Porto Velho/RO, 29 Março 2024 03:20:17
Diário da Amazônia

Segóvia põe em dúvida trabalho da própria PF

Novo diretor da PF questiona se ‘uma única mala’ é suficiente para incriminar Temer.

Por G1/Globo
A- A+

Publicado: 21/11/2017 às 06h40min | Atualizado 21/11/2017 às 09h36min

Suspeita é de que Fernando Segóvia tenha sido indicado por Temer para abafar a Lava Jato

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, afirmou ontem (20) que a investigação que levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a denunciar o presidente Michel Temer poderia ter sido mais longa. Para ele, se a apuração estivesse “sob a égide” da PF, e não da PGR, a corporação pediria mais tempo para avaliar “se havia ou não corrupção”.

Segóvia afirmou que “uma única mala” “talvez” seja insuficiente para comprovar se os investigados cometeram crime de corrupção. O diretor da PF se referia à mala com R$ 500 mil em dinheiro – supostamente propina – entregue em abril deste ano pelo executivo Ricardo Saud, do frigorífico JBS, para o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG). Ex-assessor e homem de confiança de Temer, Rocha Loures foi preso em razão do episódio. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário final do dinheiro.

Na entrevista coletiva que concedeu após a posse, Segóvia foi questionado se o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que apresentou a denúncia contra o presidente, seria investigado.

No início deste ano, quando veio à tona a delação da JBS, Temer se disse alvo de perseguição por parte do ex-procurador-geral – posteriormente, o acordo de delação premiada da JBS, que deu base à denúncia, foi suspenso pela suspeita de que um ex-auxiliar de Janot – o ex-procurador Marcello Miller – orientou os delatores quando ainda estava no Ministério Público.
Segóvia respondeu que uma investigação sobre Janot dependeria de um pedido, o que ainda não ocorreu. “Se vamos ou não investigar o dr. Janot, dependerá de abertura de investigação, se é que alguém vai pedir abertura de investigação em relação a tais fatos”, disse.

Segovia disse que quem estabeleceu o “deadline” (tempo limite) para o fim da investigação foi a PGR.

“Talvez ela seja a melhor a explicar porque foi feito aquilo naquele momento e por que Joesley [Batista, sócio do grupo J&F, controlador da JBS] sabia quando ia acontecer para ele poder ganhar milhões no mercado de capitais”, disse, em referência às suspeitas de que os donos da JBS lucraram com a delação premiada, negociando ações e moeda antes de sua divulgação.



Deixe o seu comentário