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Diário da Amazônia

Projeto Itaú Cultural comemora 30 anos

Coletiva no último dia 18, contou com a presença do diretor Eduardo Saron.

Por Jaylson Vasconcelos Diário da Amazônia
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Publicado: 28/05/2017 às 07h10min

Mostra Modos de Ver o Brasil, a maior realizada pelo projeto

O Itaú cultural celebra seus 30 anos com a mostra: Modos de Ver o Brasil, que será aberta para visitação na próxima quarta-feira até o dia 13 de agosto.

Com entrada gratuita, a mostra reúne uma coleção com mais de 750 obras, 48 delas sendo recém-adquiridas. A mostra reúne na oca do Ibirapuera obras dos mais influentes artistas visuais do Brasil, como Portinari, Mestre Didi e Aleijadinho.
A mostra Modos de Ver o Brasil, a maior realizada pelo Itaú Cultural, traz aspectos dos diversos brasis, abrindo a pluralidade das diversas realidades, culturas, formas de produção e suas implicações no universo simbólico que o País carrega durante os séculos.

“A obra de arte não precisa atravessar o mercado e sim a capacidade de agregar sentidos e significados para o público”, disse o curador da mostra Paulo Herkenhoff.

Para a co-curadora Thaís Rivitti, a mostra veio para tirar a lógica da arte pré-estabelecida, para fortalecer os horizontes do público, trazendo obras completamente diferentes, mas que sejam relevantes independente da lógica mercadológica:
“A ideia da mostra não é centralizar um núcleo específico, mas trazer esse diálogo com produções igualmente relevantes, muito embora exista uma certa discrepância por questões de mercado, onde certos artistas são invisibilizados, mas o nosso enfoque é trazer aos olhos do público as obras como singulares e relevantes, dialogando umas com as outras e agregando valores que é o papel fundamental da arte”, disse Thaís.

Seguindo a lógica de correlação as obras que ocupam toda a extensão da oca, (edifício projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer), estão conectadas entre si, mas de um jeito não linear o que permite que o indivíduo costure sua própria percepção.

O espaço

Gravuras, pinturas e video arte ocupam os quatro andares do espaço, que foi pensado em ser dividido em camadas, no andar térreo São Paulo convida os visitantes para uma visita a cidade, trazendo influências do modernismo, grafite e evolução da fotografia.

O primeiro piso traz uma leitura sobre a segunda guerra mundial onde é possível ter as mais diversas formas de concepções, as obras contém leituras transversais, poéticas, bidimensionais e tridimensionais, o ambiente gera a reflexão de como este tema afetou o produzir da arte no Brasil, assunto que se faz pertinente em questões dos artistas até os dias de hoje.

Amazônia também está representada na mostra

O segundo andar traz o barroco que para o curador da mostra, Paulo Herkenhoff é uma forma de arte que une o Brasil e que permite ver o mundo em movimento. O piso aborda realidades do País como a realidade das terras indígenas e a escravidão, o andar lança uma reflexão sobre a formação social do Brasil e o contexto afro-brasileiro é minuciosamente delineado neste andar. O subsolo é voltado para a arte experimental, a cultura pop preenche o espaço, teoria dos valores, gambiarra e subjetividade. Neste andar é possível ver obras da paraense Berna Reale e do modernista Portinari.

A cultura permeia diversas esferas, modificando realidades e trazendo o outro como objeto de reconhecimento, sobre o papel da cultura na sociedade atual e os seus limites explica o curador.

“Estamos atracados na vanguarda do atraso, a racionalidade produz um progresso, mas quem somos nós na sociedade que nos une. Reconhecer os nossos sonhos simplórios a favor de todos é reafirmar que a cultura supera espaços geográficos e preconceitos”, disse o curador Paulo Herkenhoff.

A Amazônia está bem representada na mostra, obras de artistas locais ocupam o espaço com seu significado e questionamentos, trazendo os mistérios da terra, das folhas e das águas, reconectando o Brasil com sua mais antiga origem, Paulo comenta a presença da Amazônia na mostra:

“Se as pessoas ao intermédio da arte conseguirem fazer uma leitura crítica, ela certamente vai ser instrumento de transformação, e não de reprodução de modelos, um modelo gerado pela crítica é experimental, voltados para a igualdade de justiça, ou a relação com os índios, a Amazônia que fala sobre todos nós, e está representada aqui com o trabalho da Berna Reale, Claudia Andujar que fotografou os Ianomânis e leva em seu discurso a ética em relação aos índios, Luiz Braga, Emanuel Nassar, e o próprio Éder Oliveira que fala do ribeirinho, desse homem com um pé na selva amazônica e o outro na cidade e que precisa dar seu jeito para superar as adversidades e sobreviver”, disse o curador.



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