Um grupo de 45 pessoas, entre ex-seringueiros e familiares daqueles que já faleceram, foi de Rondônia a Brasília para participar, ontem, da audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Eles viajaram 48h para mostrar que não concordam com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada recentemente na Câmara dos Deputados. Na próxima terça-feira, senadores da Amazônia vão buscar acordo que possa atender satisfatoriamente às demandas dos ex-combatentes.
A proposta, conhecida como PEC dos Soldados da Borracha, eleva o benefício de R$ 1.356 para R$ 1.500. Porém, desvincula o valor do índice de correção do salário mínimo. Se ganhassem como os demais combatentes da Segunda Guerra Mundial, os soldados da borracha estariam recebendo R$ 4 mil por mês. Há pelo menos 12 anos eles lutam para ter esse direito. Dos cerca de 60 mil seringueiros recrutados na época, apenas seis mil ainda estão vivos.
O sub-chefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Ivo Corrêa, disse que o governo Federal está disposto a renegociar a proposta aprovada pela Câmara, mas que teme que a reabertura das discussões adie a decisão definitiva.
O representante do Sindicato dos Soldados da Borracha de Rondônia, George Telles, reforça que a PEC aprovada pela Câmara acaba com os direitos adquiridos pelos soldados da borracha. “Estamos chegando a um entendimento através do diálogo. Precisamos de justiça urgente às famílias desses combatentes. Isso é direito”, ressaltou Telles.
O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) participou da audiência e se comprometeu publicamente a apresentar uma emenda “no sentido de aumentar o valor mensal pago aos soldados da borracha; alterar o termo de ‘indenização’ para ‘abono’, aumentar o abono e transformar o indexador do reajuste, que hoje é a inflação, para o salário mínimo. Devemos isso aos soldados da borracha e precisamos fazer isso ainda este ano”, defendeu o senador.