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Diário da Amazônia

Poucos lembram hoje a importância de Tancredo Neves

Neste domingo 21 de abril completam-se 34 anos da morte de Tancredo Neves, um dois maiores ícones na história da política brasileira,..

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Publicado: 21/04/2019 às 06h00min

Neste domingo 21 de abril completam-se 34 anos da morte de Tancredo Neves, um dois maiores ícones na história da política brasileira, que ao lado de figuras como Pedro Simon, Franco Montoro, Marcos Freire, Ulysses Guimarães, Dante de Oliveira e tantos outros que escreveram paginas memoráveis na vida deste País, ao combater com equilíbrio e sabedoria política, as diretrizes de uma ditadura que durante 20 anos, censurou a imprensa sacrificando o livre direito de expressão.

Numa nação desmemoriada como o Brasil, o dia 21 de abril, passará em branco. Poucos hão de lembrar que Tancredo Neves acompanhado por outros obstinados pela liberdade de um povo oprimido, empunhando a bandeira das “Diretas Já” arrastou multidões para as ruas e avenidas exigindo novos rumos para a política brasileira.

 Participei ativamente como jornalista, em Campo Grande capital de Mato Grosso do Sul, engrossando o movimento pelas “Diretas Já”. Eleito pelo Congresso Nacional como Presidente da República numa chapa encabeçada ao lado de José Sarney, que não era bem visto pelos militares, Tancredo Neves como todos sabem, adoeceu antes de assumir.  

Nesta época, Eu ocupava o cargo de assessor de imprensa do primeiro governador eleito daquele estado, Wilson Barbosa Martins e apresentava na TV Campo Grande, o programa político “Atualidades”. José Sarney, empossado como vice, nomeou o ministério definido anteriormente de acordo com as lideranças políticas que fizeram parte do movimento que escolheu Tancredo Neves, que continuava internado em estado grave.

 Por uma destas coincidências que às vezes a história nos reserva, o primeiro cargo federal, nomeado em 1985 pelo Ministro da Justiça, Fernando Lyra para Mato Grosso do Sul, fui Eu, ocupando a gerência regional da Empresa Brasileira de Noticias (EBN), hoje Radiobrás. Essa escolha provocou protesto do PT e do PC do B que não aceitavam a indicação avalizada pelo então governador Wilson Barbosa Martins. Os protestos petistas não surtiram os efeitos desejados, a preocupação maior girava em torno da saúde de Tancredo Neves.  

Na noite de 21 de abril de 1985, por volta das 18:30 o telefone tocou em minha residência. Do outro lado da linha Carlos Marchi, diretor presidente da EBN, recomendou: “por ordem do ministro da Justiça Fernando Lyra, informe ao governador, o vice- governador, o comandante da 9ª Região Militar, o prefeito, o presidente do Tribunal de Justiça, o falecimento de Tancredo Neves, que será anunciado em cadeia de rádio e televisão dentro de uma hora”. O objetivo era preparar o espírito das autoridades para a notícia do falecimento.

A parte mais espinhosa da missão era informar pelo telefone ao general Gentil Marcondes, comandante da 9ª Região Militar. Conhecia o general das festas no (CTG) Centro de Tradições Gaúchas Farroupilha. Liguei me identificando e solicitando desculpas pelo incômodo explicando do que se tratava. O general ouviu em silêncio e respondeu: “transmita ao ministro que a 9ª Região Militar manterá o controle dentro da lei”.  

Na sequência comuniquei ao Governador Wilson Barbosa Martins, o vice-governador Ramez Tebet, o prefeito da capital Campo Grande, Juvêncio Cesar da Fonseca, o presidente do Tribunal de Justiça Sérgio Martins. Retornei a ligação informando ao Carlos Marchi, que a missão principalmente junto ao general havia se concretizado com sucesso. Dali meia hora talvez pouco mais, o jornalista Antônio Brito, anunciava para toda a Nação o falecimento de Tancredo Neves.

Ainda guardo no fundo da minha alma e num cantinho da memória, aquela que foi a mais longa das noites de toda minha existência. O clima político era tenso, temia-se, inclusive um golpe militar. Como, jornalista e cidadão na época aos 33 anos de idade fiz a minha parte.  



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