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Diário da Amazônia

A mulher que engravidou para que filho gay pudesse ser pai

Cecile Eledge emprestou barriga para gestação; avó e neta passam bem.

Por BBC Brasil
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Publicado: 05/04/2019 às 11h52min

Uma americana de 61 anos deu à luz a sua própria neta na semana passada ao emprestar sua barriga para a gestação do bebê de seu filho homossexual e do marido dele.

Cecile Eledge vive no Estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Ela e a recém-nascida, Uma Louise, passam bem.

A criança é a primeira filha de Matthew Eledge, filho de Cecile, e do marido dele, Elliot Dougherty.

Em entrevista à BBC, Cecile diz ter partido dela a iniciativa de se oferecer como barriga de aluguel quando Matthew e Elliot disseram que queriam constituir uma família. Inicialmente, todos achavam se tratar de uma brincadeira. “É claro que todos riram.”

“Foi muito bonito da parte dela. Ela é uma mulher muito desprendida”, diz Elliot.

Foi apenas quando Matthew e Elliot começaram a pesquisar opções para ter um bebê que ouviram de um médico especialista em reprodução assistida que a oferta de Cecile parecia ser uma opção viável.

Ela passou por uma entrevista e por uma bateria de testes. Ao final do processo, recebeu a luz verde de que poderia emprestar a barriga para a gestação da neta.

“Sou muito preocupada com minha saúde”, diz ela. “Não havia razão alguma para duvidar que eu pudesse gestar o bebê.”

Matthew forneceu o esperma e a irmã de Elliot, Lea, doou os óvulos.

Elliot, que trabalha como cabeleireiro, diz que, embora casais heterossexuais costumem considerar a fertilização in vitro como último recurso, para eles era sua “única esperança” de gerar um filho biológico.

Cecile diz que a gravidez transcorreu tranquilamente, embora tenha tido mais efeitos colaterais do que nas gestações de seus três filhos anteriores.

E, surpreendentemente, a idade avançada para a gravidez não foi um empecilho para a gestação.

Prova disso foi que, uma semana depois de ter o embrião implantado, Matthew e Elliot compraram um teste de gravidez para verificar se a fertilização havia sido bem-sucedida.

“Os médicos nos pediram para não fazer isso, mas os meninos estavam ansiosos”, lembra Cecile às gargalhadas.

Ela conta que ficou arrasada ao ver os resultados negativos. Mas, horas depois, quando seu marido chegou em casa para consolá-la, viu o que ela não tinha visto: uma segunda linha rosa no teste, confirmando a gravidez.

“Foi um momento de grande alegria”, relembra Cecile, que foi alvo de brincadeiras por causa de sua visão.

Cecile conta que a reação à sua gravidez foi em grande parte positiva, acompanhada por leve “choque” por parte de seus dois outros filhos, os irmãos de Matthew. “Mas todos me apoiaram.”

Obstáculos à gestação

Mas a gestação não foi um processo fácil. Embora o casamento gay tenha sido legalizado desde a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em 2015, Nebraska não possui leis estaduais que punam a discriminação com base na orientação sexual. Até 2017, o Estado proibia a adoção de crianças por casais homossexuais.

Cecile diz que também lutou, sem sucesso, para que seu plano de saúde pagasse suas despesas médicas – que teriam sido cobertas se ela estivesse parindo seu próprio filho. E devido a uma lei que designa a pessoa que dá à luz como mãe, a certidão de nascimento de Uma inclui Cecile como mãe, ao lado de seu filho, excluindo Elliot.

“Esse é um dos pequenos exemplos que criam obstáculos para nós”, diz.



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