Porto Velho/RO, 26 Março 2024 12:04:45
VARIEDADES

Postagem de Maiara com recomendações aumenta debate sobre ciúme

Cantora da dupla com Maraisa mandou indireta para Leonardo não levar bailarinas para festa de seu namorado

Por Meia Hora
A- A+

Publicado: 23/04/2019 às 07h45min

Quem nunca sentiu ciúme que atire a primeira pedra. O tema tem sido um dos mais comentados nas redes sociais desde que a cantora Maiara (da dupla com Maraisa) recomentou ao cantor Leonardo, na semana passada, que vá ao aniversário de seu namorado, Fernando (parceiro de Sorocaba), nesta segunda-feira, sem levar suas bailarinas, tidas como “beldades estonteantes”. O recado, em tom de brincadeira, foi dado pelo Instagram, mas interpretado como sério por muitos fãs.

“Estava discutindo com o Fernando sobre o aniversário dele, e como você vai cantar (se referindo a Leonardo), fazer o show, falei para ele que não precisa levar as bailarinas, né, Fernando? Só o Leonardo está bom”, disse Maira, sob o olhar incrédulo de Fernando para a câmera. O aniversário será comemorado nesta segunda-feira, em São Paulo, para 250 pessoas, “sem hora para terminar”.

O babado ganhou eco, já que que não foi a primeira vez que Maiara deixou o ciúme pelo namorado transparecer. No início do mês, o sertanejo fez um print de uma vídeo-chamada com ela e questionou os fãs: “Será que só está me assistindo trabalhar ou me vigiando às 5h26 da manhã?”. A enquete, mesmo informal, contou com 69% dos seguidores respondendo que a cantora o estava “espionando”.

Maiara, que ao lado de sua irmã gêmea, alcançou o topo das paradas de sucesso com o hit “Medo Bobo” poderia muito bem justificar seu comportamento com trechos da canção “Medo de Amar”, de Vinicius de Moraes, que diz “que o ciúme é o perfume do amor”, mas que, em excesso, é opressivo e faz com que os relacionamentos se abalem. Os também sertanejos César Menotti & Fabiano, inclusive, têm uma música com o refrão “Ciumenta, para de ser tão ciumenta, desse jeito nenhum homem te aguenta!”

Profissionais ouvidos pelo DIA garantem, porém, que existe um tipo “bom e saudável” de ciúme, que provoca um sentimento de bem querer e pode servir até de combustível para apimentar uma relação. “Mas o limite é muito sutil entre o chamado ciúme bom e o destrutivo. Depende das pessoas que estão se relacionando. Situações de ciúme patológico costumam ser despertadas e manifestadas por personalidades mais propensas a isso, como as impulsivas e inseguras”, adverte o psicólogo Luiz Guilherme Pinto. Ele também sinaliza que, além da predisposição de personalidade, existe a indução do ciúme por substâncias químicas, como o álcool.

A psicóloga, psicanalista e terapeuta familiar, Márcia Modesto, ressalta que, assim como a saudade, o ciúme é um sentimento natural, que acontece em algumas situações e está ligado ao quanto de afeto que uma pessoa coloca em algo ou alguém.

“O ciúme tem três elementos: o que sente, o objeto do ciúme e o que o provoca. Nos relacionamentos, em algum momento, um terceiro elemento pode suscitar ameaça, que pode acionar uma espécie de mecanismo de proteção, com o intuito de defesa afetiva. Nos relacionamentos, sempre traz a ameaça da traição. O sentido de proteção a quem se ama é absolutamente normal, mas se torna patológico na medida que o ciúme se torna recorrente, ao ponto de representar ameaça e cerceamento à outra pessoa o tempo todo”, explica Márcia.

Mulheres verbalizam mais

Impor limites nos relacionamentos e fazer acordos de boa convivência são atitudes saudáveis, segundo especialistas. A falta deles é que afeta e afasta os casais. “Minha experiência mostra que tanto homens quanto mulheres sofrem por ciúmes, mas a mulher parece, em sua maioria, verbalizar mais abertamente sobre essa emoção”, atesta a psicóloga Mariane Caiado.

Ela pondera que o ciúme nunca poderá ser um sentimento considerado bom, quando gera qualquer tipo de sofrimento, derivado do medo de perda, acionado por pensamentos fantasiosos. “Isso resulta em desconforto emocional para um ou ambos, tornando-se doentio”, diz.

