Porto Velho/RO, 23 Março 2024 22:13:11
Diário da Amazônia

Soja inadequada está estocada irregular

500 toneladas de soja estão armazenadas ao ar livre na região central de Porto Velho e mau cheiro gera reclamações e denúncia

Por Redação Diário da Amazônia
A- A+

Publicado: 01/02/2020 às 07h45min | Atualizado 31/01/2020 às 11h39min

Foto: divulgação/ Diário da Amazônia

Há pelo menos 20 dias trabalhadores de empresas vizinhas ao local tem se incomodado com um forte mau cheiro que vem o pátio ao lado. O odor era tido como um mistério para moradores e funcionários da região até que a origem do problema foi descoberto. Um estoque de soja armazenado fora dos padrões estão apodrecendo a céu aberto.

No hotel, de alto padrão, próximo ao local, os funcionários ficaram intrigados, sem saber a origem do odor, que vinha incomodando os hóspedes e os colaboradores há quase um mês.

O mal cheiro vem comprometendo a qualidade do hotel porque os hóspedes suspeitavam que o odor estaria no estabelecimento.

O recepcionista, Alisson Silva Pereira, disse que os hóspedes têm reclamado do mau cheiro. “Eles têm perguntado se há alguma fábrica de ração aqui próximo, ou, se há vazamento de esgoto”, relatou.

O mal cheiro vai longe. O lavador de carros Jonatas Pessoa Lima, que trabalha cerca de 300 metros de onde a soja está armazenada disse que “na hora de intenso calor, parece ter um cadáver apodrecendo ali perto”.

A vida das famílias do entorno também foi afetada. O Professor Raimundo Costa, que mora nas proximidades deixou de fazer suas caminhadas vespertinas devido ao odor. “Mesmo dentro de casa, o fedor é tão forte que nós não conseguimos nem dormir”, acrescentou o professor. Outras ações da rotina da vizinhança também foi alterada desde que a carga de soja foi despejada por ali.

Extrema gravidade

A suspeita surgiu quando a gerente comercial de uma grande loja de conveniência na proximidade, passou a receber reclamações de clientes e funcionários.

Foto: divulgação/ Diário da Amazônia

 

Michelle Da Fonseca Silvério, Gerente Comercial da Havan, disse que “o mau cheiro invade o estacionamento coberto e o interior da loja. Há uma praça de alimentação no local e, o odor tem provocado reclamações e afastamento dos clientes”, informou a gerente.

A soja armazenada irregularmente está no pátio da Amazon Fort, Soluções Ambientais, que no segundo semestre de 2019, foi contratada para dar destinação final à 1500 toneladas de milho e soja, que estavam sendo transportadas em uma balsa para Manaus.

Origem

A balsa bateu em um banco de areia e toda a carga sofreu umidade. A carga que deveria ter sido destruída, tomou destino totalmente diferente. Meses depois, 650 toneladas dos grãos foram apreendidas pela Polícia Civil, sob suspeita de estarem sendo comercializadas, em um silo, próximo à jaci-Paraná.

Foto: divulgação/ Diário da Amazônia

A suspeita é de que essa mesma soja tenha vindo parar nesse local, em uma área densamente povoada da capital.

À época em que foi feita a apreensão do cereal em Jaci-Paraná, a Amazon Fort alegou que estava secando a soja para depois incinerá-la, e não para ser vendida, embora gravações comprovem que o material estava sendo vendido. Até hoje a empresa não incinerou nem deu outra destinação final adequada ao material.

Além de configurar um crime ambiental, o armazenamento do produto, que em contato com chuva e sol, fermenta, gerando gases, exalando odores, atraindo roedores, é também, configurando-se um grave desrespeito à convivência urbana.

Saúde afetada

Tanto na loja de conveniências, como na empresa de transportes, há relatos de, pelo menos 20 funcionários, que deram entrada com atestado médico, após terem náuseas, vômito e diarreia, que podem estar relacionados ao fato de respirarem gases vindos dessa pilha de cereais, em fermentação.

Yuri Enrique Andrade que trabalha numa empresa de transportes ali próximo esteve doente nesses últimos dias, com vômitos, dor de cabeça e diarreia. “O mal cheiro é horrível. Chaga a invadir o refeitório da empresa”, reclamou.

Não há, entretanto, comprovação de que os casos de doenças estejam relacionados à exposição aos gases oriundos da soja ali armazenada.

O caso já é de conhecimento da Secretaria Municipal De Meio Ambiente (SEMA) e do ministério público estadual (MPE).



Deixe o seu comentário