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Editorial

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Publicado: 14/03/2019 às 09h34min

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Tragédia coletiva é para louco ou revoltado?

O país está comovido com as mortes ocorridas na Escola Estadual Professor Raul Brasil, que fica no bairro Jardim Imperador, em Suzano..

O país está comovido com as mortes ocorridas na Escola Estadual Professor Raul Brasil, que fica no bairro Jardim Imperador, em Suzano (SP). Muito se especula sobre essa modalidade criminosa, conhecida como tragédia coletiva.

Casos parecidos ocorreram em 2011 numa escola em Realengo (RJ), durante missa em 2018 na Catedral Metropolitana de Campinas (SP), e muitos outros em diferentes épocas e lugares do mundo. As especulações giram em torno de acessos dos jovens aos jogos violentos de videogames, à vingança de bulling nas escolas, o uso desregulado de armas de fogo, rebeldia ou vingança.

O certo é que a tragédia coletiva sempre existiu nas sociedades, desde épocas em que não existiam games, bulling e armas de fogo. A psiquiatria ver esse tipo de comportamento como doença mental já que racionalmente um ser humano jamais praticaria tamanha crueldade de forma compreensiva. Geralmente os ataques acontecem a partir de pessoas sem efeito drogas, o que reforça a tese de loucura.

O caso mais recente foi explicado pelo psiquiatra forense Guido Palomba como “Folie à deux” (Loucura a dois) que é um sintomatologia psicopatológica na qual sintomas psicóticos são compartilhados por duas pessoas, geralmente da mesma família ou próximas. Nesse caso os agentes são um indutor e outro induzido (que é o indivíduo influenciado).

Convivem em interdependência e são cúmplices em idéias e ações. Agindo em dupla ou individualmente, os atiradores sempre anunciam antes suas pretensões de formas subliminares ou até diretamente, mas pelas pessoas não compreenderem ou não perceberem as loucas intenções, acabam passando despercebidas.

É preocupante esse tipo de comportamento porque, como explica Palomba, na hora de cometer a tragédia o(s) assassino(s) procura(m) o seu lugar de convívio. Por isso sempre ocorrem em escolas, igrejas e outros grupos sociais.

A ação no universo em que faz parte é facilitada por uma questão de saber das rotinas e fragilidades que favorecem no planejamento e realização dos atos.

Assim, quem freqüenta qualquer lugar público ou coletivo tem o risco de ser vítima desse tipo de ação, gerada pelo comportamento sintomático de um possuidor do distúrbio. Meios preventivos contra essas ocorrências são difíceis de programar já que os indivíduos que praticam os assassinatos coletivos aparentemente não demonstram qualquer comportamento que possa causar desconfiança. É visto como uma pessoa normal e fora de suspeita.


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