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Editorial

coluna

Publicado: 10/03/2019 às 08h00min

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Super salários e previdência e a urgência das respostas

Uma ilha da fantasia de autos ganhos em relevante disparidade com a realidade da maioria dos brasileiros.

No final de fevereiro o país viveu momentos de apreensão com o projeto de reforma da Previdência, apresentado pelo governo Bolsonaro, que rendeu longos e preocupantes debates. Trabalhar mais e ganhar menos numa fase da vida em que o individuo já não tem o mesmo potencial físico e emocional é uma preocupação geral. Num país de tantas instabilidades políticas e econômicas, o pensar no futuro é algo ainda mais relevante.

Apesar do marasmo do período de carnaval em que nada de discute no país além das alegorias, um projeto de lei (PL 6726/16) que tramita na Câmara dos Deputados contrapõe a realidade da maioria da população produtiva do Brasil. O projeto trata da proposta de combate aos super salários pagos pela administração pública, principalmente nos poderes. Uma ilha da fantasia de autos ganhos em relevante disparidade com a realidade da maioria dos brasileiros.

E não são apenas os salários acima da média prevista no artigo 37 da Constituição Federal, que impõe limites aos ganhos do funcionalismo, mas os benefícios que agregam e tornam ganhos reais a cada mês. Entram aí os auxílios moradia, transporte, alimentação, roupa, saúde, e tantos outros que no total ultrapassam quaisquer quantidades e valores suficientes para manutenção pessoal ou familiar dos donos de volumosos contra-cheques. O que não faltam são argumentos para o relator, deputado Rubens Bueno (PPS-PR), que quer recolocar o projeto em pauta.

Discutir os altos salários no mesmo momento da reforma da Previdência dará muita dor de cabeça ao governo. Mas é importante abrir o debate e saber o que de fato está por trás do suposto rombo da Previdência, estimado em R$ 381 bilhões, sendo R$ 202 bi de déficit de 35 milhões de trabalhadores e outros R$ 179 bi de déficit de 4 milhões de servidores.

A reforma da Previdência é necessária para sanar e garantir o futuro do sistema, porém se faz necessário uma discussão ampla e detalhada para que o trabalhador não pague a conta sozinho. De outro lado, o governo precisa rever e acelerar outros sangramentos das contas públicas, a exemplo dos super-salários, para que haja mais justiça social e menos desigualdade. O país tem vários ralos por onde vazam o dinheiro público e todos esperam que haja controle, fiscalização e fim de tamanha vazão.


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