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RONDÔNIA

Sema quantifica emissão de gases

O estudo do Sequestro de carbono é algo novo no Brasil e pioneiro em Rondônia.

Por Ariadny Medeiros Diário da Amazônia
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Publicado: 14/08/2015 às 05h00min

As queimadas e a fumaça proveniente delas determinam as quantidades de gases emitidos tais como carbônico (CO2) e monóxido de carbono (CO)

As queimadas e a fumaça proveniente delas determinam as quantidades de gases emitidos tais como carbônico (CO2) e monóxido de carbono (CO)

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) solicitou um estudo para elaborar um diagnóstico preliminar das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) relativas ao município de Porto Velho, durante o ano de 2013. A iniciativa faz parte da instituição de políticas de mudanças climáticas, biodiversidade e serviços ambientais da Sema. O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesan) realizou o estudo tendo um resultado negativo para a capital.

A emissão (ton CO2e) em Porto Velho com aproximadamente 428.527 habitantes é de 17.228.450 enquanto no Rio de Janeiro com a população de 2.452.185 a emissão é de 22.321.280.

Dados do Idesan explicam que o sequestro de carbono é a quantificação de GEE emitidos ou removidos da atmosfera durante um período de tempo. Para se mensurar a emissão desses gases foram analisados a venda de combustível na cidade, consumo de gás natural e óleo diesel, geração de resíduos sólidos urbanos, efluentes líquidos, aplicação de fertilizantes sintéticos, pecuária, cultivo de arroz e desmatamento.

O estudo do Sequestro de carbono é algo novo no Brasil e pioneiro no Estado de Rondônia, explicou Lucinara Camargo Araújo Souza, chefe de monitoramento de qualidade ambiental, da Sema. Segundo ela, o resultado mostra o quanto o município pode lucrar com os projetos de Redução das emissões por Desmatamento e Degradação Ambiental (REDD +).

Resultado ruim para a capital

A avaliação de Porto Velho foi ruim, analisou Lucinara “além das nossas emissões a gente recebe influência de outros Estados dos gases que ficam em suspensão”. O problema é mais sério porque a cidade está situada numa área de transição, pois os gases vêm com a fumaça de material particulado de outras regiões, afirmou Camargo.

O reflorestamento realizado pela secretaria acontece de forma pontual “é feito nas áreas verde e no entorno das nossas unidades de conservação, nas APPs”, relatou a chefe de monitoramento. Com a instituição dessa política o município ganha força para cobrar responsabilidades dos poluidores e reconhecer àqueles que trazem benefícios para natureza “poderemos agregar valores para os projetos daqueles que fazem bem ao meio ambiente”, conclui Lucinara.

O projeto de Sequestro de Carbono faz o cálculo da emissão de gases e o quanto a floresta em pé está capturando desses gases poluentes, ressaltou Camargo. “Existe o crédito de carbono mas algumas instituições poluidoras não conseguem compensar a emissão”, disse ela. Segundo Lucinara o plantio de árvores é fundamental.

Queimadas causam grande parte da emissão de CO2

Queimadas causam grande parte da emissão de CO2

Árvores na fase juvenil absorvem mais gases

As árvores na sua fase juvenil, em desenvolvimento, com idades entre cinco a seis anos, absorvem uma quantidade maior de gás carbônico “o carbono é o alimento da planta, além disso uma única árvore serve de habitat a uma imensa fauna, filtra e mantém a qualidade o solo, água e o ar, e traz conforto ambiental em relação ao clima”, disse Lucinara. Ela ressalta que além desses benefícios as árvores no meio urbano ajudam a diminuir o ruído dos veículos e na área rural atuam no fomento à biodiversidade.

No topo das emissões de poluentes está o desmatamento, o fator das queimadas estaria inserido nesse processo “com o desmatamento você perde em CO2 e pela fumaça, quando você tira uma árvore ela também libera gases. Outro fator que polui o ar são os veículos e indústria”, conclui Lucinara.

Encontro Regional discute estratégias 

Rondônia faz parte do arco do desmatamento, que é região onde a fronteira agrícola avança em direção à floresta, sendo a área com os maiores índices de desmatamento da Amazônia “nosso Estado está muito desmatado, está em segundo lugar, quanto mais próximo da área urbana maior é o desmatamento”, explicou Camargo.

Os veículos e as indústrias são as principais fontes de poluição no meio urbano

Os veículos e as indústrias são as principais fontes de poluição no meio urbano

Na tentativa de reverter esse quadro a Sema está desenvolvendo o plano diretor de arborização urbana “está em construção e em outubro faremos o encontro regional norte de arborização urbana que vai discutir estratégias para melhorar, plantar e fazer uma gestão de qualidade com relação a arborização urbana nas cidades”. Relatou a chefe de monitoramento ao informar que o encontro será representado por um membro de cada Estado da região norte.

A emissão de gases tem consequência direta no efeito estufa “o ozônio mantém o calor da terra controlado, os gases impedem os raios de voltar para atmosfera, provocando degelo das calotas e superaquecimento” explicou Lucinara. Ela ressalta que a Amazônia é importante para o clima de outras partes do mundo “o que forma aqui de calor e frio faz mudanças importantes em outros lugares. A floresta de pé é mais do que fundamental para o planeta”, esclareceu Camargo dizendo que a região norte tem maior responsabilidade em proteger essa região.

Estudo proporciona maior arrecadação

A conclusão do estudo de mudança climática serviços ambientais e biodiversidade será apresentada para a aprovação na Câmara. O resultado mostra o potencial de crédito de carbono no Estado e isso pode aumentar o recolhimento para o município “O Idesan já fez uma última etapa, estamos esperando a parte burocrática e o relatório de prestação de contas, mas a gente tem pressa porque isso vai gerar arrecadação para o município” afirmou Lucinara. Segundo ela, as próprias empresas terão que compensar o município pela emissão de gases já que a iniciativa vai ajudar com o maior problema, que é manter o controle das áreas verdes para preservação das áreas de florestas.

 



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