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Rondônia sem simulador de direção

Desde o dia 1° deste mês está em vigor a resolução 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna obrigatório o uso..

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Publicado: 14/01/2014 às 03h26min | Atualizado 21/04/2015 às 01h14min

simuladorDesde o dia 1° deste mês está em vigor a resolução 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna obrigatório o uso do Simulador de Direção Veicular em todos os Centros de Formação de Condutores (CFC’s) do país, para os aqueles que pretendem tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria “B” (automóveis leves). Mesmo sendo obrigatório, em Porto Velho as autoescolas ainda não disponibilizam o equipamento aos clientes.

De acordo com o dono de um CFC, Jorge Guedes, a empresa, assim como as demais da Capital, ainda não comprou o simulador. O empresário reclama do valor do equipamento. “Enquanto o simulador não vem nossos clientes estão praticando as aulas sem o aparelho”, disse o proprietário. O valor de cada simulador varia de R$ 40 mil a R$ 60 mil. Consequentemente o valor do investimento será repassado aos alunos. O valor da CNH, que hoje custa em média R% 1.500, deve ficar entre 20% e 30% mais cara, ou seja, alta de R$ 200 a R$ 300.

Leonardo Ribeiro, dono de outra autoescola, confirma o novo valor da Carteira Nacional de Habilitação. “Isso é certo, esse valor extra será repassado aos condutores. O aumento deve chegar a R$ 400, mas a culpa não é nossa, não fomos nós que exigimos esse simulador”, desabafou Ribeiro.

O comerciante considera que o simulador não é garantia de que os alunos sairãos preparados para dirigir nas ruas, como diz a resolução. “Isso é apenas uma simulação, não é exatamente o que acontece de verdade no trânsito da vida real. O que os aprendizes necessitam são de aulas práticas para entender o que irão encontrar na loucura do trânsito dessa cidade”, finalizou Ribeiro.

Simulador está em falta do mercado brasileiro

A exigência da resolução 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é que o aluno faça, pelo menos, de 5 horas aulas de 30 minutos, com intervalo mínimo de mais 30 minutos, ministradas após início das aulas teóricas e, antes da expedição da Licença para Aprendizagem de Direção Veicular (LADV). As aulas serão realizadas nos CFCs das categorias “A, B ou A/B”, desde que cumpridos os requisitos de infraestrutura física previstos pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito).

O empresário Leonardo Ribeiro conta que o simulador está em falta no mercado. “Já pesquisamos e apenas cinco empresas são responsáveis em produzir o simulador para cerca de 20 mil autoescolas no Brasil. Estamos fazendo nossa parte, mas nem tudo funciona como a gente quer”, concluiu.

Por outro lado, alguns fabricantes de simuladores – são apenas quatro no Brasil – reclamam que as autoescolas deixaram para fazer os pedidos na última hora e quase ao mesmo tempo, fato que está dificultando a entrega dos equipamentos, porque é muita procura em um período muito curto. Como exemplo, na grande São Paulo, uma empresária encomendou o simulador em junho e a entrega está prevista para este mês, conforme divulgado em um portal de notícias na internet.

DETRAN VAI SOLICITAR PRORROGAÇÃO DO PRAZO

Assim como aconteceu em alguns outros estados do Brasil, o Detran de Rondônia também vai pedir ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), um prazo maior para cumprir a determinação de usar simuladores de direção nas autoescolas, conforme informou o diretor adjunto do Detran no Estado, Antônio Manoel. “As CFC’s de todo o estado, principalmente do interior, possuem grandes dificuldades em construir toda a estrutura exigida para abrigar o equipamento. Há um conjunto de procedimentos que ainda precisam ser discutidos e revistos, tanto para os CFC’s quanto para o próprio Detran. Penso que com esse prazo poderemos montar uma estratégia de ação quanto a isso”, explicou o adjunto.

Também como exemplo de estrutura grandiosa que o simulador exige, Antônio Manoel citou a captura de imagens do aluno, para comprovar que ele fez as aulas exigidas e a biometria – sistema que identifica a impressão digital da pessoa. “Não adianta apenas comprar o simulador, pois sem esses dois itens o Detran não tem como realizar as fiscalizações que são exigidas. Isso comprova o quanto os CFC’s e o Detran precisam trabalhar em parceria e isso deve acontecer assim que definirmos essa prorrogação de prazo”, destacou o diretor.

CRISE

O proprietário de um Centro de Formação de Condutor (CFC), Renato Carvalho, vê com muita preocupação a nova exigência do Contran. Ele teme uma crise nos CFC’s de todo o Estado em razão do auto custo do simulador e ainda os gastos com a manutenção e adequações. “O simulador não sai por menos de R$ 40 mil. Mas, ainda tem a manutenção de cerca de R$ 1.800 por mês, além do espaço físico que deve ser construído para abrigar os simuladores. Como os donos irão arrumar esses espaços se a maioria funciona em pontos alugados?” indaga Carvalho.

Ainda de acordo com Renato, também deveria ter simulador para outros veículos. “Não entendo como existe apenas simulador de carros, se fosse uma coisa séria, deveria ter simulador para caminhão, ônibus e motos. Será que os clientes não deveriam ter um simulador para esses outros veículos? Acredito que sim, afinal eles também estão tirando a Carteira Nacional de Habilitação”, desabafa Renato Carvalho.



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