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Diário da Amazônia

Venda de livros camuflava esquema de corrupção

Polícia Federal diz que ex-governador de MS preso lavava dinheiro com livros do filho.

Por O Globo
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Publicado: 15/11/2017 às 05h50min

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), utilizou a venda de livros de Direito Constitucional de seu filho, o advogado André Puccinelli Júnior, para lavar dinheiro de um esquema de corrupção que movimentou cerca de R$ 235 milhões, segundo a Polícia Federal (PF). Os dois presos preventivamente (sem prazo para soltura), na manhã de ontem, como parte da Operação Papiros de Lama.

“Entende-se que o ex-governador comandava, tinha operadores e era beneficiário do esquema de lavagem que perdura até hoje”, declarou o delegado da PF e diretor regional de combate ao crime organizado Cleo Mazziotti.

A Operação Papiros de Lama, 5ª fase da Lama Asfáltica deflagrada ontem, foi realizada pela Polícia Federal utilizando como base a delação do pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, que foi operador de André Puccinelli entre 2006 a 2013 e é apontado como operador de Joesley Batista em Mato Grosso do Sul.

Alvo de fases anteriores da operação, Ivanildo foi o único a procurar as autoridades para negociar um acordo de delação, segundo Mazziotti.

O esquema revelado pelo delator, ainda segundo a PF, envolvia o uso dos direitos autorais da venda de livros de Direito escritos por André Puccinelli Júnior e o repasse de valores pelo Instituto Ícone, voltado para o ensino jurídico e do qual Puccinelli Júnior é sócio.

Segundo o delegado, Ivanildo recebia 30% dos valores repassados em propina no desvio de obras públicas do Estado.

“O senhor Ivanildo pegava esse dinheiro, muitas vezes em espécie, e recebia uma quantia por ser operador do esquema. Foram repassados R$ 20 milhões na época da campanha no último período de governo. Só pela JBS foi repassado R$ 1,2 milhão ao Instituto Ícone”, afirmou Mazziotti.

O advogado da família Puccinelli, Renê Siufi, disse que a defesa tentará derrubar a prisão preventiva do ex-governador e de seu filho. A defesa alega que “nada foi encontrado” nas residências de seus respectivos clientes durante o processo de busca e apreensão realizado durante a manhã.

“Sabe o que levaram do apartamento dele (André Puccinelli)? Só o celular da mulher”, disse ao GLOBO.



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