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Editorial

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Publicado: 02/04/2019 às 08h50min | Atualizado 02/04/2019 às 08h51min

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O muro e as lamentações

A visita que o presidente Jair Bolsonaro fez ao Muro das Lamentações (Jerusalém – Israel) rendeu muita repercussão. De um lado, o..

A visita que o presidente Jair Bolsonaro fez ao Muro das Lamentações (Jerusalém – Israel) rendeu muita repercussão. De um lado, o fanatismo dos cristãos judaizantes que se sentiram prestigiados e deram exacerbada ênfase ao fato, e de outro lado, a comunidade árabe que se sentiu afrontada tendo, inclusive, o retorno ao país de origem do embaixador palestino no Brasil.

Visitar esse monumento (última parte existente do Templo de Salomão) é um roteiro obrigatório para qualquer autoridade ou pessoa comum que visita a Terra Santa. Mas o causou mal estar foi o fato de Bolsonaro ir ao local acompanhado do primeiro-ministro Israelense, Benjamin Netanyahu. Por questão protocolar, o ideal seria a visita como um passeio pessoal, para não suscitar o desconforto aos árabes.

Acontece que o local é um pequeno espaço importantíssimo para judeus, cristãos e islâmicos que crêem num mesmo Deus Único, tendo profetas e linhagem diferentes. O local é sagrado para as três principais religiões e a visita acompanhada pelo primeiro-ministro passou a conotação de que o Brasil reconhece aquela área de Jerusalém como território judeu. Esse é o ponto mais polêmico da discussão entre a ocupação de Jerusalém e que causa tantas discórdias.

A posição do Brasil nesse conflito entre árabes e judeus é delicada. Nosso país tem interesse comercial com essas nações e fica difícil tomar posições como ‘ um contra todos; todos contra um’. Para se ter idéia somente a comunidade libanesa no Brasil é de 12 milhões enquanto que 4,5 milhões estão no Líbano. E mais de 12 mil brasileiros vivem no Líbano. Isso quer dizer que tem quase três vezes mais libaneses no Brasil do que a população pátria do Líbano. Vale ressaltar que no Brasil tem também grandes comunidades de líbios, sírios, palestinos e outros árabes.

Além dos laços de sangue que une as nações, deve ser considerado o mundo dos negócios. Os árabes compram do Brasil (inclusive a carne rondoniense) e nas relações comerciais existem negócios entre as partes. Israel também nos interessa nessas relações exteriores. Assim, tomar decisões nesse universo requer habilidade política e capacidade de negociação econômica.
Os embaixadores dos países árabes já pediram uma reunião conjunta com o presidente brasileiro para discutir os interesses e saber dos rumos que devem tomar. Esperamos que tudo termine bem nessas relações diante da importância de árabes e judeus para o Brasil.


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