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Six feet under, conheça a série que fala do luto

A série é um retrato da humanidade e mudará sua percepção a respeito da vida.

Publicado: 17/09/2017 às 07h00

Para onde vamos? o que fazemos aqui? quem nunca se pegou no dilema acima em algum momento? Vida e morte, é neste paradoxo indecifrável, ao qual, assola a humanidade desde tempos imemoriáveis, que a série americana Six Feet Under se engendra. Escrita por Allan Ball, a trama com o título em português “A Sete Palmos” foi transmitida em 2001 pelo canal HBO. Cogitada por críticos como a melhor série da década, teve seu final em 2005, contabilizando 63 episódios, que são divididos em 5 temporadas. A produção conta a história dos Fisher, uma família tradicional dos EUA, exceto pela profissão herdada pelo Pai (Nathaniel Fisher), de cuidador de mortos.

A série trata a questão do luto e da perda com naturalidade, ambientada neste clima lúgubre, somos levados a encarar de uma forma mais madura o processo de morte. Sempre ao começar um novo episódio é exibido o falecimento de alguém, algumas cenas são convincentes, pois, são formas mais habituais, já outras são de tirar boas gargalhadas pela forma irônica que acontecem, contudo, as passagens induzem o espectador a questionar sobre como a vida é frágil e efêmera, existe também uma dose de humor negro que permeia todas as temporadas, algo que diminui o peso em algumas situações.

Six Feet Under é uma série marcada por contradições, não existem respostas prontas e evidentes como a maioria das produções realizadas atualmente, esta característica pode ser provocada justamente pela carga dos temas que vão sendo destrinchadas, além das questões cruciais que circunda toda a trama, como a vida e a morte, a obra também aborda de forma sutil os relacionamentos, nos confrontando com as idiossincrasias dos personagens.

É fácil o espectador se enxergar nos dilemas que cada personagem traz consigo, como a Mãe que sempre fez concessões na vida, mas nunca foi feliz, ou o filho mais velho que assume os negócios do pai por imposição, a desajustada adolescente que procrastina a vida adulta, a nora que enfrenta suas compulsões, e o outro filho que usa da rigidez nas convicções para esconder sua fragilidade.

O elenco primoroso traz Peter Krause como Nathaniel Fisher Jr, o seu irmão David, interpretado por Michael C. Hall. A família Fisher também inclui a mãe Ruth (Frances Conroy) e a irmã Claire (Lauren Ambrose). Completando a lista de personagens, temos o assistente da funerária, Federico Diaz (Freddy Rodriguez), a namorada e eventual esposa de Nate, Brenda Chenowith (Rachel Griffiths), e o policial Keith Charles (Mathew St. Patrick).

A série aborda temas como traição, família, fé, sexualidade, arte e aceitação, mas perpassa todas estas questões, se mostrando bem mais complexa combinada por todos os inúmeros elementos, tramas, discussões e subtramas. A série também não ensina nada, tudo é apresentando como a vida é, inconclusiva, sem verdades absolutas. A forma como foi escrita e dirigida se torna tão real, que é como se estivéssemos olhando a vida do vizinho pelo buraco da fechadura, adentrando as esferas das peculiaridades de cada um.

Para assistir “ A Sete palmos”, é bom ter estômago, tempo e paciência, pois a medida que a trama evolui, as questões se tornam cada vez mais profundas, incitando a reflexão, não existem respostas prontas, a série mostra um retrato cru da vida, que se torna uma realidade aterradora para quem vive, e neste contraste a morte se apresenta como uma inefável redenção de tudo.

Solidão, processos de luto e perdas, além dos traumas que cada um carrega, a série mostra que é possível seguir em frente e contemplar cada segundo que nos resta da vida, nos colocando abertamente a reflexão sobre o que nos torna humanos, sobre as ambiguidades que é estarmos vivos e, sobre conviver com as incertezas. É improvável que o espectador não saia modificado depois do episódio final, em um ocidente onde somos pouco incentivados a pensar sobre a morte, a série vem trazer o tema de volta ao imaginário das pessoas e lembrar que estamos a cada dia mais perto dos sete palmos.

Por Jaylson Vasconcelos Diário da Amazônia

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