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Diário da Amazônia

Foco na qualidade do pasto no Estado

A genética não faz sentido se o alimento não for de qualidade, diz Evandro Padovani.

Por Chagas Pereira Diário da Amazônia
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Publicado: 05/11/2017 às 05h00min

Os investimentos na qualidade do pasto são fundamentais para garantir a qualidade também do leite produzido, de acordo com recomendação da Secretaria Estadual de Agricultura

A qualidade do leite produzido no Estado está relacionada diretamente ao alimento que é oferecido ao rebanho, porque não adianta ter um animal de boa genética quando a ele não é oferecida alimentação de qualidade. A avaliação é do secretário estadual de Agricultura, Evandro Padovani, ao destacar que ao produtor cabe colocar em prática tudo o que lhe é transmitido em termos de tecnologia, consultoria e capacitação. A genética há muito vem sendo focada, mas o secretário Evandro Padovani entende que é preciso ampliar as discussões sobre a questão da alimentação do rebanho. Segundo ele, o alimento consumido pelo animal se transforma em energia e cabe ao produtor pensar no alimento diferenciado e mais consistente para que haja aumento produtivo.

Como a maioria dos pastos no Estado está degradada, Padovani acentua que o pasto rotacionado é de fundamental importância no contexto da produção de leite, com a análise, correção e adubação do solo, incluindo um sistema de irrigação adequado. Segundo o secretário, produzir leite é um bom negócio, mas torna-se necessário que o produtor esteja comprometido com a qualidade, tendo em vista que o preço é determinado pelo mercado e normalmente a qualidade é um fator determinante. Nesse aspecto, ele observa que os laticínios pagam melhor uma produção de qualidade e que isso exige que o produtor invista mais em infraestrutura para que não tenha o leite que produz descartado. “Hoje os produtores são atendidos por meio de consultorias, treinamento e capacitação do Sebrae e do Senar e assistência técnica da Emater, sempre com o objetivo de aumentar a produtividade e elevar a qualidade do leite para que o produtor não fique refém dos preços”, menciona. Com aproximadamente 40 mil propriedades rurais produzindo em torno de 2,2 milhões de litros/dia, com mais de 100 mil pessoas diretamente envolvidas na cadeia produtiva, Rondônia é o Estado com maior produção de leite da Região Norte e o sétimo maior produtor nacional.

No Estado, o setor leiteiro é composto, principalmente, por pequenos produtores que têm uma grande importância para a economia estadual, conforme destaca o secretário Padovani. Ele diz que dobrar a produção é perfeitamente possível, inclusive levando em conta que as indústrias trabalham com 45% de sua capacidade.

Controle do leite produzido no estado será mais rigoroso

O coordenador de desenvolvimento agropecuário da Seagri, Júlio Cesar Rocha Peres, disse que é a primeira vez que Rondônia direciona uma feira exclusivamente para o produtor de leite, principalmente porque as indústrias têm reclamado da quantidade de leite produzido no Estado. Segundo ele, a feira representa uma grande oportunidade para que os produtores de leite conheçam novas tecnologias e equipamentos que possam alavancar a produção e garantir a qualidade. “O produtor deve focar na qualidade do alimento que é oferecido aos animais. A pastagem precisa ser vista como lavoura porque é a base do sustento do rebanho bovino leiteiro”, orienta. A Rondoleite tem como meta orientar o produtor para que a escolha da tecnologia seja de acordo com a que melhor lhe convém.

De acordo Júlio Cesar, hoje o leite produzido no Estado não tem qualidade para ser utilizado como matéria-prima para outros produtos industrializados e, no primeiro trimestre de 2018, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Idaron estarão ampliando e intensificando a fiscalização junto à cadeia produtiva do leite, objetivando a qualidade da produção no Estado. Hoje a análise do leite é feita fora do Estado, mas a partir de março passará a ser feita no Laboratório de Qualidade do Leite, instalado no campus da Embrapa em Porto Velho. “Esse laboratório irá contribuir para reverter um quadro que inviabiliza investimentos pelas indústrias em novos produtos e mostrar que precisamos evoluir. Precisamos acabar com o papel do tirador de leite e abrir espaço para o produtor de leite”, destaca.

Feira para o produtor de leite

É com o propósito de oferecer aos produtores de leite novos conhecimentos técnicos e tecnológicos que nos dias 16 e 17 deste mês, em Ji-Paraná, sera realizada a 1ª Feira do Agronegócio do Leite (Rondoleite), no Centro Tecnológico Vandeci Rack, com palestras, vitrine tecnológica, exposição de máquinas, fórum e debates, além da comercialização de bovinos de aptidão leiteira.

“O leite que vai para a mesa de sua família é um negócio de família, e esse setor é estimulado pelo governo Estadual, por meio do acesso à informação, de melhorias práticas, novas tecnologias e equipamentos”, salienta o secretário Evandro Padovani, acrescentando que a Rondoleite será um grande evento voltado ao desenvolvimento do setor leiteiro e também um grande fórum que permitirá traçar novas diretrizes e ampliar as oportunidades do negócio do leite em Rondônia. O leite é uma comodity e faz parte da cesta básica, além de gerar receita importante para os produtores, cujo preço é nivelado e atualizado nacionalmente com base na produção e na demanda de consumo.



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