoje precisamos discutir que estereótipos de gênero tradicionais não representam a personalidade e a vontade cada indivíduo.
De fato, os tempos sem o machismo ainda não chegaram, mas somente as lutas contra as forças que nos oprimem vão nos ajudar a chegar onde queremos ir.
sobre Larina Rosa
Larina Rosa é natural de Colorado do Oeste, Rondônia. Jornalista, redatora, repórter do Diário da Amazônia que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres na sociedade.