A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) solicitou um estudo para elaborar um diagnóstico preliminar das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) relativas ao município de Porto Velho, durante o ano de 2013. A iniciativa faz parte da instituição de políticas de mudanças climáticas, biodiversidade e serviços ambientais da Sema. O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesan) realizou o estudo tendo um resultado negativo para a capital.
A emissão (ton CO2e) em Porto Velho com aproximadamente 428.527 habitantes é de 17.228.450 enquanto no Rio de Janeiro com a população de 2.452.185 a emissão é de 22.321.280.
Dados do Idesan explicam que o sequestro de carbono é a quantificação de GEE emitidos ou removidos da atmosfera durante um período de tempo. Para se mensurar a emissão desses gases foram analisados a venda de combustível na cidade, consumo de gás natural e óleo diesel, geração de resíduos sólidos urbanos, efluentes líquidos, aplicação de fertilizantes sintéticos, pecuária, cultivo de arroz e desmatamento.
O estudo do Sequestro de carbono é algo novo no Brasil e pioneiro no Estado de Rondônia, explicou Lucinara Camargo Araújo Souza, chefe de monitoramento de qualidade ambiental, da Sema. Segundo ela, o resultado mostra o quanto o município pode lucrar com os projetos de Redução das emissões por Desmatamento e Degradação Ambiental (REDD +).
Resultado ruim para a capital
A avaliação de Porto Velho foi ruim, analisou Lucinara “além das nossas emissões a gente recebe influência de outros Estados dos gases que ficam em suspensão”. O problema é mais sério porque a cidade está situada numa área de transição, pois os gases vêm com a fumaça de material particulado de outras regiões, afirmou Camargo.
O reflorestamento realizado pela secretaria acontece de forma pontual “é feito nas áreas verde e no entorno das nossas unidades de conservação, nas APPs”, relatou a chefe de monitoramento. Com a instituição dessa política o município ganha força para cobrar responsabilidades dos poluidores e reconhecer àqueles que trazem benefícios para natureza “poderemos agregar valores para os projetos daqueles que fazem bem ao meio ambiente”, conclui Lucinara.
O projeto de Sequestro de Carbono faz o cálculo da emissão de gases e o quanto a floresta em pé está capturando desses gases poluentes, ressaltou Camargo. “Existe o crédito de carbono mas algumas instituições poluidoras não conseguem compensar a emissão”, disse ela. Segundo Lucinara o plantio de árvores é fundamental.
Árvores na fase juvenil absorvem mais gases
As árvores na sua fase juvenil, em desenvolvimento, com idades entre cinco a seis anos, absorvem uma quantidade maior de gás carbônico “o carbono é o alimento da planta, além disso uma única árvore serve de habitat a uma imensa fauna, filtra e mantém a qualidade o solo, água e o ar, e traz conforto ambiental em relação ao clima”, disse Lucinara. Ela ressalta que além desses benefícios as árvores no meio urbano ajudam a diminuir o ruído dos veículos e na área rural atuam no fomento à biodiversidade.
No topo das emissões de poluentes está o desmatamento, o fator das queimadas estaria inserido nesse processo “com o desmatamento você perde em CO2 e pela fumaça, quando você tira uma árvore ela também libera gases. Outro fator que polui o ar são os veículos e indústria”, conclui Lucinara.
Encontro Regional discute estratégias
Rondônia faz parte do arco do desmatamento, que é região onde a fronteira agrícola avança em direção à floresta, sendo a área com os maiores índices de desmatamento da Amazônia “nosso Estado está muito desmatado, está em segundo lugar, quanto mais próximo da área urbana maior é o desmatamento”, explicou Camargo.
Na tentativa de reverter esse quadro a Sema está desenvolvendo o plano diretor de arborização urbana “está em construção e em outubro faremos o encontro regional norte de arborização urbana que vai discutir estratégias para melhorar, plantar e fazer uma gestão de qualidade com relação a arborização urbana nas cidades”. Relatou a chefe de monitoramento ao informar que o encontro será representado por um membro de cada Estado da região norte.
A emissão de gases tem consequência direta no efeito estufa “o ozônio mantém o calor da terra controlado, os gases impedem os raios de voltar para atmosfera, provocando degelo das calotas e superaquecimento” explicou Lucinara. Ela ressalta que a Amazônia é importante para o clima de outras partes do mundo “o que forma aqui de calor e frio faz mudanças importantes em outros lugares. A floresta de pé é mais do que fundamental para o planeta”, esclareceu Camargo dizendo que a região norte tem maior responsabilidade em proteger essa região.
Estudo proporciona maior arrecadação
A conclusão do estudo de mudança climática serviços ambientais e biodiversidade será apresentada para a aprovação na Câmara. O resultado mostra o potencial de crédito de carbono no Estado e isso pode aumentar o recolhimento para o município “O Idesan já fez uma última etapa, estamos esperando a parte burocrática e o relatório de prestação de contas, mas a gente tem pressa porque isso vai gerar arrecadação para o município” afirmou Lucinara. Segundo ela, as próprias empresas terão que compensar o município pela emissão de gases já que a iniciativa vai ajudar com o maior problema, que é manter o controle das áreas verdes para preservação das áreas de florestas.