Mário Seixas, de 43 anos, vocalista do grupo Mario Seixas & A Banda, e a noiva, a jornalista Janaína Bernardes, 39, dizem que aprenderam a controlar o ciúme ao longo de dois anos de relacionamento.

“Eu tenho um pouco de ciúme, especialmente quando ele é cumprimentado após os shows, e eu não ganho sequer um boa noite de quem o cumprimentou. Mas procuro considerar isso como uma questão de educação. Aprendi a controlar as minhas emoções. No máximo pergunto: `quem é aquela menina que te agarrou, mas não falou comigo?´. Mas sem fazer cenas ou escândalo, pois sei que ele me respeita e que respeita a história de amor que estamos construindo”, garante Janaína, que revela ter aprendido com o sofrimento do ciúme. “Lá pelos 20 anos era super ciumenta, brigava, tirava satisfações e ficava imaginando mil coisas sem sentido da outra pessoa. Hoje, me baseio em equilíbrio e autoconfiança, respeitando limites, espaços”, completa.

“A Janaina é linda fisicamente e atrai muitos olhares. Mas procuro entender que é natural e não demonstrar um ciúme desnecessário e que possa atrapalhar nossa. Ao mesmo tempo, ela também é muito linda por dentro, autêntica, o que me deixa seguro, sem motivos para dúvidas quanto ao nosso amor”, destaca Mário.

Controle excessivo pode provocar tragédias

O ciclo de violência entre casais que vivem relacionamentos doentios, alimentados por ciúmes infundados, irracionais e descontextualizados, costuma seguir a tríade agressão, perdão e reconciliação, que se alternam e mostram que os laços amorosos podem ser mais poderosos que a violência. Desta forma, muitos casais se mantêm unidos por anos e muitas vezes por uma vida toda.

A psicóloga sistêmica Teresa Raquel Brito alerta que há muitas pessoas que confundem ciúmes com controle. São pessoas que precisam ter o controle de tudo a sua volta para se sentirem seguras. Naturalmente acreditam que se o parceiro não as controlarem também é sinal de que não as amam.

“Isso leva o relacionamento a um ciclo de comportamentos abusivos, pois na forma de controle não se estabelece fronteiras e limites. Não há mais o respeito pela individualidade do outro. O parceiro adoecido pelo controle age na tentativa de viver a vida do outro e termina não permitindo que seu par viva a própria vida. Se torna uma bola de neve onde quanto mais se cede, mais se quer. O final disso pode ser trágico”. Afirma.

Muitos casos de feminicídios atuais estão ligados diretamente a crises de ciúmes incontroláveis. Alguns, mais antigos, ficaram marcados na história. Um dos mais rumorosos ocorreu em 30 de dezembro de 1976, quando a socialite mineira Ângela Diniz, foi morta a tiros por seu marido, o empresário Doca Street, em Búzios, na Região dos Lagos. Na época, houve protestos populares pelo país, depois que o assassino ganhou o direito de cumprir a pena de dois anos de reclusão em liberdade, uma vez que a justiça endossou a tese de defesa do criminoso, alegando que ele agiu em legítima honra, tendo a “ matado por amor”.

As manifestações, puxadas por feministas, desencadearam o movimento “Quem ama não mata”, que inspirou minissérie da Globo de mesmo nome e fez com que o caso fosse revisado judicialmente. Doca então foi levado a novo julgamento e condenado a 15 anos de prisão em regime fechado, tendo obtido liberdade condicional posteriormente.

Grupo trata pessoas hiper ciumentas

Quando o sentimento por alguém é tão avassalador que ultrapassa as fronteiras do amor próprio, respeito e da autoestima o resultado pode ser extremamente nocivo. Exemplos deste sofrimento podem ser encontrados entre as mulheres participantes dos grupos denominados Mulheres que Amam Demais Anônimas (Mada).

Em 1985 a psicóloga norte-americana Robin Norwood escreveu o livro “Women Who Love Too Much”, que fundamenta e direciona os encontros do Mada, com base nos princípios dos 12 passos de Alcoólicos Anônimos (AA), estratégia que se estendeu para praticamente todos os tipos de dependências químicas e compulsões comportamentais.

Nas reuniões, que são gratuitas, mulheres buscam alívio para as dores provocadas por relacionamentos abusivos, de muito ciúmes, cobranças, falta de confiança e até situações de violência verbal e/ou física. Há opções de grupos em 14 estados brasileiros. No Estado do Rio de Janeiro há pelo menos dez. Mais informações em www.grupomadabrasil.com.br.



Deixe o seu comentário