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Diário da Amazônia

Quando falta a noção de medida

Vivemos em um mundo tridimensional, diz a geometria. Para conseguir se situar neste contexto, nada melhor do que ter pelo menos alguma..

Por Nilton Salina
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Publicado: 17/03/2019 às 13h45min

Vivemos em um mundo tridimensional, diz a geometria. Para conseguir se situar neste contexto, nada melhor do que ter pelo menos alguma noção de medida, caso contrário um problema que alguns podem considerar micro em pouco tempo se transforma em macro. Isso vale também para quem acredita que pode lidar com tudo de forma meramente técnica, embora ocupe um cargo que na verdade é político.

Dentro desta situação está o secretário de Estado da Saúde de Rondônia, Fernando Máximo, que na última semana ficou em evidência em duas situações. Em uma delas, há o áudio de uma ligação telefônica de uma senhora, desesperada porque o primo precisava ser transferido do João Paulo II para o Hospital de Base e não havia vaga.

Fernando Máximo explica à mulher, tecnicamente, que não pode transferir o primo dela, e ainda por cima cita o Ministério Público. Depois disso, diz na gravação que precisa resolver problemas macro, e que sua missão é trabalhar no macro. O paciente vai a óbito no dia seguinte, e a prima diz que o secretário pode cuidar do macro, porque o micro faleceu.

Como se fosse pouco, o presidente da Assembleia Legislativa, Laerte Gomes (PSDB), telefonou para o secretário e não foi atendido. Um assessor disse que Fernando Máximo retornaria a ligação, mas isso não aconteceu até a sessão da última terça-feira. Laerte disse que não pediria nada para si, mas sim para pacientes em estado grave.

Se o presidente de um Poder não consegue ser ouvido pelo secretário da Saúde, imagine o cidadão comum. A frase anterior não é minha, e sim do próprio Laerte Gomes. A impressão que se tem é que Fernando Máximo não conseguiu atender o telefone porque estava resolvendo problemas macro.

Em primeiro lugar é necessário entender que vidas humanas não podem ser tratadas como números, como índices. O secretário dizer à desesperada prima de um paciente que toda semana recebe centenas de demandas pontuais como aquela beira a insensibilidade, algo oposto ao que se espera de uma autoridade.

Há secretários de Estado que parecem pensar serem o máximo, deixando de atender deputados. E há um que é de verdade o Máximo, que não atende nem o presidente da Assembleia. Parecem esquecer que o Legislativo, além de criar leis, tem o poder da fiscalização dos atos do Executivo. Por falar nisso, secretarias foram reformuladas, mas essa reformulação não passou pela Assembleia. Como os deputados atenderão os secretários, para discutir a questão?



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