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VARIEDADES

Xuxa: “Já fui chamada de interesseira, garota de programa de luxo e acusada de ser um mau exemplo”

Vamos falar sobre algo que vivo desde que me conheço por gente: preconceito. Quando cheguei ao Rio, eu era chamada de interiorana. Achavam..

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Publicado: 07/08/2020 às 15h51min | Atualizado 07/08/2020 às 15h58min

Foto: reprodução

Vamos falar sobre algo que vivo desde que me conheço por gente: preconceito. Quando cheguei ao Rio, eu era chamada de interiorana. Achavam graça do jeito como eu falava, riam do lugar onde eu nasci (minha linda Santa Rosa, no Rio Grande do Sul), diziam que eu era caipira. Depois, aos 16 anos, quando comecei a trabalhar, me chamavam de suburbana. Eu pegava um trem e levava uma hora para chegar à Central do Brasil e de lá pegava outra condução para estar ao lugar marcado, o que é a realidade de muita gente.

Depois, aos 17 anos, namorei Pelé, o maior ídolo do país por 6 anos e foi aí que eu conheci a maldade real das pessoas. Fui chamada de puta, interesseira que queria aparecer às custas de um rico famoso, garota de programa de luxo e muitos outros nomes. Quando comecei a trabalhar para crianças, aos 20 anos, fui taxada de loira burra, despreparada. Disseram que eu tinha relações com as Paquitas, com minha diretora e que eu não poderia trabalhar com o público infantil.

Comecei outro relacionamento, com o segundo maior ídolo desse país, o que incomodou muita gente. Diziam que era um relacionamento de fachada. Depois, resolvi ter minha filha aos 35 anos sem me casar e disseram que eu era mau exemplo para os públicos infantil e adolescente. O então ministro José Serra, na época, disse até que eu estava incentivando as jovens a seguir o meu exemplo. Será que trabalhar muito, ter uma conta bancaria alta, ser uma mulher independente, resolver ter filho aos 35 anos, cuidar da saúde, não fumar, não beber, são maus exemplos?

Não ter o pai da Sasha ao meu lado fortaleceu o que sempre falavam: que eu gostava de mulheres, não prestava, era uma prostituta de luxo, etc… Aos 50 resolvi “casar” sem cartório ou festa e, novamente, não sou bom exemplo, já que digo que estou feliz e com cara de bem comida ao lado do homem que escolhi. Isso choca? Sim, choca, porque para muitos, eu não tenho direito de ter uma vida sexual depois dos 50.

Raspei a cabeça e… “Oi? Como assim? Tá louca? Queremos você de cabelo comprido.” “Não coloca botox” Oi? Como assim? “Não queremos ver suas rugas, elas nos lembram que também estamos ficando velhos.”

Tem ainda quem quer me atingir falando do filme Amor, Estranho Amor, de Walter Hugo Cury, um cineasta premiado da época. Muitas pessoas nem viram o filme. Para quem não viu, vou contar a sinopse: eu fazia o papel de uma menina de 15 anos comprada no interior para ser dada a um político. Nada a ver com a minha biografia, mas amam dizer que sou eu, a “Xuxa dos Baixinhos” e não a personagem, menina que foi vendida para um prostíbulo – que aliás é um tema tão atual…

Fonte: vogue



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