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Diário da Amazônia

Uma gestão desagregadora

Bolsonaro tem procurado desgastar o ministro Sérgio Moro, mas apenas o deixa ainda mais fortalecido.

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Publicado: 26/01/2020 às 10h22min

Medidas anunciadas de forma intempestiva têm sido marcado a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Isso deixa evidente o despreparo, ou demonstra o lado revanchista do presidente. Justamente por não ponderar sobre o que fala, Bolsonaro tem sido o campeão de recuos. O caso mais recente foi, sob argumentos de que havia sido reivindicação feita por secretários de segurança pública, com os quais esteve reunido, em Brasília, Bolsonaro anunciou a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança Pública, hoje sob o comando de Sérgio Moro.

Mais do que atender à reivindicação dos gestores estaduais de segurança pública, Bolsonaro mencionou que o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, também é favorável à recriação da pasta. Afinal de contas, tem sido público e notório que Maia tem feito de tudo para desgastar o ministro Moro. Basta ver o resultado do pacote anticrime. Ele esvaziou a nova lei ao descartar propostas apresentadas pelo ex-juiz federal e atual ministro da Justiça.

Em Nova Delhi, na India, onde se encontra em visita diplomática, Bolsonaro mais uma vez recuou e descartou a recriação da pasta da Segurança Pública. Ou seja, o presidente mostra que não costuma pensar antes de falar ou anunciar medidas que impactam o seu governo. O recuo do presidente fortalece o ministro Sérgio Moro, cuja popularidade é bem maior que a do próprio Bolsonaro.  Moro tem procurado respeitar a hierarquia, mas não esconde o descontentamento com medidas tomadas pelo presidente. O caso do juiz de garantias é um dos exemplos em que o ministro deixou muito claro sua contrariedade pelo fato de Bolsonaro não ter vetado quando sancionou a lei anticrime.

Na verdade, Jair Bolsonaro não tem sido nada diplomático e age como desagregador em seu próprio governo. Enquanto procura enfraquecer o seu principal aliado, este se fortalece cada vez mais perante a população. Não será surpresa nenhuma a filiação de Moro a algum partido para disputar a Presidência da República em 2022. Essa decisão jogaria por terra qualquer possibilidade de reeleição de Bolsonaro.



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