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Reforma tributária: Um embuste

Todo candidato a qualquer tipo de eleição obriga-se a conquistar o eleitor através de promessas capazes de garantir-lhe o voto. Desde..

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Publicado: 19/07/2014 às 18h49min | Atualizado 26/04/2015 às 21h08min

Todo candidato a qualquer tipo de eleição obriga-se a conquistar o eleitor através de promessas capazes de garantir-lhe o voto. Desde Ramsés II vem sendo assim, apesar de no Antigo Egito inexistirem cédulas, urnas e computadores. O importante, para quem pretende o poder, é conquistar o apoio daqueles que lhe garantirão a supremacia no governo.
Tome-se a reforma tributária, um dos principais temas dos programas dos principais candidatos à presidência. De Dilma a Aécio e a Eduardo, eles juram que o desenvolvimento só se consolidará quando o país estiver livre de tantos encargos tributários.
A palavra de ordem dos candidatos começa por um embuste, o de que se mais cidadãos e mais empresas pagarem impostos, todos acabarão pagando menos. O diabo é que existem, na sociedade, aqueles que não pagam porque não podem, ou que pagam pouco pela impossibilidade de dispor de muito. Fazendo a carga tributária deslocar-se para os menos privilegiados, estarão livrando as elites de parte substancial de seus encargos.

Houve tempo em que o clero e a nobreza estavam isentos de impostos. Recaía sobre os demais o sacrifício de sustentar não apenas o Estado, mas a Nação, mesmo quando ela não existia. Hoje mudou muito pouco. Nenhuma igreja paga impostos, desde as evangélicas, novas, até as velhas, tornando-se dispensável citá-las. A nobreza mudou de figura. Passou do berço, ainda que não totalmente, para as contas bancárias. É para essa categoria, hoje dita empresarial, que se voltam os candidatos. São elas a fonte de recursos para a eleição da maioria dos que pretendem chegar ao poder. São os que pagam impostos, mesmo proporcionalmente muito menos do que o cidadão comum. Pois a conta vai de novo para eles, quer dizer, para nós, se essa apregoada reforma tributária dos candidatos presidenciais não for obstada.

Dilma, Aécio e Eduardo carecem de outros mecanismos senão o de prometer retirar a carga tributária de uns e colocá-la sobre os ombros de outros. Poderão, até mesmo, dar o dito pelo não dito, depois que um deles for eleito, mas correrão o risco da instabilidade e da deposição, depois de haverem despertado e dado força ao monstro da desigualdade social. Em suma, se continuarem a prometer mais benesses e favores a quantos já os possuem e por isso são capazes de elegê-los, mas imaginando retirá-los em seguida, precisarão prestar-lhes contas mais cedo do que imaginavam.



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