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Diário da Amazônia

Tradição junina apagada

Antigamente, quando as tradições do nosso povo eram mais respeitadas, no dia de hoje 23 de junho, véspera do dia de São João, a cidade..

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Publicado: 23/06/2018 às 06h12min

Antigamente, quando as tradições do nosso povo eram mais respeitadas, no dia de hoje 23 de junho, véspera do dia de São João, a cidade “ardia” com tanta fogueira. Os bois bumbás desfilavam pelas ruas, rumo as residências dos chamados “categas” onde se apresentavam, em troca de pagamento de cachê,

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Geralmente os “categas” montavam um arraialzinho e convidavam os mais chegados para apreciar, além das danças folclóricas, as iguarias regionais tipo munguzá, bolo de macaxeira, aluá de milho, quentão, pato no tucupi e vatapá, enquanto a juventude brincava de passar fogueira de compadre e comadre, padrinho e madrinha e até namorado e namorada.

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Os donos da casa contratavam um trio de forró com Sanfona, Zabumba e Triângulo para animar a festa após a apresentação do boi bumbá. Isso acontecia em muitas casas. Como já disse os “categas” mais famosos em promover esse tipo de encontro era: O seringalista Paiva (pai do Chiquito e do Janjão), Pedrinho do Bar do Canto, Teodorino Torquato Dias dono da Casa Saudade, Mourão Paulo e irmãos proprietários do Armazém Tico Tico, Girão José Machado dono da Casa Girão, José Oceano Alves, Tufy Matny isso entre os comerciantes.

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Tinham os “categas” do bairro Caiari que também promoviam seus arraiais e contratavam grupo de bois bumbás para dançar.

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O interessante era a maneira de como essas pessoas, pagavam o cachê do grupo. Era assim: Durante a apresentação do boi bumbá se realizava o ritual do Auto do Boi que consiste no desejo de Catirina em comer a língua do boi e esse desejo é atendido pelo seu marido Pai Francisco (Nego Chico), que mata o boi e depois acusa seu compadre Cazumbá. O Amo do Boi convoca então os vaqueiros e rapazes para prenderem os dois “Nego” Escravos e estes alegam que os “Negos” Véios eram muito valente e então o Amo manda chamar o Diretor (Tuxaua) dos Índios que com seus cabos prende Nego Chico e Cazumbá junto com Catirina e Mãe Maria. Nessas alturas Nego Chico tira a língua do boi e oferece ao dono da casa que a compra por um valor previamente combinado. Assim era pago o cachê do Boi Bumbá naquele tempo.

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Não falei em quadrilha junina, porque as apresentações desses grupos, aconteciam em sua maioria na quadra dos colégios. Naquele tempo a brincadeira mais valorizada era a de Boi Bumbá.

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Hoje os grupos folclóricos, tanto de Boi Bumbá como de Quadrilha, passam por dificuldades para confeccionarem suas indumentárias, para se apresentar no Arraial Flor do Maracujá.

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Ha alguns anos, o governo estadual e o governo municipal não destinam recursos para os grupos investirem em suas apresentações, no Arraial Oficial.

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Aqui temos que abrir um parêntese, para elogiar a atitude dos dirigentes da empresa MARQUISE que desde o ano passado, vêm colaborando com os grupos folclóricos de Porto Velho, destinando recursos para estes adquirirem suas fantasias.

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A MARQUISE segundo seus dirigentes, entende que o investimento em cultura, é fundamental para a preservação da tradição de um povo. Talvez por ser uma empresa nascida em Fortaleza (CE), onde o folclore é valorizado, a Marquise vem colaborando com nossos grupos de Bois e Quadrilhas.

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Segundo a direção da Federação de Grupos Folclóricos de Rondônia – Federon a Marquise já se comprometeu, a repassar para os grupos folclóricos que irão se apresentar na XXXVII Mostra de Quadrilhas e Bois Bumbás – Arraial Flor do Maracujá o valor de R$ 200 MIL

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Tanto o governador Daniel como o prefeito Hildon estão empenhados em conseguir juntos a outras empresas, mais recursos para nossos grupos folclóricos. Tudo indica que eles vão conseguir.

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E Viva São João!



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