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Editorial

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Publicado: 25/06/2019 às 11h35min

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O veneno nosso de cada dia

O Brasil desponta mundialmente na produção de alimentos e os números continuam crescendo. Mas existe outra estatística por trás que..

O Brasil desponta mundialmente na produção de alimentos e os números continuam crescendo. Mas existe outra estatística por trás que assusta os países compradores da alimentação produzida aqui. Trata-se do consumo de agrotóxicos utilizados na produção, que anualmente chega à média de quase 6 litros por habitante. Apesar de ainda não haver a comprovação de que esses produtos são nocivos e causadores de câncer e outros males, mas as evidências levam a crer dessa interferência na saúde pública. Outros impactos são percebidos no meio ambiente com tamanha dimensão e assombro.

Se setor produtivo rural e as indústrias químicas negam que os produtos sejam causadores de câncer. Isso faz lembrar que durante décadas muitas pessoas morreram dos males causados pelo cigarro (indústria do tabagismo) e as informações eram que o cigarro não tinha relação com o câncer, doenças do coração e outros casos. Atualmente o que se vê nas embalagens são sérios e comoventes recados de alertas aos fumantes dos riscos que correm.

Esperamos que esse mesmo descuido não esteja acontecendo com a indústria do agrotóxico (que no passado não distante era chamado de veneno agrícola). O nosso índice de consumo é mesmo assustador. Até 2008 eram 504 tipos de agrotóxicos permitidos, sendo que 30% desses foram banidos em diversos países, inclusive o acefato (que segundo a Anvisa – gera efeitos no sistema endócrino). Tem ainda o glifosato, (o mais consumido no Brasil a fora) com classificação de provável cancerígeno. Muitos desses produtos chegam ao organismo humano através dos alimentos, e outra parte fica nos solos, e o equivalente a 30% para as águas chegando a 5 mil vezes maior do o Maximo permitido na Europa. Ah! E tem aquele percentual não calculado que fica no corpo e na roupa de quem aplica (trabalhador rural).

O Ministério da Saúde estimou no período de 2007 a 2013, um crescimento de 90,5% de vendas de agrotóxicos, enquanto que a área plantada cresceu no mesmo período apenas 19,5%. E vem mais veneno por ai. Essas estatísticas não incluem os venenos novos que estão sendo liberados e que terão o mesmo destino. A Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) juntamente com o Ministério da Saúde publicou dossiê em que 64% dos alimentos no Brasil são contaminados por agrotóxicos. O SUS notificou de 2007 a 2014, o total de 34.147 intoxicações por esses produtos. Em doze anos (até 2012) o percentual de aumento do uso dos agrotóxicos foi de 288% no Brasil. Enfim, os dados alarmantes devem ser considerados pelo menos como sinal de alerta para aprofundar as pesquisas. Enquanto isso o ideal seria controlar e não liberar!


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