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Diário da Amazônia

Os provérbios da Baronesa Benesby

Estrela Benesby também lembra nessa entrevista de como seu pai Saul Benesby

Por Silvio Santos Diário da Amazônia
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Publicado: 16/12/2018 às 07h45min | Atualizado 17/12/2018 às 10h01min

Estrela Preciada Benesby de Macedo

Os provérbios da Baronesa Benesby

A família de Saul Benesby e Ana Salgado Benesby transformou o distrito de Abunã num dos principais polos comerciais das terras do hoje estado de Rondônia, no tempo da Construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e durante o primeiro ciclo da borracha nesta região. Assim começa a história da advogada Estrela Benesby que resolveu lhe dar um presente, pelos seus 80 anos de vida. “Sou do dia 12 de setembro de 1937”, publicando o livro: “História, Ditos e Provérbios – For Teenagers” no qual, além de provérbios como: “A vida é feita de escolhas umas boas e outras ruins, mas sempre que você pensar com lógica, será a escolha que melhor irá lhe servir”. “Ninguém é preparado para sofrer, assim como ninguém é preparado para morrer”.

Estrela também lembra algumas datas históricas e escreve sobre a expedição Rooselvet/Rondon e sobre o governador Jorge Texeira de Oliveira. Por sugestão e insistência da Margot Paiva Diretora da Casa da Cultura, o livro será apresentado oficialmente, ou no mês de janeiro ou fevereiro do próximo ano. “Por enquanto, só adquirindo na livraria Exclusiva ali na Carlos Gomes”.

Estrela Benesby também lembra nessa entrevista de como seu pai Saul Benesby chegou a região do hoje estado de Rondônia e montou comércio em Abunã. “Minha família não é pioneira como dizem, é PIOTÁRIA”. Veja o significado dessa palavra e conheça um pouco da história da família Benesby na entrevista que segue.

ENTREVISTA

Zk – Vamos começar falando sobre a edição do livro “História Ditos e Provérbios”?

Estrela – Foi a coisa mais fantástica do mundo, conversando com o Dimas da Fonseca pedi pra ele dar uma olhada na “Boneca” do livro que havia escrito. Ele viu e disse, se eu fosse você editava. Teus Provérbios são ótimos disse ele. Tanto que faço uma homenagem a ele no livro. Aí, sai procurando uma editora. Resolvi festejar meus 80 anos de idade, me presenteando com a edição do livro. Nasci no dia 12 de setembro de 1937, resultado! Conversei com o Mikael da gráfica Imediata e o filho dele me apresentou ao Valdecir e ele ia la pra casa e a gente ficava montando o livro, não só digitou, ilustrou ou criou o layout do livro, ele é muito bom, falta ser mais valorizado. Como não queria assinar com o meu nome de batismo, então assino como Baronesa Benesby. O livro é dedicado a garotada. Você começa a ler e vai de cabo a rabo. Anota meu telefone pra você me dar sua opinião (69) 99981-7271.

Zk – Sobre a edição?

Estrela – Fui a São Paulo e Rio de Janeiro, só que eu não conhecia o cara que dizia que era editor e ele queria, que eu deixasse com ele, todo o material que eu tinha gravado em CD, eu tinha que viajar no dia seguinte e o que fiz, não deixei o material com ele porque eu ficaria sem nada, ele editava botava o nome dele e pronto, não tinha como provar que aquele livro foi escrito por mim. Infelizmente no Brasil, não temos essa liberdade em garantir, que a pessoa é honesta. Todo mundo para quem mostrava o livro, elogiava e dizia que eu tinha que publicar, promover festa de lançamento essas coisas.

Zk – Quanto tempo a senhora demorou para montar o livro?

Estrela – Foi tudo muito rápido. O rapaz que fez as ilustrações foi muito criativo, têm uns quadros que fui eu que pintei, eu fazia artes plásticas. Como já disse, todo mundo que vê o livro gosta, tanto que a Margot Paiva é quem está providenciando tudo, vai ter a noite de autógrafo e essas badalações próprias do lançamento de um livro, eu mesma tenho minhas restrições, porque tenho certeza que alguém vai criticar e como sou muito crítica também, sou a primeira pessoa a dizer o que penso de mim; sou grossa, mal educada, digo na cara o que eu quero. Uma vez o Teixeirão chegou pra mim e disse: “Nós somos pioneiros”! Respondi: Eu sou ‘PIOTÁRIA’ o senhor pode ser pioneiro. Quando cheguei aqui, isso era um nada e quando o senhor chegou, encontrou muita coisa feita. O governador Cunha Menezes saia do gabinete pra ir a minha casa pra ouvir o que eu tinha pra dizer. Nunca tive papa na língua.

Zk – A senhora é de Guajará ou de Abunã?

