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Refilmagem de ‘Carrie – A Estranha’ perde na comparação com filme de 1976

SÃO PAULO, 5 Dez (Reuters) – Há um problema de origem em refilmagens de clássicos do cinema tão icônicos quanto “Carrie..

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Publicado: 07/12/2013 às 12h38min | Atualizado 21/04/2015 às 20h32min

558141SÃO PAULO, 5 Dez (Reuters) – Há um problema de origem em refilmagens de clássicos do cinema tão icônicos quanto “Carrie – A Estranha” (Brian de Palma, 1976). Descontados os fãs que, de antemão, concluem por sua irrelevância, a expectativa gerada sobre uma nova versão descamba em comparações muitas vezes injustas. Sem falar da parcela de espectadores que desconhecem o original, mas querem ver algo novo na tela.

Esta é a cilada em que se mete esta produção, dirigida pela cineasta americana Kimberly Peirce, premiada pela direção de “Meninos Não Choram” (1999). Como a fonte está um tanto seca, já que se baseia no livro homônimo de Stephen King – devorado por Brian de Palma e, mais tarde, por David Carson em filme feito para TV (2002) -, ficam evidentes suas limitações para recriar a história.

As mudanças, assim, referem-se mais ao estilo de Kimberly de filmar. O resultado, no entanto, mostra-se bastante comercial, sem nada que realmente estabeleça uma marca da diretora e contendo os exageros dos filmes de terror convencionais, quando se explicitam os elementos que deveriam trazer tensão às cenas.

Carietta White, ou Carrie (Chloe Grace Moretz), é uma adolescente frágil e deslocada, que sofre nas mãos de seus colegas de escola. Filha de uma fanática religiosa, Margareth (a irrepreensível Julianne Moore), passou sua infância envolvida pela loucura abusiva de sua mãe. Para se ter uma ideia, nasceu em casa porque Margareth acreditava que a gestação se tratava de um câncer.

Criada com essa ideia enviesada de educação (não sabe o que é menstruação, por exemplo), Carrie vira motivo de chacota na escola e alvo predileto de crueldades por parte do grupo de meninas liderado por Chris Hargensen (Portia Doubleday). Nesse momento, tem apenas o apoio de Sue Snell (Gabriella Wilde), uma das malvadas que passa por uma crise de consciência.

Secretamente, Carrie começa a desenvolver poderes de telecinese, a habilidade de mover objetos com o poder da mente. É a partir desse ponto que a narrativa ganha tensão, em especial quando ela é vítima de um trote cruel durante o baile de formatura, sequência icônica desde o filme de Brian de Palma, quando a protagonista, encharcada em sangue, vinga-se de seus colegas de escola.

Ao recontar essa história, o filme falha em alguns pontos, a começar pela escolha de Chloe Grace Moretz para o papel de protagonista. Reconhecida por sua atuação vigorosa em “Kick-Ass” e sensível na refilmagem norte-americana de “Deixe Ela Entrar”, sua caracterização aqui em nada se assemelha à fragilíssima Carrie criada por Stephen King.

Mais do que uma escolha equivocada, que está ligada também ao trabalho irregular com os atores, há um problema de roteiro. Quando Carrie começa a testar seus poderes e controlá-los, a narrativa está mais para “X-Men”, do que propriamente coerente com o original.

A telecinese manifesta-se em momentos de grande trauma para Carrie, tornando-se incontrolável para a adolescente, cujas emoções estão em ebulição. No roteiro escrito por Roberto Aguirre-Sacasa (de série de TV “Glee”), com base no de Lawrence D. Cohen (parceiro de Brian de Palma em 1976), que também assina este, a protagonista pode até voar.

Se é inevitável que os fãs do primeiro filme torçam o nariz para uma nova versão, e comparações possam parecer injustas devido às indispensáveis atualizações da trama, era de se esperar excelência para um novo público. Em vez disso, o que se pode ver nesta produção é apenas uma adaptação mediana de mais um cultuado filme de terror.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)



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