Porto Velho/RO, 18 Março 2024 21:10:36

Larina Rosa

coluna

Publicado: 23/09/2020 às 10h05min

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Precisamos falar sobre feminicídio em Rondônia

A falta de políticas públicas do estado com essas mulheres é o principal motivo para elas não denunciarem os casos de violência

Todo dia uma mulher é agredida em Rondônia. Agora mesmo enquanto você lê esse texto uma mulher, talvez até conhecida sua, pode estar sendo maltratada. Temos uma vergonhosa abundância de casos de estupro e violência contra a mulher no nosso estado. Ocupamos a quinta colocação como o Estado com maior índice de violência contra mulher e o terceiro em estupros, de acordo com o ranking nacional.

Em feminicídio, homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher, Rondônia detém a terceira maior taxa em toda a Região Norte. Os números só não são maiores devido à falta de especificação da polícia que impede o real número de feminicídio no estado. Para se ter uma ideia em 2018 foram contabilizados 8 casos de feminicídios no estado. No ano passado esse número caiu para 6, ou seja, a conta não bate.

A maioria dos casos de feminicídio citados acima acontece por parte dos próprios parceiros e ex-parceiros que por conta da não aceitação, do homem, pelo fim do relacionamento terminam os sucessivos casos de agressões com a morte da mulher.

Agora vem a pergunta que não quer calar: O que está sendo feito para evitar esse triste final da violência em Rondônia? Em todo país aumentaram as campanhas de incentivo às mulheres para impedir casos de agressão e denunciar este tipo de ação. A Lei Maria da Penha criada em 2006 é o principal marco para o enfrentamento à violência doméstica, reconhecida pela ONU como uma das mais avançadas no mundo sobre violência de gênero, vem permitindo processar e condenar os agressores.

Através da Lei o conceito de enfrentamento contra a violência ajudou as mulheres reconhecerem as situações de agressões, porém a busca da interferência do Estado para enfrentar a violência sofrida ainda é precária. A soma do medo do agressor, da preocupação com o destino dos filhos e da dependência financeira faz com muitas mulheres não procurem ajuda por acreditarem que não existe punição. A falta de políticas públicas do estado com essas mulheres é o principal motivo para elas não denunciarem os casos de violência.

As perguntas que serão feitas a seguir são simples, mas fazem todas nós entenderem o motivo da atual situação do estado. Quantas casas de acolhimento para vítimas de violência temos em Rondônia? Por que a delegacia da mulher ainda não funciona 24 horas?  A medida protetiva tem funcionado? O acompanhamento psicológico está sendo realizado durante a pandemia? E quais incentivos estão sendo oferecidos para a independência financeira dessas mulheres?

Não tem segredo, para que o número de feminicídio e agressão de mulheres em Rondônia diminua as perguntas feitas por todas, não devem ser apenas respondidas, mas sim praticadas.


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sobre Larina Rosa

Larina Rosa é natural de Colorado do Oeste, Rondônia. Jornalista, redatora, repórter do Diário da Amazônia que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres na sociedade.

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