“Se foi ilegal, a gente vê lá na frente”, diz Bolsonaro sobre denúncia contra chefe da Secom. O presidente afirmou que Fabio Wajngarten continua no cargo, disse Bolsonaro em coletiva à imprensa”.
PSOL e REDE vão à justiça!
O senador Randolfe da Rede e parlamentares do PSOL anunciaram que vão entrar nesta quinta-feira, 16, com uma Ação Popular na Justiça Federal de Brasília para pedir a revogação da nomeação do Secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten. A decisão é motivada por reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que apontou que o chefe da Secom recebe dinheiro de emissoras de televisão e de agências de publicidade por meio da FW, empresa em que é sócio.
A Ação na Justiça para demitir Fábio da Secom.
A ação será assinada pelo presidente da sigla, Juliano Medeiros, e pelo líder do partido na Câmara, o deputado Ivan Valente, além do líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues. A peça, diz Medeiros, é sustentada em duas leis: de conflito de interesses e improbidade administrativa.
“Conflito de interesses, porque deveria ter se afastado (da empresa), e não se afastou. E improbidade porque, mesmo sabendo que era ilegal, manteve o vínculo, direcionando recursos públicos a emissoras”, afirmou Medeiros a VEJA. “É mais um caso que demonstra que o governo Bolsonaro não é transparente e ético. Torná-lo visível faz parte da luta contra a corrupção”, completa Medeiros. No Twitter, Valente acusou o governo de “incompetência, autoritarismo e ideias absurdas”. “Corrupção também é uma de suas marcas”, acrescentou o líder do PSOL.
Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” publicada na última quarta-feira revelou a existência de conflito de interesse envolvendo o assessor. Ele comanda o órgão que define gastos publicitárias do governo e ao mesmo tempo mantém-se como sócio principal de uma empresa que recebe de emissoras e agências de publicidade beneficiadas pela Secom.
Denúncia.
Segundo a “Folha”, Wajngarten permanece como sócio da FW Comunicação e Marketing. Ele tem agências e TVs como clientes, entre eles a Band e a Record, que também recebem do governo, e cuja participação na verba publicitária da Secom vem crescendo nos últimos anos.
Para o jornal, a prática implica conflito de interesses e pode configurar improbidade administrativa, já que a lei “proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões”.
O que pesa sobre Fábio?
Wajngarten é sócio da FW Comunicação e Marketing, dona de contratos com ao menos cinco empresas que recebem recursos direcionados pela Secom, entre elas as redes de TV Band e Record, como revelou o jornal Folha de S.Paulo. O secretário afirmou que os acordos comerciais foram feitos antes de seu ingresso na Secom – o da Band, por exemplo, há 16 anos. Esses contratos, segundo ele, “não sofreram qualquer reajuste ou ampliação” desde então.
A quarta-feira no Palácio do Planalto foi marcada por reuniões convocadas por Bolsonaro para tratar da nova crise. A comunicação do governo está sob fogo cruzado e é atacada pelo grupo do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), que já a definiu no Twitter como “uma bela de uma porcaria”.
Em seu lugar na companhia, Wajngarten deixou Fabio Liberman, irmão do número 2 da Secom, Samy Liberman. Adjunto de Wajngarten, Samy trocou Miami por Brasília para assumir o cargo e é visto no Planalto como o braço direito do chefe. Seu irmão aparece nos registros da Receita Federal como dono ou sócio de dez firmas, que atuam em setores variados, de reprodução humana a negócios imobiliários.
Na quarta, no início da noite, o chefe da Secom utilizou o canal oficial de TV do governo para se defender da reportagem sobre sua atividade empresarial. A emissora, controlada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), está subordinada à sua secretaria. O pronunciamento de 18 minutos foi veiculado no canal TV Brasil 2.