A prisão na manhã de hoje, 10, de Márcio Lobão, filho do ex-senador Edison Lobão, do Maranhão, na 65ª fase da Operação Lava Jato, deixa o ex-senador rondoniense Valdir Raupp mais uma vez ouriçado. Raupp é um dos investigados pela Lava jato, num esquema de financiamento irregular de campanha do MDB através de recursos de empreiteiras. Dizem à boca pequena, que a cada prisão de aliado, e já foram muitos, Valdir Raupp entra em desespero e passa a acordar todo dia antes das 6 da manhã, pra não assusta a vizinhança.
O motivo
Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o senador do PMDB de Rondônia, Valdir Raupp, que virou réu na Lava Jato. O senador é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção. De acordo com o Ministério Público Federal, ele recebeu R$ 500 mil da construtora Queiroz Galvão, durante a campanha ao Senado em 2010.
Apenas um
Embora as viúvas de Raupp insistam em dizer que o STF já mandou arquivar o processo do ex-senador rondoniense, vale lembrar que o que foi arquivado pelo Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), foi um inquérito da Operação Lava-Jato, onde ele era acusado de intermediar um negócio entre a Petrobras e a empresa Brasília Guaíba, quando teria recebido propina em troca. Na época a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, entendeu não haver provas contra o parlamentar, corroborando as conclusões de um relatório da Polícia Federal ( PF ). Assim, pediu o arquivamento. Raupp, porém, responde a mais uma ação penal e sete inquéritos no STF, a maior parte no âmbito da Lava-Jato e seus desdobramentos.
Quadrilhão do MDB
O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou em setembro de 2017 ao Supremo Tribunal Federal sete membros do PMDB por integrarem organização criminosa que desviou recursos públicos e obteve vantagens indevidas, sobretudo no âmbito da administração pública e do Senado Federal. Os denunciados Edison Lobão, Jader Barbalho, Renan Calheiros, José Sarney, Sérgio Machado, Romero Jucá e Valdir Raupp são acusados de receberem propina de R$ 864 milhões e gerarem prejuízo de R$ 5,5 bilhões aos cofres da Petrobras e de R$ 113 milhões aos da Transpetro. Esta é a 34ª denúncia oferecida pela PGR no âmbito da Operação Lava Jato no STF.
Bloqueio de bens
Em dezembro do ano passado a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba abriu uma ação de improbidade administrativa e pediu o bloqueio de bens dos diretórios nacionais do PSB e MDB, dos senadores Valdir Raupp (MDB-RO) e Fernando Bezerra (PSB-PE) e do deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE). Também foram alvos do pedido da Operação Lava Jato os espólios do ex-senador e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, e do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que concorreu à Presidência pelo PSB. Ambos morreram em 2014.
Muito dinheiro
A força-tarefa pediu o bloqueio provisório de pelo menos R$ 100 milhões de cada um, a fim de ressarcir a Petrobras por desvios em contratos. No caso do MDB, o valor é de até R$ 1,89 bilhão. O valor total cobrado pela ação, entre ressarcimento, multas e danos morais, chega a R$ 3 bilhões.
Destaque
De acordo os procuradores, os senadores Raupp e Bezerra atuavam em nome do MDB e do PSB, e tiveram “atuação destacada” no esquema ao favorecer um cartel de empreiteiras na Petrobras, em troca do pagamento de propinas aos partidos. O MDB teria recebido pelo menos R$ 108 milhões em propina, e o PSB (incluindo o ex-governador Eduardo Campos), R$ 40 milhões.
Costas largas
Segundo a ação, Raupp foi responsável por manter Paulo Roberto Costa no cargo de diretor de Abastecimento da Petrobras, dando prosseguimento ao esquema de corrupção político-partidário instaurado no âmbito da estatal.
Na berlinda
De acordo com o colunista Alan Alex, o ministro Edson Fachin (STF) pretendia levar à julgamento, ainda no primeiro semestre deste ano, três ações penais na Segunda Turma, e uma delas era a do ex-senador de Rondônia, Valdir Raupp de Mattos (MDB), acusado de receber R$ 500 mil da construtora Queiroz Galvão em 2010 como doação de campanha. Um dos delatores afirmou aos investigadores da Lava-Jato que o dinheiro na verdade seria uma “propina”. Como não aconteceu no primeiro semestre a expectativa é de que aconteça até o fim deste ano ainda. O ex-senador afirma que a doação foi legal, foi declarada e que tudo não passa de invenção por parte do delator.