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Diário da Amazônia

Porto, Velho Porto – Histórias da cidade onde nasci e vivo

Nesta edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro de minha autoria, que está prontinho para ser publicado,..

Por Silvio Santos
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Publicado: 22/05/2019 às 14h27min

Nesta edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro de minha autoria, que está prontinho para ser publicado, “PORTO, VELHO PORTO – HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI E VIVO”.

São histórias que pesquisei em publicações de vários autores que se preocuparam com a nossa história como Esron Menezes, Amizael Silva, Abnael Machado de Lima, Yedda Bozarcov, Manoel Rodrigues, Hugo Ferreira e em especial do meu amigo professor Francisco Matias, porém, a maioria das histórias, relatam fatos vividos por mim, já que apesar de ter nascido no Distrito de São Carlos, vivi minha infância, adolescência e vivo até hoje, em Porto Velho.

Muitas das histórias que os amigos tomarão conhecimento a partir de hoje, são exclusivas, pois foram vividas por mim, como é o caso do “O Galinheiro do Colégio Dom Bosco” e muitas outras. Infelizmente pelas normas acadêmicas, meu livro não pode ser considerado como de História, porém, as histórias nele contidas podemos garantir, a maioria, foram vividas por mim e as demais, fruto de dias e dias de pesquisas.

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O DIA 31 MARÇO DE 1964

Agora o Menino Barrigudo já é um rapaz formado, vivendo dias de sucesso como apresentador de três programas na Rádio Caiari. O primeiro entre as seis e as sete horas da manhã, “Avisos Para o Interior”, o segundo das onze ao meio dia, “Sua Música Preferida” e o de maior audiência “Telefone para 272 e Escolha Sua Música”, o primeiro programa de uma rádio de Porto Velho que atendia os ouvintes ao vivo pelo telefone, que ia ao ar entre as 14 e as 16h00. O garoto agora dava suas escapadas à noite pelas boates Anita, Maria Eunice, Tambaqui de Ouro, Mãe Preta, Delícia e tantas outras casas que abrigavam as chamadas “Mulher Solteira”. Barrigudo já não era mais saqueiro na feira livre e nem dava uma de carregador de produtos, que chegavam na Lancha do Beradão e no Trem da Feira. Continuava com o “bucho” quebrado, nada que a camisa não disfarçasse. Barrigudo havia participado da reunião que criou a escola de samba “Império do Samba Pobres do Caiari”, que aconteceu no dia 28 de fevereiro de 1964 e sempre estava na butique “Viadinho de Ouro” do amigo José Carlos Lobo que ficava no Mercado Municipal (hoje Mercado Cultural) bem ao lado da lanchonete do seu Mário e de frente para a Praça Getúlio Vargas.

Aquele dia 31 de março transcorreu normal como qualquer outro dia, a não ser, pelas aprontações que estavam bolando para o dia da Mentira 1º de abril. Inclusive, a turma estava querendo fazer uma alvorada para o Dr. Demerval considerado à época, como o maior mentiroso do pedaço. À noite, já com sua turma da feira, Menino Barrigudo foi assistir um filme no Cine Teatro Reski e de lá foi para o Clube Ferroviário que a época, funcionava num barracão de madeira existente ao lado da praça Mal. Rondon onde a juventude se reunia para dançar Yê Yê Yê ao som do Conjunto “The Clevers” de São Paulo, que passou uma temporada em Porto Velho vindo de Rio Branco Acre, por não ter dinheiro para comprar a passagem de retorno. Era uma terça feira, os Clevers tocando Beatles, Roberto Carlos e os sucessos da época e o Menino (agora rapaz) Barrigudo na paquera. De repente, o Conjunto para a música e um oficial do Exército já no palco, comunica que todos têm uma hora para se recolher as suas residências. Isso era aproximadamente onze horas da noite, o salão ficou repleto de soldados, que com aquela “educação” de militar, com a coronha de seus fuzis, empurravam no rumo da única porta de saída (e de entrada), os jovens que estavam se divertindo. Assim, o Menino Barrigudo presenciou e foi vítima, da primeira ação da Revolução de 1964 em Porto Velho.

O GALINHEIRO DO COLÉGIO DOM BOSCO

Corria o ano de 1961, a Rádio Caiari havia sido inaugurada oficialmente no 21 de fevereiro, então, o então Padre Vitor Hugo, convocou os técnicos Artur Marques, Fernando Barbosa e o sonoplasta faz tudo, Francisco Abemor para instalarem o equipamento para a transmissão da missa de Aleluia. Naquele tempo a missa começava a meia noite.

O Serviço de Aprendizagem Industrial – SENAI também tinha sido inaugurado e além dos alunos de Porto Velho, recebeu alunos oriundos da Bolívia, Guajará Mirim e do estado do Acre. Todos ficaram internados no Colégio Dom Bosco.

No feriado da Semana Santa, o diretor do SENAI professor Francisco (Chico) Otero, decidiu liberar os alunos internos no colégio Dom Bosco para passarem o feriado fora do internato.

Antes, é preciso lembrar que os padres salesianos que residiam no Dom Bosco (hoje Faculdade Católica) na rua Gonçalves Dias, tinham uma criação de galinha branca, acho que as primeiras que apareceram em Porto Velho criadas à base de ração e em consequência, poedeiras fora de série.

Os alunos do SENAI marcaram encontro no pátio da catedral antes da missa começar. Não sei de quem foi a “brilhante” ideia: “Vamos roubar as galinhas dos padres!”. Foi mesmo que jogar gasolina em brasa, todo mundo concordou de imediato. Fomos todos, mais de 100 jovens, estudantes dos cursos de carpintaria, mecânica de manutenção, eletricidade e construção civil no rumo do campo de futebol do colégio Dom Bosco.

Os galinheiros ficavam pelo lado da Carlos Gomes e para o leitor fazer idéia da quantidade de alunos que participaram da “empreitada”, a “cobrinha” (fila) ia da porta do galinheiro, até o final do muro do colégio, pelo lado da D. Pedro II. As galinhas eram passadas de mão em mão até chegar ao último que a colocava num saco de sarrapilha de 60 quilos.

Tudo estava correndo bem, até o padre Vitor Hugo chegar correndo para buscar qualquer coisa que estava faltando para a transmissão da missa do Galo pela Rádio Caiari. Aí um dos nossos, pensando que o padre havia descoberto o “roubo”, largou a galinha no meio do campo de futebol do colégio e em vez de pular o muro pelo lado da Júlio de Castilho, correu para a porta de entrada da Gonsalves Dias e foi visto pelo padre. Resultado, com o alarme a turma largou as galinhas e pulou o muro e se espalhou. Vitor Hugo escolheu um para seguir e o pegou na Sete de Setembro em frente ao Cine Lacerda. Levou o jovem que era um estudante boliviano, até a Central de Polícia que ficava na Farquar com a Carlos Gomes.
O Boliviano apesar da pressão, não entregou ninguém.
O diretor do Colégio Dom Bosco expulsou os internos que estudavam no SENAI, mas, o diretor do SENAI não puniu ninguém.

Epilogo – Só quem saiu perdendo foram os padres, que ficaram sem as galinhas.

NA – Não aconselhamos essa prática!



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