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Diário da Amazônia

PF prende ex-secretário e advogados em Vilhena

Policias federais investigam esquema de corrupção no município.

Por Rômulo Azevedo Diário da Amazônia
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Publicado: 17/08/2015 às 14h13min | Atualizado 17/08/2015 às 14h20min

Bruno Pietrobon foi preso em casa pelos agentes da Polícia Federal (Foto: Rômulo Azevedo)

Bruno Pietrobon foi preso em casa pelos agentes da Polícia Federal (Foto: Rômulo Azevedo)

O ex-secretário municipal do Prefeito de Vilhena, Zé Rover (PP) Gustavo Valmórbida, primo do prefeito e pré-candidato à prefeitura pelo grupo, até essa semana Secretário de Assuntos Governamentais; Bruno Pietrobon, advogado e até então chefe de gabinete de Rover, e seu pai, Carlos Pietrobon, consultor jurídico da equipe, foram presos pela Polícia Federal (PF) na manhã de ontem.

A informação oficial acerca das prisões ainda não foi divulgada, pois o delegado responsável pelo caso, Flori Cordeiro de Miranda Junior, até o fechamento desta edição ainda não havia se pronunciado.

Entretanto, fontes ligadas aos advogados de defesa dos presos relatam que pesa contra os três a acusação de acuarem testemunhas que compõem o inquérito da Operação Stigma, da PF, a qual investiga possível esquema de corrupção dentro da atual administração.

Gustavo Valmórbida foi preso logo no início da manhã sem muito alarde por parte dos policiais. Um grupo de várias viaturas descaracterizadas, bem como oficiais da PF chegou em frente à casa de Carlos Pietrobon e chamou a atenção da vizinhança, bem como de transeuntes. Nenhum deles resistiu à prisão. Após recolherem Bruno Pietrobon e Carlos Pietrobon, as viaturas seguiram em comboio sentido à sede da delegacia de Polícia Federal. Após darem entrada na PF, os três foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil, onde foram submetidos a exames de corpo de delito, e levados para a cadeia pública de Vilhena, onde o servidor público, Nicolau dos Santos Junior, preso sob acusação de estar envolvido no possível esquema. Ele está sob a guarda da justiça desde o dia 7 de agosto.

As prisões dos executivos da prefeitura são por tempo indeterminado, até a finalização do inquérito. Pelo fato de Bruno e Carlos Pietrobon serem advogados, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Vilhena está trabalhando com o intuito de conseguir aos dois o direito de ficarem presos em casa, tendo em vista o fato de que em Vilhena não há celas próprias para atender causídicos. É uma prerrogativa de qualquer advogado o direito a uma cela especial. É possível que Gustavo Valmórbida fique na cadeia pública de Vilhena.

ENTREGA DE CARGOS

No último dia 12 de agosto, Bruno e Gustavo prestaram depoimento na sede da Delegacia de Polícia Federal (DPF) em Vilhena. Ambos conversaram com a imprensa na saída da DPF e relataram que haviam deixado os cargos para não haver nenhum tipo de acusação relacionada a emperramento de informações ou possível obstrução das investigações. O advogado de defesa de Gustavo Valmórbida, Roberto Mailho relatou que seu cliente já havia prestado outro depoimento à polícia, e que estava colaborando com as investigações. O advogado rechaçou qualquer envolvimento do executivo da prefeitura em esquemas de corrupção, e foi a primeira fonte oficial a confirmar desvios de recursos em algumas secretarias municipais.

No dia 13 de agosto, o prefeito Zé Rover (PP) resolveu se pronunciar acerca das investigações conduzidas pela PF. Ele fez questão de defender seu secretariado, e disse acreditar na inocência de todos. O chefe do executivo municipal foi enfático ao dizer que não há corrupção dentro de sua administração, e que no máximo, pode haver desvio de conduta por parte de alguns servidores públicos. Rover chegou a dizer que a operação é proveniente de denúncias feitas por ex-servidores insatisfeitos por terem sido exonerados, dando a entender que tratava-se de desavenças políticas.

DENÚNCIA NA CÂMARA DE VEREADORES ANALISADA 

Ao passo em que o prefeito de Vilhena tentava esfriar a situação, o delegado responsável pela Operação Stigma da PF, Flori Cordeiro de Miranda Junior entregou à Câmara de Vereadores de Vilhena uma documentação contendo pelo menos oito denúncias que podem comprometer Rover. Uma delas, a principal, comprova o desvio de finalidade de R$ 430 mil oriundos da união destinados a Vilhena para a construção da maternidade pública e o hospital da criança (que funcionam no mesmo prédio).

A obra ficou paralisada por anos, a transação bancária está toda registrada em documentos que estão em posse da PF e cópias foram encaminhadas à casa de leis.

A documentação está sendo apreciada pela assessoria jurídica dos vereadores, e será debatida em plenário na próxima terça-feira, 18.

O presidente do Poder Legislativo, Junior Donadon (PMDB) disse que a possibilidade de uma instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o prefeito de Vilhena é grande, mas depende da maioria absoluta dos pares. Em conversa com a equipe de reportagem do Diário da Amazônia na manhã deste sábado, 15, já acreditam que a CPI está consolidada, e apostam num possível pedido de afastamento do prefeito de Vilhena José Rover.

JOSÉ ROVER SABIA DE TUDO, AFIRMA ADVOGADA 

A advogada Vera Paixão, que defende o servidor público que denunciou possíveis esquemas de desvio de dinheiro da prefeitura, conversou com os jornalistas que estavam em frente à DPF registrando o caso. Ela relatou que seu cliente, peça-chave no cruzamento de algumas informações, ainda está solto, mas assinou o direito de delação premiada para contar o que sabe à justiça. A advogada contou, ainda, que seu cliente tem provas de várias fraudes cometidas na administração do prefeito, notadamente superfaturamento de peças, uma vez que ele é chefe do setor de transporte da Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA). ]

Entretanto, o que mais chamou a atenção no discurso da advogada foi a informação de que o servidor público teria contado ao prefeito sobre os supostos esquemas realizados no Poder Executivo. Ainda segundo Vera Paixão, ao perceber que Rover não havia tomado nenhuma providência, o servidor procurou o vice-prefeito, Jacier Dias (PSC) e apresentou as possíveis provas das denúncias que fez.

O segundo homem da administração Rover recomendou que o servidor procurasse um advogado, e em seguida denunciasse a situação. Paixão relata que após tomar conhecimento dos fatos, foi com seu cliente até o Ministério Público Federal (MPF) e concretizou a denúncia.

 



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