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Diário da Amazônia

Papa diz que pobres não são “parasitas da sociedade”

“Aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta”

Por Público
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Publicado: 14/06/2019 às 10h02min

O Dia Mundial dos Pobres é a 17 de Novembro, mas o Papa Francisco deixou já a sua mensagem para o dia que ele próprio instituiu e que intitulou de “A esperança dos pobres jamais se frustrará”.

“Quantas vezes vemos os pobres nas lixeiras a catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar alguma coisa para se alimentar ou vestir. Tendo-se tornado, eles próprios, parte de uma lixeira humana, são tratados como lixo sem que isto provoque qualquer sentimento de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo”, lê-se na mensagem publicada online.

Referindo que os pobres são alvo de “injustiças, sofrimentos e precariedade”, o Papa elenca as famílias que fogem das suas casas, os órgãos que perdem os pais de forma violenta, as vítimas da prostituição e da droga. E ainda “os migrantes, vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e igualdade” e “as pessoas sem-abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas”.

“Aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta”, refere. Sem oferecer resposta, Francisco questiona: “Parece ecoar uma questão que atravessa o decurso dos séculos até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigualdade?”

Já na quinta-feira o Papa Francisco aproveitou o Dia de Santo António e referindo-se a ele como “padroeiro dos pobres e de quem sofre”.

No primeiro dia do ano, o Papa Francisco começou por fazer uma ode à maternidade, lembrando os fiéis que o exemplo e o abraço de uma mãe são o único antídoto para o mundo de hoje de solidão e miséria. Na sua homilia de 1 de Janeiro, Francisco exortou os católicos a deixarem-se levar novamente, como as crianças são levadas pelas suas mães, afirmando que “um mundo que olha para o futuro sem o olhar de uma mãe é míope”.

No dia seguinte, o Papa Francisco afirmou que é preferível viver como ateu do que ir todos os dias à igreja e passar a vida a odiar e a criticar os outros. Assim sendo, o Papa acredita que o melhor é nem ir à igreja: “Vive como um ateu. Se vais à igreja, então vive como filho, como irmão, dá um verdadeiro exemplo”, instou. “Os pagãos acreditam que se reza a falar, a falar, a falar. Eu penso em muitos cristãos que acreditam que rezar é falar com Deus, salvo seja, como um papagaio. Não, rezar faz-se com o coração, a partir do interior”, defendeu.

Antes, em Novembro de 2018, o Papa Francisco tinha classificado a “coscuvilhice” como um acto terrorista, considerando que a “má-língua” é como uma faca que mata. “Os coscuvilheiros são pessoas que matam os outros, porque a língua mata, é como uma faca, tenham cuidado. As pessoas coscuvilheiras são terroristas, atiram a bomba aos outros e vão-se embora”, disse Francisco na Praça de S. Pedro, no Vaticano, enquanto reflectia sobre o oitavo mandamento católico: “Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo”.

Um ano antes, o Papa tinha almoçado com 1500 pobres no Vaticano, depois de uma missa em que rejeitou a “indiferença” – dizendo que é o “maior pecado contra os pobres” e que é um “dever evangélico” cuidar deles.



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