Estrela – De nada. Sou de Manaus! Meu pai Saul Benesby chegou aqui em 1914. Vim pra cá pequena, porém, como aqui só tinha colégio de freira e elas queriam que a gente frequentasse a igreja católica e nossa família é judia, fui estudar em Manaus. Minha família meus pais e irmãos têm muito a ver com a história de Guajará Mirim. Meu irmão Moisés tinha três aviões e um dia, o delegado da Polícia Federal o aconselhou a vender as aeronaves “Porque é muito perigoso ter avião nessa área”. O Dr. Carbone da Polícia Federal dizia o seguinte: “Os Benesby foram os únicos que eu nunca soube que tinha envolvimento com tráfico de drogas”. Minha mãe Ana (Anita), meus irmãos Salomão (Mito), Eliezer (Peti), Jacob, Isaac (que foi prefeito de Guajará) e as três mulheres eu Estrela (advogada), Simi (médica) e a Metodi. Nossa família pode procurar, nunca se meteu em maracutaia.

Zk – Como foi que a senhora conheceu o Dr. Macedo?

Estrela – Eu morava em Manaus e naquela época eu era noiva de um oficial do exército e esse oficial, foi transferido e pediu pro Macedo tomar conta de mim. O Macedo era Capitão Médico. Aqui em Porto Velho foi considerado o maior e melhor médico, curou muita criança de gastrenterite, curou muita gente com malária. Macedo era um homem de uma integridade sem par, eu não sou não! Sou ‘Espora’, não pisa no meu dedinho que te lasco. Ele pediu pra sair do governo por causa do filho do Guedes (Humberto da Silva Guedes) o Cezar.

Zk – Quando a senhora terminou os estudos em Manaus, veio pra Porto Velho ou Guajará?

Estrela – Fui pra Guajará. Cheguei a Guajará com 23 anos de idade. Foi o seguinte: Quando o Macedo chegou a Manaus ele tinha que ser transferido porque não tinha vaga de médico pra ele como capitão, a vaga era de major e ele tinha que ser transferido e tinha que escolher, entre Guajará Mirim, Cucuí de Las Palomas (no Amazonas) e mais outra cidadezinha do interior do interior do Amazonas na PQP. Ele pegou e pediu pro Moisés que morava em Guajará Mirim pra falar com o Godoy pra ver se ele podia como comandante do exército, receber o Macedo em Guajará e o Godoy concordou. Na época fomos morar numa casa abandonada da Estrada de Ferro. Ficamos um ano e pouco la em Guajará.

Zk – Podemos dizer que a Clínica Estrela foi o primeiro hospital particular de Porto Velho?

Estrela – Sim! Naquela época, só tinha o hospital São José que era o governo. Primeiro o Macedo criou uma Clínica chamada Santa Marta depois fez a Clínica Estrela que foi inaugurada pelo governador Jorge Teixeira.

Zk – E os provérbios que fazem parte do livro a senhora vem selecionando desde quando?

Estrela – Desde muito nova. Tem coisas minhas, tem coisas anônimas, tem coisas do John Lennon, tem muita coisa sobre história. Tem a primeira Sinagoga de Manaus e tem alguns quadros que pintei. Posso dizer que o livro ainda é inédito, pois, até agora não promovi seu lançamento oficialmente aberto ao público. Distribui alguns exemplares no dia do meu aniversário de 80 anos. Eu ia fazer o lançamento na OAB, porém não deu tempo, porque viajo demais. Minha filha que mora em Boston nos Estados Unidos teve um problema e tive que ir pra lá, aliás, vivo viajando pra lá. Tenho três filhos, duas meninas e um rapaz.

Zk – Gostaria que a senhora falasse sobre sua infância, pode ser?

Estrela – Fui criada em Manaus na rua Joaquim Nabuco, fui “Rainha do Verão”, gostava de dançar mambo, naquele tempo lança-perfume podia ser usada e a gente esguichava nos colegas o cheirar a lança, veio depois. A senhora Benchimol criou um clube para reunir as famílias judias em Manaus e lá, a gente fazia parte do coral. Nas férias eu vinha para Abunã.

Zk – Por falar nisso, como foi que o seu pai veio parar em Abunã?

Estrela – Meu pai era Regatão e vinha de Manaus pra cá e chegava até Fortaleza do Abunã trocando mercadoria açúcar, feijão, charque e outras coisas, por Borracha e Sernambi. Um dia, lá pelas tantas, um seringalista de Fortaleza ofereceu a Casa de Abunã pro meu pai comprar e montar um comércio, foi quando meu pai deixou de ser Regatão pra ser comerciante, começou com duas portinhas e chegou aonde chegou, até hoje lá em Abunã, você ver o nome Saul Benesby numa construção abandonada. Isso deveria ser resgatado pelo governo para servir de atrativo turístico. Era a Casa Estrela; Tudo do meu pai tinha colocava meu nome, quando casei, meu marido também adotou a mesma coisa, daí o nome da Clínica ser Estrela. Graças a Deus nunca dei azar pra ninguém, pelo contrário dei muita sorte.

Zk – Para encerrar essa conversa. Como fazer para adquirir o livro?

Estrela – Olha, deixei uns exemplares na Livraria Exclusiva da Carlos Gomes, porém, a Margot Paiva queria que eu fizesse uma festa de lançamento agora em dezembro, mas, sugeri a ela que deixasse para janeiro ou fevereiro do próximo ano. Tá tudo acertado que vamos realizar na Casa da Cultura o coquetel de lançamento do nosso livro da Baronesa Benesby. Muito obrigado pela boa conversa!



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