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Diário da Amazônia

Os Diplomatas do Samba – 60 anos de fundação

O Samba não é só isso que se vê... É um pouco mais

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Publicado: 04/11/2018 às 07h38min

Era o ano de 1958, dona Adelaide Souza da Silva festejava mais uma vitória do seu bloco infanto-juvenil, conhecido como “Bloco da Dona Jóia” e devido alguns problemas, próprios de ventos da natureza, resolveu que não colaria mais o bloco no carnaval seguinte (1959). Vale lembrar que entre os músicos que tocavam no Bloco da Dona Jóia participava além do Manga Rosa (trombone de vara) e do Louro (trompete), Bainha no surdo, Ricardo (filho da dona Jóia) na caixinha e o Cabeleira no afoxé.

Naquele tempo, os ensaios carnavalescos em Porto Velho começavam logo após os desfiles de Sete de Setembro. Já estava chegando dezembro e a família da Dona Jóia não se decidia se colocava ou não o bloco na rua, foi quando o Waldemir Pinheiro da Silva – Bainha conversando com o Ricardo e com o Valério (pai do Ricardo) com a presença do Cabeleira questionou: “Que tal criarmos uma escola de samba”. Nessas alturas, a família da Dona Jóia já estava morando na rua Joaquim Nabuco sub-esquina com a Almirante Barroso no bairro Santa Bárbara e foi justamente nesse endereço, que os quatro se reuniram e decidiram acatar a sugestão do Bainha.

O Dia Oficial da Fundação da Escola

O dia 4 de novembro de 1958, caiu numa terça-feira e como Bainha por ser vizinho, passava a maior parte do tempo na casa do Valério marido de Dona Jóia e pai do Ricardo, resolveu na tarde daquele dia, oficializar a criação de uma escola de samba. Presentes: Valério, Ricardo, Bainha e Cabeleira. De início a nova agremiação carnavalesca não recebeu nenhum nome. A boca da noite do mesmo dia, resolveram procurar o seu Tário de Almeida Café que era como se fosse o Secretário de Obras na gestão do prefeito do município de Porto Velho Dr. Rubens Cantanhede e após consumirem algumas garrafas de uísque, criaram coragem e formularam o convite: “Tário você não quer ser o presidente da escola de samba que acabamos criar?” Surpreso Tário Café levantou-se, foi até a varanda de sua casa na rua Barão do Rio Branco, deu uma olhada para o céu e invocou a lua “Quarto Crescente”, que o iluminasse na decisão que tomaria ao voltar a sala aonde estavam os carnavalescos.

Ao retornar, já veio com a exigência na ponta da língua: “Aceito, mas, o nome da escola de samba quem vai colocar sou eu!” A turma aceitou e então Tário de Almeida Café passou a contar a história de um bloco que havia dirigido no estado do Ceará e gostaria que o nome da escola fosse uma homenagem a esse bloco, no que foi aprovado e então, surgiu a “ESCOLA DE SAMBA PROVA DE FOGO”. Para festejar, mais umas garrafas de uísque foram consumidas e Valério, Bainha, Ricardo e Cabeleira subiram a Sete de Setembro festejando o aceite, do agora presidente da escola Tário de Almeida Café.

UNIVERSIDADE DOS DIPLOMATAS

A escola desfilou pela primeira vez no carnaval de 1959, segundo Antônio Chagas Campo o Cabeleira: “Não era bem uma escola de samba completa, era uma bateria com 31 integrantes tudo homem, até eu estava la fazendo zoada balançando um ganzá”.

Em entrevista ao Zekatraca Bainha fala sobre os nomes da escola:

Para o carnaval de 1960 resolvemos então colocar o nome de Escola de Samba Diplomatas do Samba, no ano seguinte (1961), Bizigudo chegou de Belém e sugeriu o nome de Universidade e assim ficou, Escola de Samba Universidade Diplomatas do Samba. Em 1964 sugeri e foi aceito, a mudança do nome para Escola de Samba Os Diplomatas que permanece até hoje”.

2019 – O SAMBA NÃO É SÓ ISSO QUE SE VÊ…

A direção da escola que tem a frente o engenheiro civil Jair Monteiro resolveu festejar os 60 anos da agremiação, contando sua história, no carnaval de 2019, através do enredo:

O Samba não é só isso que se vê… É um pouco Mais – Diplomata 60 Anos

De: Bainha/Oscar/Zé Baixinho

Arranjos: Sandro Andrade e Nilson do Cavaco

Diplomatas!… 60 anos de glória

Tua linda história eu vou contar

Nesta noite de sublime poesia

Versos e rimas vão me emocionar

Nasci como “Prova de Fogo”

Depois “Universidade” fiz escola

Eternizei meu nome… brinquei

De luvas, fraque e cartola

O tempo se foi, quanta saudade

O samba não é só isso, é um pouco mais

Celeiro de bambas eu sou, sou raiz

É bom respeitar meus carnavais

Toca aí “Que Nem Maré”, toca pra valer

De vermelho e branco eu vou lutar

Minha voz, meu grito, Mocambo!

ninguém vai calar

Vi nos meus sonhos, rodas de sambas

Folia e fantasia no Danúbio e no Cibec

O passo marcado na ponta do pé

Exaltei a Independência, Bahia e se axé

Vi a Epopeia de Rondônia, cantei Veriana

Brilhou lá no céu e o folclore popular

Curti os Prazeres, com a Louca que Caiu da Lua

Em Urucumacuã, mistérios a revelar

Obrigado Café, Dona Jóia, Neiry, Valério e Bizigudo

Tudo isso é herança verdadeira

Leônidas, Roosevelt, Bola Sete e Babá

Salve Bainha, Ricardo e Cabeleira

Vem cantar de novo, vem festejar

O hino de amor que ficou no coração

Chegou Diplomatas do Samba, chegou, ô, ô, ô, ô

E o povo na rua sambou, caô, caô meu pai xangô



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