O dia ficou marcado pela morte de quatro manifestantes em Cartum, segundo a oposição e o Comité de Médicos, organização que vem registando o número de mortos e feridos desde o início das manifestações que levaram, em abril, à deposição do Presidente, Omar al Bashir.
“A reação de desobediência civil teve uma resposta que superou os 90%”, disse Mohamed Ziauddin, porta-voz da coligação opositora Forças de Consenso Nacional, que integra a Plataforma Forças para a Liberdade e Mudança, que têm liderado os protestos desde o seu início em dezembro.
Citado pelas agências de notícias internacionais, Mohamed Ziauddin indicou que a capital, Cartum, e outras cidades do país se converteram em “cidades fantasma” como resultado da resposta de uma grande parte da população “à chamada da oposição à desobediência, apesar do terrorismo das forças governamentais que enfrentaram os manifestantes e montaram barricadas”.
“A maioria das instituições privadas e públicas e os mercados fecharam”, disse, acrescentando que a oposição continuará com a desobediência e a greve até que a junta militar entregue o poder aos civis.
Segundo o Comité dos Médicos, com mais estas quatro mortes, ascende a 118 o número total de vítimas mortais desde a passada segunda-feira, quando as forças militares recorreram à força para desmobilizar um acampamento de manifestantes, montado há dois meses em frente à sede do Quartel General das Forças Armadas, na capital sudanesa.
A oposição convocou para hoje atos de “desobediência civil” em todo o país, para protestar contra a violência das forças armadas sobre os manifestantes.
Hoje, na capital sudanesa circulavam apenas veículos e vários grupos de manifestantes tentaram cortar as ruas principais, o que foi impedido pelas forças de segurança.
O aeroporto de Cartum manteve “uma atividade normal” de voos nacionais e internacionais, apesar de alguns funcionários terem faltado ao trabalho, segundo Abas Saadaldino, subdiretor da empresa encarregada da gestão.