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O PT e os cavaleiros de granada

Convocar os companheiros “às armas” pode ser um anacronismo, uma provocação ou uma bobagem. Contra quem o PT fará pontaria, dias..

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Publicado: 07/11/2014 às 12h39min | Atualizado 16/04/2015 às 04h49min

Convocar os companheiros “às armas” pode ser um anacronismo, uma provocação ou uma bobagem. Contra quem o PT fará pontaria, dias depois de a presidente Dilma, reeleita, haver proposto um entendimento nacional? Abrir a temporada de caça aos tucanos depois deles terem sido derrotados nas urnas? Confinar o PMDB a campos de concentração ou submeter a imprensa a controles ditatoriais?

Espetáculo mais ridículo não poderia ser encenado pela militância petista empenhada em transmitir às suas bases mensagens de conflitos e confrontos, quando a hora seria de harmonia. Afinal, querem a revolução para que? Chegar ao poder não dá, porque já se encontram nele, refestelados. Esmagar a oposição também seria, além de missão impossível, um risco dos diabos.

Frustram-se quantos acreditaram que o PT seria diferente. Muitos já saltaram de banda, a começar pelos intelectuais, depois a Igreja, em seguida a juventude. Sobraram, com as exceções de sempre, as alas e grupos agora flagrados sem ter o que fazer.

Seria sonho de noite de verão imaginar o PT desenvolvendo campanha pela duplicação do salário mínimo, medida mais do que certa para diminuir o fosso entre pobres e ricos. Como também assistir o partido mobilizando-se para promover a reforma agrária que seus dirigentes insistem em varrer para dentro do tapete. Que tal o PT sair às ruas para exigir o combate à corrupção? Disporiam os seguidores do Lula de algum plano para recuperar a economia ou promover a recuperação das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos do País?

Quando no governo, os partidos existem para realizar projetos e atender às necessidades da população. Jamais para sair dando tiros na paciência alheia e intranquilizando todo mundo. O PT lembra os Cavaleiros de Granada de que conta Shakespeare, aquele grupo que “alta madrugada, brandindo laça e espada, saíram em louca disparada: para que? Para nada.” Outra. Dionísio I, tirano de Siracusa, julgava-se um poeta excepcional e não havia quem o desmentisse, em sua corte. Convidou um poeta de verdade, Filóxeno, para ouvir seus versos e ouviu dele que nada valiam. O infeliz foi condenado a trabalhos forçados nas pedreiras da Sicília, mas arrependeu-se, mandou soltá-lo e ainda lhe ofereceu um banquete. Apresentou novos versos e indagou a opinião do homenageado. Filóxeno dirigiu-se aos guardas que cuidavam do tirado gritando: “Levem-me de volta para as pedreiras!…” A história se conta a propósito das tentativas da Dilma de dialogar com o Congresso.



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